Os irmãos Joel e Ethan Coen (quem não os conhece, faz favor) costumam dizer que “já existem muitos filmes sobre o sucesso”, como a justificativa para apostarem em tantas histórias com personagens e desfechos… Pouco convencionais, sem a esperança de um final feliz. Mas os Coen não são derrotistas ferozes, nunca deixando de lado seu humor negro característico (presente até mesmo no sombrio Onde os Fracos Não Têm Vez, e a saga folk Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum revela-se mais uma eficiente adição à carreira peculiar dos dois mestres.
A trama é centrada no músico fictício Llewyn Davis (Oscar Isaac), que encontra-se em sua pior fase após o suicídio de seu parceiro. Vagando pelas ruas da Greenwhich Village dos anos 60 (ponto de partida de figuras como Bob Dylan e Dave Von Ronk, que serviu de inspiração para a criação do protagonista), acompanhamos Davis dormindo na casa de amigos e aceitando qualquer tipo de bico pela cidade a fim de receber alguns trocados e alcançar o almejado sucesso profissional.
Basicamente é isso, como o título sugere: um olhar por dentro de Llewyn Davis, sem uma trama definida especificamente. A decisão estrutural possibilita que os Coen teçam diversas situações isoladas e que surgem diferentes a seu modo, seja no completo nonsense (no melhor sentido da palavra) ao apostar no road movie com os estranhos personagens de John Goodman e Garrett Hedlund ou na subtrama que envolve o carismático gato (sem exageros, que animalzinho talentoso) encontrado pelo protagonista – que possibilita um sutil paralelo não só com o próprio Davis, mas também – vejam só – com A Odisseia de Homero e Bonequinha de Luxo. Outro elemento fundamental é a ciclicidade da narrativa, que oferece início e fim praticamente idênticos, deixando claro que a situação de Davis não só é preocupante; mas permanente.
O personagem sofre, até mesmo as paredes do corredor parecem dispostas a achatá-lo (excepcional decisão do designer de produção Jess Gonchor) e a fotografia sobrenatural de Bruno Delbonnel nos situa em mundo frio, dominado por tons cinzas e paletas de cor frias – além de seu toque característico que é favorecido pelo uso da escuridão de bares ou uma onírica rodovia. Ainda assim, é impossível não se divertir com Inside Llewyn Davis. Não só pelas figuras excêntricas descritas acima, mas também pelas canções produzidas originalmente por T-Bone Burrett para o longa. Vale apontar as performances de “Hang Me, Oh Hang Me”, “The Death of Queen Jane” e o uso genial de “Fare Thee Well” para a sequência que apresenta o cotidiano de Llewyn. Seria uma heresia deixar de citar a divertidíssima “Please Mr. Kennedy”, canção com uma letra hilária que traz as vozes de Oscar Isaac, Justin Timberlake e Adam Driver (da série Girls).
Servindo como um curioso estudo de personagem que leva seu objeto do nada ao nada, Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum é uma experiência única, proporcionada por duas das maiores mentes do cinema contemporâneo. Seja em sua maestria técnica, narrativa ou em sua vibrante trilha sonora folk, o filme é tragicômico no melhor sentido da palavra. E sua ausência em grandes categorias do Oscar é crueldade.
Obs: reparem na “participação especial” que se destaca nos últimos momentos do filme…
Obs II: Quando a tradução é ruim eu detono, mas preciso reconhecer quando as distribuidoras fazem um bom trabalho. O subtítulo do filme é acertadíssimo, parabéns.
Setembro é o mês em que eu paro e analiso as obras que têm mais chance de abocanhar indicações ao Oscar. Para a edição de 2014, certamente teremos muita coisa boa entre os indicados, se as críticas estrangeiras nos inúmeros festivais de cinema estiverem certas. Vejamos, em ordem alfabéica:
12 Years a Slave
A Academia finalmente se deu conta da existência de Steve McQueen (o diretor)? Em seu drama que conta uma história real ambientada no período de escravidão dos EUA, McQueen reune-se com Michael Fassbender (parceria que deu certo em Hunger e Shame) e traz um elenco estelar neste que vem sido taxado como “o mais emocionante do ano”, após sua exibição nos Festivais de Telluride e Toronto. Depois de Lincoln e Django Livre fazerem barulho, 12 years a Slave promete destaque.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (Chiwetel Ejiofor), Ator Coadjuvante (Michael Fassbender, Paul Dano), Roteiro Adaptado, Fotografia, Figurino, Montagem, Direção de Arte e Trilha Sonora.
Antes da Meia-Noite
A cultuada trilogia romântica de Richard Linklater chega ao fim, e seria um crime que um dos melhores filmes de 2013 passasse batido. Mantendo a mesma qualidade dos antecessores, Antes da Meia-Noite traz uma exploração inédita do casal formado por Ethan Hawke e Julie Delpy e alguns dos melhores diálogos já vistos no gênero; sem falar que sua aprovação foi quase unânime nos EUA. Já aviso: Roteiro Adaptado não pode ir pra mais ninguém.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (Ethan Hawke), Atriz (Julie Delpy), Roteiro Adaptado e Montagem
Blue Jasmine
Depois do mediano Para Roma, com Amor, Woody Allen surge em boa forma com Blue Jasmine. O longa recebeu ótimas críticas nos EUA e a performance de Cate Blanchett, em especial, foi aplaudida. Acho possível que o nova-iorquino retorne à premiação, mas provavelmente com uma presença inferior à de Meia-Noite em Paris. Mas olha a cara de quem liga pra isso do Allen.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Atriz (Cate Blanchett) e Roteiro Original
Capitão Phillips
Paul Greengrass promete um filme tenso e Tom Hanks, uma performance suada. A história real de Capitão Phillips traz o personagem de Hanks tendo seu navio sequestrado por um grupo de piratas da Somália, retratando sua luta pela sobrevivência em alto-mar. Mesmo que não hajam poucas, as críticas elogiam a qualidade das atuações.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Ator (Tom Hanks), Ator Coadjuvante (Barkhad Abdi), Montagem, Fotografia, Edição de Som e Mixagem de Som
Dallas Buyer’s Club
Mais uma poderosa investida de Matthew McCoughney (incrivelmente magro) vem aí. Na história real ambientada em 1986, o ator interpreta um sujeito diagnosticado com HIV Positivo que luta contra os preconceitos de instituições farmacêuticas e busca tratamentos alternativos. A Academia adora esse tipo de drama, e o longa recebeu críticas favoráveis em Toronto.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Ator (Matthew McCoughney), Ator Coadjuvante (Jared Ledo) e Roteiro Original.
Gravidade
Explodindo cabeças e maravilhando olhares desde sua estreia no Festival de Veneza, o ambicioso (e minimalista) filme de Alfonso Cuarón tem destaque em muitas listas cinéfilas de “mais esperados do ano”. A ficção científica que traz apenas George Clooney e Sandra Bullock no elenco foi extremamente bem recebida e certamente deve faturar diversas estatuetas nas categorias técnicas (fotografia de Emmanuel Lubezki em 3D, uau). Até o James Cameron veio falar que é “o melhor filme de espaço já feito”. Responsa, não?
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (George Clooney), Atriz (Sandra Bullock), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Efeitos Visuais, Edição de Som e Mixagem de Som
Inside Llewyin Davis
Irmãos Coen. Além desse argumento esmagador, o filme foi elogiadíssimo no Festival de Cannes e promete fazer muito barulho.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (Jason Isaacs), Atriz (Carey Mulligan), Roteiro Original, Fotografia, Figurino, Maquiagem, Trilha Sonora e Canção Original.
Labor Day
Jason Reitman passou batido das premiações com seu Jovens Adultos, mas parece que o talentoso diretor vai roubar destaque com seu Labor Day. O filme envolve uma mãe solteira depressiva que acolhe um fugitivo da lei, aprendendo sobre sua verdadeira história enquanto este a revela. Reitman manda bem, e o elenco parece excelente.
Este daqui grita Oscar desde o anúncio de sua produção. Vejamos, temos George Clooney na direção de um épico traz Matt Damon, Bill Murray, Jean Dujardin, John Goodman e Cate Blanchett protegendo obras de arte de nazistas em plena Segunda Guerra Mundial. Promete seguir a mesma linha “drama-humor” de Argo, e não podemos esperar pra ver o resultado.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (George Clooney), Ator Coadjuvante (Bill Murray, Jean Dujardin), Atriz Coadjuvante (Cate Blanchett), Roteiro Adaptado, Fotografia, Direção de Arte, Figurino, Trilha Sonora, Edição de Som, Mixagem de Som.
Rush – No Limite da Emoção
Ron Howard erra bastante, mas o cara sabe como fazer uma boa cinebiografia. Sua abordagem à rivalidade entre dois pilotos de corrida é uma virada inesperada em sua carreira, e o resultado parece ter agradado os críticos no Festival de Toronto.
Possíveis Indicações: Melhor Filme, Diretor, Ator (Daniel Bruhl), Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som
Walt e Mary – Os Bastidores de Mary Poppins
A tradução grotesca para Saving Mr. Banks permanece uma incógnita: ninguém assistiu ainda. No entanto, acredito que o filme de John Lee Hancock (de Um Sonho Possível) surpreenda com suas atuações protagonistas: Tom Hanks como Walt Disney e Emma Thompson como Pamela Lyndon Travers (a autora de Mary Poppins). Não acho que deva ir além disso.
Possíveis Indicações: Melhor Ator (Tom Hanks), Atriz (Emma Thompson), Figurino, Maquiagem e Direção de Arte.
The Wolf of Wall Street
VOCÊS VIRAM AQUELE TRAILER? SCORSESE SURTADO + DICAPRIO SURTADÃO + SUJEIRAS DE WALL STREET. Agora, sério, The Wolf of Wall Street promete ser um filmaço. Aposto que Scorsese vai trazer à Wall Street a mesma abordagem que forneceu à máfia em Os Bons Companheiros. E será que agora o DiCaprio será lembrado?
Além da Escuridão – Star Trek – Efeitos Visuais, Maquiagem, Edição de Som e Mixagem de Som
Frances Ha – Melhor Atriz (Greta Gerwig) e Roteiro Original
O Grande Gatsby – Figurino, Direção de Arte e Efeitos Visuais
O Homem de Aço – Efeitos Visuais
Homem de Ferro 3 – Efeitos Visuais
Claro que ainda teremos muitas surpresas pelo caminho, mas pode apostar que muitos filmes aqui estarão na lista de indicados em Janeiro do ano que vem. Vamos aguardar.
Qual é o parasita mais resistente? Uma ideia. Uma ideia completamente original é muito difícil de ser encontrada atualmente, mas de vez em quando, algumas muito boas aparecem em determinados roteiros. Os indicados são:
Mais um filme que provavelmente vai passar longe dos cinemas brasileiros… Mike Leigh é um profissional talentoso e acho a premissa de Another Year, que acompanha um casal de meia-idade e suas relações com amigos e familiares. Resta esperar pelo DVD/Blu-ray…
Quotação Memorável: “Você não pode sair por aí com uma grande anúncio dizendo, não se apaixone por mim, sou casada.” – Mary
Christopher Nolan sempre soube escrever roteiros e ter ótimas ideias, mas ele alcança o topo de sua carreira com A Origem, ao mostrar um grupo de indivíduos que entra na mente de empresários procurando segredos e plantando ideias. A trama se desenvolve com adrenalina e leva a situações complexas e imprevisíveis.
Quotação Memorável: “No estado de sonho as seguranças do subconsciente estão baixas, deixando seus pensamentos vulneráveis ao roubo. Se chama Extração.” – Arthur
O roteiro de David Seidler acerta em colocar a gaguice do protagonista como foco central do filme, e depois os metódos e serviços de realeza. Desenvolve bem as relações entre seus personagens e escreve diálogos memoráveis e elegantes, com direito à citações de Shakespeare.
Quotação Memorável: “Se eu sou Rei, onde está meu poder? Posso declarar guerra? Formar um governo? Criar um imposto? Não! E ainda sim sou o foco das autoridades porque acham que quando eu falo, falo por eles. Mas não sei falar.” – Rei George VI
Pois é, não consegui assistir Minhas Mães e Meu Pai, mas a premissa de mostrar um casal de lésbicas que têm filhos através de inseminação artificial – e depois lidar com a aparição do doador – é muito interessante e, pelo visto, tratada com bom humor.
Quotação Memorável: “Bem, eu preciso das suas observações do mesmo jeito que preciso de um pau na minha bunda!” – Nic
Original? Não, é pura fórmula dos filmes de esporte – especificamente os de boxe – e não adiciona elemento inédito algum, apenas a relação do boxeador com sua família desequilibrada e consegue criar alguns bons diálogos, mas… Não iria doer colocar Cisne Negro no lugar deste.
Quotação Memorável:“Eu tive que ler o filme inteiro. Maldita legenda” – Charlene Fleming
Ficou de fora:Cisne Negro | Mark Heyman, Andres Heinz e John J. McLaughlin
De fato, Cisne Negro não possui diálogos tão memoráveis, mas merecia a indicação por seu simbolismo e complexidade narrativa ao apresentar a bailarina dividia Nina Sayers. Tomando o balé como plano de fundo, o jogo psicológico é tão intrincado que é difícil distinguir o real do imaginário.
Quotação Memorável: “A única pessoa no seu caminho é você mesma” – Thomas Leroy
APOSTA:O Discurso do Rei
QUEM PODE VIRAR O JOGO:A Origem
Quando uma ideia completamente original está em falta, resta recorrer à livros, peças ou fazer continuações; podendo simplesmente adaptá-la à tela grande, ou criar algo novo a partir de seu argumento. Os indicados são:
Adaptado de: Livro Between a rock and a Hard Place, de Aron Ralston
Mais uma vez trabalhando com Simon Beaufoy, Boyle e seu parceiro traçam uma narrativa empolgante a partir de uma situação difícil que se passa em um único cenário. Criam bons diálogos em que Aron conversa consigo mesmo e inserem flashbacks/delírios com eficácia.
Quotação Memorável: Essa pedra tem me esperado a minha vida inteira. À sua vida inteira, desde que era uma parte de um meteorito, bilhões de anos atrás. No espaço. Estava me esperando chegar aqui. Bem aqui, nesse lugar. Eu me dirigi a ela minha vida inteira. Desde o minuto que nasci, cada respiro, cada ação tem me levado a esse buraco na superfície. – Aron Ralston
Adaptado de: Livro Bilionários por Acaso, de Ben Mezrich
Que texto. O talentoso Aaron Sorkin traça e conduz uma história sobre a fundação de um site de maneira espetacular, criando diálogos brilhantes, longos, analogias geniais e repleto de referências pop. Grande trunfo também, é a narrativa não linear, que vai e volta no tempo (que a montagem traduz à tela impecavelmente) e acrescenta um tom investigativo à história de Mark Zuckerberg e seu Facebook. O melhor roteiro dos últimos anos.
Quotação Memorável: “Escute, você provavelmente vai ser uma pessoa de computadores de muito sucesso. Mas vai passar a vida inteira achando que as garotas não gostam de você porque você é um nerd. Mas eu quero que você saiba, do fundo do meu coração que isso não vai ser verdade. Vai ser porque você é um babaca.” – Erica Albright
Adaptado de: Livro Bravura Indômita, de Charles Portis
Beirando o excêntrico, o texto dos irmãos Coen apresenta ótimos personagens com motivações cativantes e diálogos excepcionais, que utilizam-se de muito humor negro, piadas e até referências à figuras da época. A bizarrice também marca presença: as longas pausas, os coadjuvantes non-sense e as habituais surpresas…
Quotação Memorável:“O solo está congelado. Se queriam um bom enterro deveriam ter morrido no verão” – Rooster Cogburn
Adaptado de: Livro Winter’s Bone, de Daniel Woodrell
O texto de Inverno da Alma é bem formulado e tem clima de misterio, mesmo mantendo-se preso do início ao fim à realidade enfrentada pela protagonista. A composição de cada personagem é genial (também gostei dos nomes, como Teardrop) e o destino de cada um é coerente.
Quotação Memorável:“Eu estaria perdida sem o peso de vocês nas minhas costas. Não vou a lugar nenhum” – Ree Dolly
Aceitando o desafio de criar uma história à altura dos primeiros filmes, Michael Arndt escreveu uma trama bem humorada, com emoções fortes e personagens impagáveis (Ken e Lotso entram para a história), conseguindo retratar com eficiência a transição de criança para adolescente, alcançando resultados magníficos.
Quotação Memorável:“Até mais, parceiro.” – Woody
Ficou de fora:O Escritor Fantasma | Robert Harris & Roman Polansky
Provavelmente foi a polêmica prisão do diretor Roman Polansky que evitou que o ótimo Escritor Fantasma recebesse merecidas indicações. A maior delas, seria mesmo o roteiro que provine diálogos formidáveis e elegantes. A trama desenvolve-se bem e apresenta diversas reviravoltas chocantes.
Quotação Memorável:“Um fantasma em um lançamento de seu livro é como uma amante em um casamento” – O Fantasma
APOSTA:A Rede Social
QUEM PODE VIRAR O JOGO: Ninguém. Mesmo.
Já vimos dezenas de categorias nas quatro partes deste especial. Mas apenas uma pessoa pode ter o controle absoluto sobre ela, mudar o que quiser e comandar para atingir o resultado desejado: o diretor. Os indicados são:
Esnobado por obras-primas como Seven e Clube da Luta, Fincher finalmente recebeu sua indicação em 2009, com Benjamin Button e sua segunda pelo filme mais “comum” de sua carreira. Mesmo mais contido na direção, Fincher dirige o elenco muito bem e compoe sequências extraordinárias; como a cena do hacking (que parece um assalto a banco) e a psicodélica Henley Royal Regatta.
Comentário do diretor sobre seu filme: “Eu o vejo como o Cidadão Kane dos filmes de John Hughes” – Entrevista à New York Magazine
Exibindo suas habituais características incomuns ao longo do filme, a dupla merece créditos por, pela primeira vez, não distorcer o gênero em que trabalha, sem enchê-lo de cinismo ou anormalidade. A trama é conduzida de forma empolgante e divertida, recuperando um espírito cinematográfico que eu não via há muito tempo.
Comentário do diretor Ethan Coen sobre o filme:“Claro, Bravura Indômita é um Western, mas nunca consideramos nosso filme como um Western Clássico, e honestamente nunca pensamos nesse gênero em nenhum momento.” – Entrevista ao The Telegraph
O controverso Darren Aronofsky é outro grande cineasta que já estava merecendo uma indicação. Ao contar a história da bailarina Nina, o diretor usa todos os seus traços habituais; como imagens perturbadoras, cenas envolvendo drogas (ninguém faz isso como ele), ousadia, sensualidade e arranca mais uma performance principal excepcional.
Comentário do diretor sobre seu filme:“É do caralho!” – Entrevista no Festival de Toronto.
Vencedor do Directors Guild Awards, Hooper é o favorito para levar a estatueta. O inglês realiza um trabalho elegante ao mesclar técnicas cinematográficas com elementos de TV. Mas seu grande acerto é criar a atmosfera sufocante em torno do protagonista – graças aos enquadramentos; nas cenas em que ele discursa a tensão criada é enorme.
Comentário do diretor sobre o filme:“Eu queria uma visão diferente da Monarquia. Subverter as noções sobre as cerimônias que rodeiam circunstâncias de reis.” – Entrevista ao Below the Voice
O quase-desconhecido David O. Russell é visualmente criativo na composição de O Vencedor, acertando em diversos enquadramentos e movimentos de câmera. Faz um bom trabalho, mas nem de longe se compara ao de Christopher Nolan em A Origem, que poderia facilmente tomar a vaga…
Comentário do diretor sobre o filme:
Ficou de Fora: Christopher Nolan | A Origem
Realmente não dá pra descrever a ignorância da Academia em esnobar um dos maiores cineastas do nosso tempo. Filmou um longa de grande escala, viajou a 5 países e é mestre no que faz, sempre intrigando o espectador e impressionando-o. Um dia, ele terá seu momento.
Comentário do Diretor sobre o filme: “A Origem é sobre o potencial da mente humana e o que ela pode criar, e queremos ver isso em grande escala.” – Comentário no Blu-ray do filme
APOSTA: David Fincher | A Rede Social
QUEM PODE VIRAR O JOGO: Tom Hooper | O Discurso do Rei
Os indicados desse ano são melhores do que os do ano passado, com certeza. Muitos com nota máxima, realmente merecendo, mas apenas um levará o ouro. Os indicados são:
127 Horas
Danny Boyle entrega um de seus melhores trabalhos (até mesmo superior ao Quem quer ser um Milionário?) ao contar a notável história real de Aron Ralston. Equilibrando perfeitamente o tom de humor e drama, é uma experiência dinâmica e (re)apresenta ao mundo o talento de James Franco. Crítica
A Origem
Todo ano, tem aquele filme que é subestimado pela Academia… Aquele que deveria ser o verdadeiro campeão do Oscar. Dessa vez é A Origem filmaço que resgata elementos do bom cinema, como filmar em locações exóticas, apresentar ideias originais e intrigantes e proporcionar emoções únicas. Inteligente, ousado e repleto de ação de cair o queixo. Crítica
A Rede Social
Batendo defrente com O Discurso do Rei como favorito ao grande prêmio, a saga de processos legais e aulas de informática sobre a criação do Facebook é um filme memorável. Com um roteiro esplêndido e excelentes atores, a trama é agitada, emocionante e intrincada. Quem diria que um filme sobre um site chegasse nesse patamar? Crítica
Bravura Indômita
Recuperando um espírito aventureiro a muito não visto, o faroeste dos irmãos Coen é empolgante e divertido, surpreendendo por suas reviravoltas e o perfeito trabalho em conjunto do elenco. Repleto de humor negro e ação, Bravura Indômita é um filme inesquecível e com potencial de clássico. Crítica
Cisne Negro
Provavelmente o mais ousado entre os indicados, Cisne Negro é um filme reflexivo, lotado de simbolismo e sensualidade. Uma visão perturbadora da batalha luz vs. trevas, apresentada em uma narrativa complicada e que nunca é o que parece; sempre pelos olhos de Natalie Portman.Crítica
O Discurso do Rei
Grande favorito (tem PGA, DGA e BAFTA nas mãos), O Discurso do Rei é o melhor filme sobre a realeza já feito. Subverte todos os elementos do gênero e apresenta um olhar diferente à História, por focar-se no problema de gaguice do Rei George VI e tratá-lo com bom humor. Um filme elegante, emocionante e com ótimo elenco. Crítica
Inverno da Alma
Memorável por seu realista retrato das dificuldades enfrentadas por uma família disfuncional no sul dos EUA, Inverno da Alma é um filme dramático e pesado, sendo um pouco monótono em alguns momentos, mas contando com performances admiráveis de seu elenco desconhecido. Crítica
Minhas Mães e Meu Pai
Como tradição, há sempre um indicado que eu não consigo ver… Dessa vez, é a saga familiar lésbica de Minhas Mães e Meu Pai. A premissa é muito interessante, mas é impossível traçar uma análise baseado em premissas, certo? Não me rendo ao download, então verei o filme apenas em seu lançamento em DVD/Blu-ray.
Toy Story 3
Mais uma vez a Pixar marca presença na categoria de Melhor Filme, agora com os brinquedos de Toy Story 3 que se despedem em um filme agradável, repleto de humor, personagens e situações memoráveis e um conclusão de encher os olhos. Crítica
O Vencedor
A mais recente entrada no gênero de boxe não apresenta grandes novidades ou consegue fugir de alguns clichês típicos da premissa. Ganha méritos por retratar de maneira inédita a relação familiar entre o lutador e também pelo elenco estelar, liderado pelo inspirado Christian Bale. Crítica
Ficou de fora:Ilha do Medo
Apresentando níveis de realidade quase tão complexos quanto os de A Origem (eu disse quase), o suspense de Martin Scorsese é uma obra perturbadora e surpreendente, repleta de boas atuações e valores de produção altíssimos e sofisticados. Tão tenso quanto O Iluminado, de Kubrick. Crítica
APOSTA:O Discurso do Rei
QUEM PODE VIRAR O JOGO:A Rede Social
Bem, o especial Oscar 2011 acaba aqui. Apostas feitas, aguardemos a premiação, que vai acontecer no domingo (27) e será transmitida na TNT e Globo, mas você também pode acompanhar uma transmissão aqui pelo blog. Até lá, mas antes, deem sua opinião sobre o grande vencedor da noite: