| Anjos da Lei | O hilário choque de gerações do ensino médio


Channing Tatum e Jonah Hill são os Anjos da Lei

Há anos não ria tanto num cinema como aconteceu hoje, durante a sessão de Anjos da Lei. Aliás, foram poucas as comédias conseguiram arrancar-me gargalhadas genuínas (talvez meu último ataque de risos tenha se dado com Rebobine, Por Favor, em 2008) como esta reinvenção da série de TV dos anos 80. Mais do que servir seu propósito de divertir, o filme apresenta um ótimo paralelo entre a geração daquela época e a atual.

Resgatando apenas o conceito inicial do seriado criado por Patrick Hasburgh e Stephen J. Cannell, a trama acompanha os policiais Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) que são selecionados para um programa que infiltra agentes dentro da escola a fim de resolver crimes praticados por adolescentes. Em sua primeira missão, os dois precisam prender um traficante responsável por uma nova droga sintética.

Um dos tipos mais difíceis de adaptação é a que se baseia em material escrito para a televisão. Raramente encontramos boas produções dessa categoria (Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, foi uma boa, só para citar um exemplo recente), e estas geralmente acertam por alterar drasticamente seu conteúdo e terminam por gerar uma obra cuja trama sirva para o formato do cinema. Os diretores Phil Lord e Chris Miller entendem essa proposta do roteiro de Michael Bacall, e proporcionam um filme hilário e politicamente incorreto ao extremo.

E não são apenas os palavrões, os gestos sexuais grosseiros submetidos a um criminoso recém-capturado ou uma impagável sequência que mostra os protagonistas sob o efeito de drogas que causam o efeito de humor, mas também sua sutil crítica social. O grande acerto do texto de Bacall é o choque de gerações enfrentado por Schmidt e Jenko, que – habituados aos estereótipos dos colegiais oitentistas (o atleta popular, o nerd fracassado, entre outros) – agora lidam com uma estrutura social completamente distinta (“Que se foda Glee). Acho brilhante que, mesmo de forma satírica e até um pouco exacerbada, o filme trace esse paralelo com o intuito de retratar a mudança dos tempos.

Mas pouca diferença faria um bom roteiro com interessantes alegorias se não houvesse um elenco carismático para entregar e viver as piadas. Felizmente, o histérico Jonah Hill e o galã Channing Tatum dão conta do recado e apresentam um ótimo bromance que convence e sustenta grande parte da projeção – com exceção de certo momento em que os dois têm uma briga que coloca a investigação em risco, que é também o ponto fraco do longa. O resto do elenco faz um trabalho eficiente, com destaque para a excelente participação especial de Johnny Depp e Peter DeLuise (astros do Anjos da Lei original).

Atacando também os clichês de filmes policiais (há uma recorrente piada com explosões), Anjos da Lei é um dos filmes mais engraçados que vi nos últimos anos. Provoca risos com seu humor cruel e ainda consegue traçar uma divertida parábola entre as classes oitentistas e as atuais. Raridade encontrar comédia com conteúdo, que venha a continuação.

Uma resposta to “| Anjos da Lei | O hilário choque de gerações do ensino médio”

  1. […] Phil Lord e Chris Miller era justamente sobre isso – no caso, a brilhante comédia policial Anjos da Lei. Responsável também pelo roteiro, a dupla nitidamente se diverte ao bolar as piadas e […]

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