| Inverno da Alma | Fria realidade de uma família disfuncional
Vencedor do prêmio máximo no Festival de Sundance e indicado a 4 Oscars (incluindo Melhor Filme), Inverno da Alma é um filme difícil. Frio e realista, mostra a triste história de uma família disfuncional, que vive na miséria e é sustentada pela filha mais velha de 17 anos, Ree vivida pela estreante Jennifer Lawrence com vivacidade impressionante.
Ree sustenta sozinha seu irmão e irmã mais novos e sua mãe doente, vivendo em uma pequena fazenda no Sul dos Estados Unidos. A situação vai de mal a pior quando seu pai – ligado a atividades criminosas – desaparece às vésperas de uma audiência legal, colocando em risco a casa de sua família. Ree então, parte para encontrá-lo.
Nas mãos de outro diretor, o longa poderia ter virado um épico de ação descerebrada, mas felizmente a cineasta Debra Granik assumiu projeto, compondo-o como um drama pesado e silencioso, sendo reforçado pela fotografia fria, os enquadramentos espertos da diretora e a trilha sonora quase que ausente. Mesmo que o primeiro ato mova-se com uma certa lentidão, a novata Jennifer Lawrence vale cada segundo.
Além de possuir uma beleza incontestável, a atriz encarna Ree como uma personagem forte; uma garota que foi obrigada a crescer mais rápido do que deveria, a fim de cuidar de sua família e desistir de seus sonhos; como seu desejo de se alistar no exército. É magnífico como a persona durona da personagem não é afetada quando ela é ameaçada de morte, mas sim quando conversa com sua mãe ou quando encontra seu pai, provando que a família é sua única fraqueza.
Escrito de forma competente, o longa também traz uma eficaz mensagem ambiental e uma conclusão memorável que compensa pelos erros da trama e emociona por seu plano final, que mostra a miséria que muitos enfrentam diaramente.
2 de fevereiro de 2011 às 1:57
Verdade seja dita, seu texto funciona muito mais que o próprio filme. Concordo que é interessante, mas no geral torna-se frágil e até mediano – bem verdade, caminhamos com a personagem de Lawrence que, de fato, tem uma atuação magistral. Mas, acho que o roteiro e até a direção não consegue trazer os personagens tão próximos de nós. Não é por conta da tal “alma” fria, é limitação mesmo da construção do estudo dos personagens ali…o filme, por vezes, parece não sair do mesmo lugar e somente o talento perfeito de Lawrence consegue provocar alguma atração com o que vemos.
Acho que a direção de Granik é muito, muito, correta…poderia ter ousado mais, acentuado mais, sei lá…não vejo esse grande filme como muitos acham, nem mesmo acho o desfecho ‘chocante’ como você dizem. Na verdade, o final poderia ser mais delineado…e discordo da indicação ao Oscar de Hawkes e filme. Quem deveria ter sido indicado, no lugar dele, é Andrew Garfield por “A Rede Social”. E “Blue Valentine” é um filme mais denso e instigante que este, ao meu ver. Este sim poderia ter recebido a indicação de Filme…
Bom, fico feliz em ver como Lawrence tem tido o reconhecimento, afinal é uma bela atriz. Gosto dela no “Vidas que se cruzam”, conhece?
Abração!
Ótimo blog, linkei ao meu e sigo aqui!
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2 de fevereiro de 2011 às 16:35
Obrigado Cristiano, não conheço o “Vidas que se Cruzam” e também acho q Garfield merecia a indicação no lugar de Hawkes.
Abrax
24 de fevereiro de 2011 às 22:36
[…] Memorável por seu realista retrato das dificuldades enfrentadas por uma família disfuncional no sul dos EUA, Inverno da Alma é um filme dramático e pesado, sendo um pouco monótono em alguns momentos, mas contando com performances admiráveis de seu elenco desconhecido. Crítica […]