| O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro | No caminho para o genuíno espetáculo

3.0

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O Cabeça-de-Teia encara o azulado Electro de Jamie Foxx

Depois de uma trilogia bem sucedida e um reboot irregular, chegamos a este O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, nova investida da Sony em seu personagem mais lucrativo. E devo dizer que, sendo continuação de uma reimaginação pouco inspirada, comandada por um cineasta incapaz de lidar com espetáculos e povoadas por três grandes vilões, o resultado poderia ser muito pior. Mas merecia muito mais.

A trama se passa algum tempo depois do primeiro filme, onde encontramos Peter Parker (Andrew Garfield) confiante e se divertindo com seu alter-ego de Homem-Aranha, ainda que constantemente assombrado pela promessa que fizera ao Capitão Stacy (Denis Leary, em rápidas aparições) de ficar longe de sua filha, Gwen (Emma Stone, que mulher). Ao mesmo tempo em que vai descobrindo mais pistas sobre seu passado, o herói é surpreendido pela chegada do antigo amigo, Harry Osborn (Dane DeHaan, excelente) e do vilão Electro (o sempre carismático Jamie Foxx).

Pelo breve sumário acima, já deu pra notar quantas linhas narrativas os roteiristas Roberto Orci, Alex Kurtzman (responsáveis pelo reboot de Star Trek, mas também por Transformers) e Jeff Pinkner optaram por construir sua trama. Como a mania dos grandes estúdios agora é construir grandes universos expandidos no cinema (graças ao sucesso esmagador do Universo Cinematográfico da Marvel Studios), não espere que todas essas linhas saiam resolvidas; pelo contrário, este novo filme já prepara terreno para um inevitável terceiro filme e até futuros personagens do universo do Cabeça-de-Teia, nem que isso signifique puxar o fio da tomada em plena ação a fim de guardar seu desfecho para futuros longas.

O que prejudica elementos importantes no desenrolar da história. A relação entre Peter e Harry, por exemplo,  é contada às pressas apenas para que o amigo do protagonista transforme-se em uma versão bizarra do Duende Verde, perdendo o impacto de um conflito entre dois amigos – algo muito melhor retratado, sem querer entrar muito no âmbito comparativo, na trilogia de Sam Raimi. E ainda que os três distintos vilões sejam bem distribuídos ao longo da narrativa, o roteiro do trio fracassa em garantir-lhes verossimilhança: Electro é um bobalhão ultra caricato que só deseja atenção, o Duende quer salvar sua vida (e para isso quer matar o Homem-Aranha, certo) e o Rino de Paul Giamatti é um mero capanga com uma das mais horrorosas armaduras já vistas em uma adaptação de quadrinhos (não que o original fosse muito melhor). Isso sem falar na subtrama dos pais de Parker e a Oscorp, que é enfiada no meio da projeção e fica lá por um bom tempo; fator que interrompe o ritmo excelente que a produção vinha tomando.

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Mais ação para Gwen Stacy

Já o diretor Marc Webb, que não fazia ideia de como comandar uma sequência de ação no primeiro filme (apesar de continuar sendo um amador no uso de efeitos visuais e revelar-se tarado por câmera lenta), se sai consideravelmente melhor ao aumentar os riscos, os cenários e todo o feeling em tais momentos: a grandiosidade da cidade de Nova York é bem mais perceptível aqui. Ajuda também ter a presença épica de Hans Zimmer – junto com um grupo de artistas composto por Pharell Williams e Johnny Marr – na trilha sonora (aliás, que decisão genial conferir dubstep como o tema de um personagem cujo poder é a eletricidade) e um Homem-Aranha insanamente bem humorado.

O maior mérito da produção sem dúvida é o acertadíssimo humor do personagem, que surge sempre carismático e com piadinhas inspiradas na hora de frustrar criminosos armados em uma perseguição impressionante e ao sair pelas ruas assoviando seu próprio tema, favorecendo a ótima performance de Andrew Garfield. E, preservando aquele que foi o grande acerto do longa anterior, Webb dirige bem as cenas em que Garfield contracena com a maravilhosa Emma Stone, capturando novamente a radiante química do casal – e também levando-o para caminhos mais dramáticos.

No fim, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro é uma experiência melhor e mais divertida do que seu antecessor, mas que ainda sofre de problemas similares em sua estrutura e direção; sendo mais um conjunto de ótimos momentos em meio a uma narrativa bagunçada.

Mas ainda tenho esperanças. O terceiro filme, livre de algumas complicações resolvidas aqui, promete ser VERDADEIRAMENTE espetacular.

Obs: O subtítulo “Ameaça de Electro” é completamente descartável, já que o vilão de Jamie Foxx não é o único (e nem o mais importante) na trama.

Obs II: Ouvi dizer que uma prévia de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido seria exibida após os créditos, mas nada apareceu na minha sessão (no IMAX do Bourbon). No entanto, fui informado de que em outras sessões (especialmente Cinermak), a cena aparece.

4 Respostas to “| O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro | No caminho para o genuíno espetáculo”

  1. […] informar que a Sony Pictures enfim tomou uma decisão com os rumos da franquia do Homem-Aranha. Com O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro ficando bem abaixo das expectativas dos produtores (teve a pior arrecadação e recepção […]

  2. […] Bem, vocês que leem o blog sabem que achei o novo filme uma bela bagunça. Não acho que Marc Webb seja o diretor ideal para tocar a franquia, o ritmo e tom se misturam entre o cartunesco, com o Electro bobalhão de Jamie Foxx, e o drama, envolvendo a chatice da subtrama dos pais de Peter Parker ou a própria decisão de tornar o Aranha mais descolado, menos nerd. Mas mesmo assim, em meio ao caos é possível encontrar boas coisas: humor acertado, o elenco é carismático, a ação melhora em relação ao anterior e a tão esperada cena com Gwen Stacy cumpre as expectativas. No fim, é um bom filme, mas o personagem pode – e merece – um tratamento melhor. Crítica Completa. […]

  3. […] “It’s On Again” – Alicia Keys | O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro […]

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