| Muito Barulho por Nada | Shakespeare Indie
Alexis Denisof e Amy Acker: eles sim merecem muito barulho
Na minha crítica de Anna Karenina em março deste ano, elogiei a ousadia de Joe Wright em fornecer uma abordagem radical ao clássico de Tolstói. O que o diretor fez no drama teatral com Keira Knightley não é novidade, mas também não é o tipo de adaptação que invade as salas de cinema anualmente. Em uma linha similar à do Romeu + Julieta de Baz Luhrmann, Joss Whedon traz Muito Barulho por Nada (também de William Shakespeare) para os dias atuais, mas mantendo a linguagem original da peça. O resultado? Mediano como as obras citadas anteriormente.
A trama também é adaptada por Whedon e transfere toda a ação da Sicilia do século XVII para uma espaçosa casa dos EUA contemporâneo. Nesse cenário, duas histórias se entrelaçam: a do amor do jovem Claudio (Fran Kanz) por Hero (Jillian Morgese), filha do ricaço Leonato (Clark Gregg), e a complicada relação entre os outrora amantes Benedick (Alexis Denisof) e Beatrice (Amy Acker), ambos orgulhosos demais para declarar o amor que sentem um pelo outro.
Parece simples, mas Muito Barulho por Nada é muito mais complexo do que aparenta. E é ainda mais graças à decisão de Whedon de manter o texto original, que rende resultados agridoces: por um lado é muito interessante observar figuras do século XXI (com direito à festas com ipod) se comunicando através de palavras arcaicas e quase declamando-as como uma peça de teatro, mas também pode causar um certo estranhamento àqueles não familiarizados com a obra original de Shakespeare (eu, inclusive). Ainda assim, é uma obra minimalista em execução: o diretor Joss Whedon rodou o filme todo em sua casa em um período de duas semanas (enquanto iniciava a pós-produção do megablockbuster Os Vingadores), uma decisão que – mesmo trazendo um tom quase que amador à produção – empalidece.
Se saem bem os atores, ao menos. Aposto que a peça de Shakespeare deve vir como algum tipo de exercício em escolas de atuação, então a maioria do elenco entrega performances inspiradas e vívidas, como se estivessem de fato encenando a obra em um palco. A começar pelo excelente Alexis Denisof, que constrói seu retrato de Benedick em uma acertadíssima variação de egocentrismo e carência, rendendo resultados divertidíssimos (“Vou procurar uma foto dela para admirar”) e uma química interessante com a Beatrice de Amy Acker – cuja performance segue com eficiência o mesmo padrão de dissonâncias optado por Denisof – e ver os dois entrando em conflito quando descobrem certas mentiras no ato final é espetacular.
Entrando na lista de adaptações “radicais” de obras clássicas, Muito Barulho por Nada agrada por seu ótimo elenco, mas deve cansar aqueles não acostumados com a obra de Shakespeare. Mas de qualquer forma, vale a experiência de encarar uma abordagem diferente.
This entry was posted on 2 de setembro de 2013 at 20:09 and is filed under Cinema, Comédia, Críticas de 2013, Romance with tags alexis denisof, amy acker, anna karenina, baz luhrmann, cinema, duração, elenco, filme, joss whedon, muito barulho por nada, os vingadores, romeu + julieta, roteiro, william shakespeare. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
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