| Carol | Crítica

Posted in Cinema, Críticas de 2016, Drama, Romance on 31 de maio de 2020 by Lucas Nascimento
Rooney Mara em mais um romance glacial

Algumas histórias simplesmente não poderiam ser contadas no século passado. Ainda é considerado um tabu, mas histórias de amor homossexual vão ganhando cada vez mais espaço no cinema contemporâneo, incluindo o americano. Lentamente as histórias do passado vão tornando-se populares, e o romance Carol é o novo longa do gênero, que o diretor Todd Haynes oferece em uma embalagem digna.

Adaptada do livro semi-autobiográfico The Price of Salt de Patricia Highsmith trama é ambientada no período do Natal de 1952, onde encontramos a jovem Therese Belivet (Rooney Mara), uma aspirante a fotógrafa que trabalha como atendente em uma loja de departamentos. No furor caótico do período de compras, conhece Carol Aird (Cate Blanchett), uma mãe rica e casada com o influente Harge (Kyle Chandler). Um romance escondido entre as duas rapidamente se inicia, ao mesmo tempo em que o marido as persegue.

Não é uma premissa que grita originalidade, mas realmente não há como se ir tão longe na criação de uma história de amor, apenas na forma como é contada. O roteiro de Phyllis Nagy não toma muitas ousadias no desenrolar de sua narrativa, optando por uma condução majoritariamente linear e um foco constante nas relações entre os personagens. Therese tem todo um subtexto de indecisão profissional e emocional, já que encontra-se pressionada com o pedido de casamento súbito de seu namorado e um desejo de realizar arte. Já Carol enfrenta um doloroso processo de divórcio e uma disputa pela guarda de sua filha pequena, Rindy (vivida pelas gêmeas Sadie e  Kk Heim).

São subtramas sólidas e que oferecem uma aproximação forte entre as protagonistas, o que nos leva ao óbvio trunfo da produção: Cate Blanchett e Rooney Mara. Todas as cenas de diálogo entre as duas são fascinantes, principalmente pela química entre as duas até a condução absolutamente sensorial de Todd Haynes. Blanchett assume uma postura muito mais segura e madura durante as cenas com Mara, evidenciando ali sua idade mais avançada, mas é comovente vê-la se quebrando com a ameaça de perder a custódia de sua filha – imediatamente vilanizando o personagem de Kyle Chandler, mas ao analisar de perto encontramos uma insegurança significativa.

Mas é mesmo Rooney Mara quem tem o trabalho mais difícil, justamente pelo fato de ser a personagem mais complexa. Sua grande confusão com o mundo é bem clara com o olhar quase perdido da personagem em cenas de multidão ou com seu complicado namorado; vide a cena em que tenta perguntar a ele se acredita no amor entre duas pessoas do mesmo sexo, imediatamente negando quando este pergunta se o caso se aplicaria a ela. Porém, tudo desaparece ao contracenar com Blanchett. Therese torna-se ali uma mulher madura e que vai descobrindo o que é a vida e o amor, fazendo com que Mara cresça também.

O que nos leva ao sensível estilo de Haynes, um diretor muito inteligente. Na primeira conversa informal entre as duas, em um almoço, seu posicionamento de câmera é certeiro para traduzir visualmente o contraste entre as personagens: numa posição superior econômica (e até emocional, dada sua experiência que é constantemente posta contra à da amante), o plano de Carol é ligeiramente mais alto do que a de Therese, que parece melhor distribuída no contra plano. É revelador vermos uma sutil inversão, no momento em que Carol volta atrás em uma determinada situação, trazendo-a agora em um evidente plano plongée enquanto fala ao telefone com Therese; e esta, enquadrada normalmente do outro lado da linha.

Vale apontar como o olho do diretor é muito interessado em pequenos detalhes. Quando Carol dirige para Therese pela primeira vez, o olhar da jovem foca-se nos dedos da companheira no volante, nos pelos de seu carregado casaco de peles e no vermelho do batom em seus lábios carnudos. A trilha sonora predominantemente focada em piano e flauta fornece o toque perfeito para cenas do tipo, no qual uma química borbulhante entre as duas vai lentamente evoluindo.

O longa também merece aplausos pela genuína recriação do período e a imersão atmosférica que provoca no espectador. A começar pela fotografia de Ed Lachman, que opta por rodar o filme em película 16mm, conferindo assim um grão muito mais evidente, mas que torna-se perfeito quando consideramos não só a época, mas a paixão de Therese pela fotografia; não poderia imaginar este filme tendo o mesmo impacto com cinematografia digital, mesmo preferindo o formato. A tonalidade das cores, sempre pendendo para algo frio e não muito forte também destacam o inverno e o frio da temporada natalina, o que faz sentido quando pensamos na expressão “Christmas Carol”. A imagem de Mara vista através de um vidro de carro embaçado é uma das mais belas.

O design de produção de Judy Becker revela-se econômico, mas bem sucedido na fidelidade ao período e ao serviço narrativo. A loja de departamentos onde Therese trabalha, por exemplo, é um ambiente claustrofóbico que só piora com o grande número de pessoas e também os enquadramentos de Haynes, sempre posicionando a câmera atrás de algum cômodo ou em cantos de tela, como quando vemos Therese arrumando uma prateleira de bonecas ou a visão periférica de uma chegada que acontece pelo banco de trás de um carro.

Carol pode não oferecer algo muito original ou revolucionário em o que poderia ser descrito como mais uma história de amor, mas é feito e executado com maestria e muita elegância, além de conter duas ótimas performances centrais.

| Steve Jobs | Crítica

Posted in Críticas de 2016, Drama with tags , , on 13 de dezembro de 2019 by Lucas Nascimento


O homem que mudou o jogo: Michael Fassbender é o fundador da Apple

Mas de novo? Essa é a reação quase que unânime diante deste Steve Jobs, novo filme sobre a vida do icônico fundador da Apple, falecido em vítima do câncer em 2011. Depois de uma biografia mediana com Ashton Kutcher e diversos documentários obcecados em reformular a imagem de Jobs (que de gênio de informática não tinha muito, um fato absoluto), chega a vez do roteirista Aaron Sorkin dar sua versão em um biopic diferente de qualquer outro longa do gênero.

Desinteressado em contar a história de Jobs (vivido aqui por Michael Fassbender) do início ao fim, Sorkin aposta em uma estrutura que se espelha mais no teatro do que no cinema: são três atos diferentes, cada um centrado nos bastidores do lançamento de algum produto. No caso, o Macintosh em 1984, o NEXT em 1988 e o iMac em 1998.

Essa decisão ousada transforma Steve Jobs em uma experiência verborrágica e diferente, já que uma grande quantidade de informações e exposição sobre fatos passados será constantemente debatida. Mesmo que tenhamos alguns flashbacks ocasionais (incluindo uma cena na garagem real de Jobs) para traçar bons paralelos com o presente, tudo é explicado verbalmente. Desde o funcionamento dos produtos até a gerência de Jobs na Apple e, principalmente, sua conturbada relação com Chrisann Brennan (Katherine Waterston) e sua filha Lisa, a qual ele recusa insistentemente a paternidade.

Normalmente, tanta exposição é um pesadelo cinematográfico. Felizmente, Aaron Sorkin é o melhor roteirista trabalhando em Hollywood no momento. Saído dos roteiros magníficos de A Rede Social e O Homem que Mudou o Jogo (que assinou ao lado de outro monstro, Steven Zaillian), Sorkin é simplesmente um mestre na arte de diálogos. Na escolha de palavras, analogias e tiradas cômicas, tudo funciona como uma sinfonia verborrágica da melhor qualidade, e a arrogância de Jobs é perfeita para que o roteirista traga discussões onde ouvimos frases como “Não está funcionando? Você teve três semanas para consertar isso. O Universo foi construído em um 1/3 desse tempo” ou “Deus mandou seu filho único em uma missão suicida, e todos gostamos dele porque nos deu árvores”. É uma prosa tão detalhada e repleta de nuances que até a melhor das legendas em português terá dificuldades em capturar e adaptar todas elas apropriadamente.

A questão da paternidade talvez seja o elemento mais fundamental da trama. A pequena Lisa (vivida por Makenzie Ross, Ripley Soboe a brasileira Perla Haney-Jardineem diferentes períodos) tem participações pontuais em todos os três atos, muitas vezes escondida atrás de portas ou mobílias. É uma rejeição gigantesca e uma relação peculiar a de Jobs com a suposta filha, mas é fascinante ver como a relação dos dois vai se transformando consideravelmente, até porque Sorkin confere diálogos espirituosos até mesmo às jovens atrizes. É só no ato final, porém, que a maior catarse emocional atinge como um trem-bala à toda velocidade. “Fui mal construído”, desabafa Jobs.

É um roteiro perfeito, do tipo que merece ser estudado minuciosamente por estudantes da área. Por isso, o que impedeSteve Jobsde se tornar um novo clássico americano é a incompatibilidade do texto com a direção deDanny Boyle. Dono de um estilo visual marcante e agressivo, é até aliviante vê-lo muito mais contido do que costuma ser (basta lembrar-nos da fúria visual em Quem Quer ser um Milionário? ou o surtado Em Transe), adotando uma câmera leve e que acompanha os incontroláveis personagens em travellingsconstantes, até chegando a manter a câmera fixa durante alguns diálogos – o que é ótimo. Porém, Boyle aposta em alguns maneirismos visuais que acabam por roubar a atenção e tornar-se algo mais caótico; vide a cena em que Jobs usa a história do lançamento do foguete Skylab como alegoria, e vemos imagens de arquivo do mesmo magicamente na parede às suas costas ou até mesmo a quantidade de planos holandeses sem a menor função narrativa.

A ferocidade de uma discussão entre Jobs e John Sculley (Jeff Daniels) acaba confusa no contra-fogo de uma montagem paralela muito mal posicionada, onde o embate verbal dos dois é entrecortado com flashbacks – com mais diálogos – do dia fatídico que levou à inimizade dos dois. Mesmo que ambos os atores estejam fantásticos, a condução de Boyle é desastrosa, quase sacrificando a compreensão dos eventos diante dessa gritante falta de foco, também afetada pelo excesso de trilha sonora no momento (ainda que seja do fantásticoDaniel Pemberton). É uma simples questão de dosagem.

A fotografia de Alwin H. Küchler, no entanto, se mostra uma ideia mais certeira. Com a divisão de três períodos temporais, Küchler aposta no uso de formatos diferentes para cada porção da história: o Macintosh é rodado em película 16mm, o NEXT em 35mm e o iMac enfim alcança a cinematografia digital (mesmo que seja uma decisão factualmente imprecisa, já que a técnica digital só seria bem aprimorada em 2002). Logo na primeira cena o impacto é forte, já que o grão forte dos 16mm nos revela a “sujeira” e caos por trás do lançamento de uma empresa tão notória por design e a estética clean.

Da mesma forma, o aspecto teatral de Sorkin evoca uma grandiloquência que acaba refletida no design de produção, situado todo em bastidores, palcos, salões de orquestra e camarins, o que reforça a ideia de todos ali serem artistas e até atores (até vemos Jobs retocando maquiagem em certo momento). É quase como olhar pelo ponto de vista do próprio Jobs, já que dificilmente uma platéia ficaria tão extasiante a ponto de fazer o tremer o chão com um simples anúncio tecnológico.

O que nos leva ao elenco, que certamente sofreu nas sessões de ensaio para decorar e interpretar toda a metralhadora verborrágica de Sorkin. A começar pelo sensacional Michael Fassbender, cujo Jobs está em praticamente em todas as cenas do longa, fazendo com que o ator carregue tudo nas costas. Uma tarefa que Fassbender realiza excepcionalmente, conseguindo capturar o sentimento de superioridade e quase como se suas realizações fossem dignas do Monte Olímpio, como observamos em seu trabalho vocal que oscila magicamente entre pedante e ameaçador ou os gestos no qual parece saudar a todos sua presença; em um momento, até simula a pose de um maestro, tema de um dos diálogos mais memoráveis.

Coadjuvante no melhor sentido da palavra,Kate Winslet dá vida a Joanna Hoffman, a diretora de marketing da Apple. E como Jobs era um aficionado em design, não é de se imaginar que a incansável assistente vá de ajustar propriedades na exibição de um projetor até uma cruzada de última hora atrás de uma camisa que atenda às exigências de Jobs. Winslet se sai muito bem, por também revelar um apego emocional quase que maternal diante de seu chefe, sendo a bússola moral que aponta para o conserto da situação Lisa. Sem falar que a atriz adota um discretíssimo sotaque polonês.

Por fim, temos Seth Rogen, Jeff Daniels e Michael Stuhlbarg em bons papéis menores. O comediante famoso pelas comédias stoner se sai incrivelmente bem na pele de Steve Wozniack, amigo íntimo de Jobs e o verdadeiro cérebro por trás da criação do Apple II. Não só o senso de humor está presente de forma bem contida, mas a performance de Rogen deixa bem claro que o sujeito parece borbulhar por dentro, mas não o faz em consideração a seu amigo. “Estou cansado de ser o Ringo, quando claramente sou o John”, confronta Woz, em uma divertida analogia aos Beatles.

Daniels traz mais intensidade à mesa, na pele de John Sculley, especialmente em uma calorosa discussão com seu antigo colega. É revelador analisar também como Sculley claramente se arrepende do “término” dos dois, mostrando que ali residia uma boa amizade. Por fim, Stuhlbarg revela uma importância inesperada de seu engenheiro Andy (qual deles? Hertzfeld) no último ato, enfim justificando sua quase-onipresência ao longo da projeção.

Steve Jobs é um ótimo filme, e traz um dos roteiros mais refinados que o cinema americano já viu nos últimos anos. Por esse motivo, é um tanto frustrante que a odisseia de Aaron Sorkin chegue tão perto de tocar o céu, ficando perto de tornar-se uma obra-prima.

Afogo-me em lágrimas ao imaginar como seria a realidade alternativa utópica em que David Fincher imaginou ao assumir, em determinado ponto, a direção do projeto.

Especial Oscar 2017

Posted in Especiais on 21 de fevereiro de 2017 by Lucas Nascimento

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Olá, meus amigos!

Volto novamente ao blog para divulgar o meu tradicional especial sobre Oscar, deixando aqui os links para as três primeiras partes da série de posts:

2016: Os Melhores e os Piores

Posted in Melhores do Ano on 26 de dezembro de 2016 by Lucas Nascimento

Depois de quase um ano sem postagens aqui, retorno brevemente para oferecer minha lista dos melhores filmes do ano. Ela conta com os 20 melhores filmes que assisti em 2016, sejam eles lançamentos do ano ou não – vide a inclusão de filmes da Awards Season de 2015 e alguns da do próximo ano.

Enfim, segue o ranking:

20. A Qualquer Custo

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Aquela história simples, bem contada. Através do roteiro engenhoso de Tyler Sheridan e a direção precisa de David Mackenzie, temos mais um ótimo exemplar do neo western americano, em um thriller de ritmo lento, mas que ganha força com as atuações de Chris Pine, Ben Foster e o sempre excelente Jeff Bridges.

19. Rogue One: Uma História Star Wars

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E entramos na era dos derivados de Star Wars! Ainda que não tenha o mesmo impacto de O Despertar da Força e careça de personagens convincentes, Rogue One impressiona pelo tom mais sombrio e a fórmula de filme de guerra, algo que nunca havíamos experimentado dessa forma num filme da saga. Traz ótimas cenas de ação e o melhor uso de Darth Vader que alguém já fez.

18. Até o Último Homem

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Depois de um longo hiato, Mel Gibson retorna para dirigir mais um filme, e que espetáculo. Temos aqui algumas das cenas de guerra mais brutais já captadas no cinema americano, com a maestria de Gibson conduzindo uma história inacreditável, além do excelente Andrew Garfield entregar sua melhor performance até então. Emocionante.

17. A Bruxa

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Foi um ano maravilhoso para o cinema de terror, e já adianto que essa não é a única entrada do gênero nesta lista. Aqui, temos um terror profundamente psicológico e atmosférico, que pode repelir alguns pela lentidão, mas que levará o espectador que comprar a ideia em uma jornada apavorante e perturbadora.

16. Anomalisa

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Que saudades de Charlie Kauffman! E mal podia imaginar que ele retornaria com uma animação stop motion. É um dos filmes mais dóceis e intimistas do ano, sendo também uma das animações mais adultas e complexas que o cinema americano já viu. Uma história simples e redonda, mas que ganha um tratamento divertido e emocionante.

15. X-Men: Apocalipse

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Odiado pela maioria e esquecido pelo resto, X-Men: Apocalipse me lembra do tempo simples dos filmes de super-heróis. Despreocupado em estabelecer conexões ou grandes relações com outros filmes, o filme de Bryan Singer funciona pelo esmero técnico do diretor e a coragem em levar seus personagens a cantos extremos de suas jornadas. Pode decepcionar com seu vilão, mas pessoalmente achei um grande espetáculo. Sem falar na sequência do Mercúrio, a melhor cena de ação de 2016.

14. Carol

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Um tipo de história batido e que já vimos diversas vezes, mas nunca com tamanho estilo e sensibilidade como no filme de Todd Haynes. Com uma linda fotografia em película e uma trilha sonora envolvente, a história de amor ainda conta com Cate Blanchett e Rooney Mara dando seu melhor, sendo um dos filmes mais atmosféricos do ano.

13. Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!

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Richard Linklater mergulhou em romances, dramas experimentais e entregou um dos filmes americanos mais únicos da década com Boyhood, mas aqui vemos o diretor voltar a ser criança e revisitar um de seus filmes mais descontraídos nesta “sequência espiritual”. Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!! é o típico filme de fraternidade, onde o fio condutor da história é movido não por seus eventos, mas pelo carisma de seus personagens e a intimidade que criamos com eles ao longo da projeção.

12. Ave, César!

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Os Irmãos Joel e Ethan Coen sempre foram ótimos em mirar Hollywood e satirizar seus hábitos questionáveis, e o que temos em Ave, César! é uma ótima comédia de humor negro que é muito eficiente em criar um universo próprio e populá-lo com figuras carismáticas e, claro, absurdas. Liderada por um excelente Josh Brolin, a história é inventiva e original, contando com o clássico humor dos Coen.

11. Os Oito Odiados

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Um novo filme de Quentin Tarantino é sempre um bom motivo para comemorar, e o resultado de Os Oito Odiados é muito satisfatório. Voltando às suas raízes ao tecer uma trama verborrágica que se desenrola dentro de um único espaço, Tarantino traz personagens multifacetados e comanda um elenco excepcional para trazê-los à vida, além de um cuidado visual requintado.

10. O Homem nas Trevas

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Que maneira espetacular de se reverter as convenções de uma história. Como se passassemos o filme ao lado dos bandidos Harry e Marv, de Esqueceram de Mim, enquanto enfrentam uma casa cheia de armadilhas do monstruoso Kevin McAllister. Mais ou menos daí que tiramos a premissa fantástica de O Homem nas Trevas, que rende alguns dos momentos de maior tensão e pavor do ano, graças à direção incrível de Fede Alvarez e toda a maestria técnica da produção, da fotografia ao design de som. Imperdível.

9. Sing Street: Música e Sonho

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A grande surpresa indie do ano, temos aqui mais uma viagem musical capitaneada pelo diretor John Carney, que nos leva até a Dublin dos anos 80 para uma história simples, descontraída mas com afeto poderoso. Traz algumas das melhores canções originais do ano, além de um elenco talentoso e uma mensagem belíssima.

8. Steve Jobs

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É uma relação de amor e ódio que tenho com esse filme. Primeiramente, o amo pelo roteiro absolutamente brilhante de Aaron Sorkin, que não tenho dúvidas se tratar de uma das maiores obras deste milênio. Meu único pesar fica com a direção de Danny Boyle, cujo estilo vibrante e extravagante não mostrou-se a melhor opção para a verborragia de Sorkin. Porém, é preciso reconhecer a maestria dos diálogos e o elenco simplesmente irretocável.

7. Invocação do Mal 2

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Tinha muito medo desse filme, e não apenas por ser um filme de terror. Era uma continuação desnecessária para um dos melhores filmes do gênero que havíamos visto nos últimos anos, então foi uma felicidade ímpar ver James Wan retornando e acertando novamente com Invocação do Mal 2, que mantém sua condução elegante para o terror e acrescenta algo que funciona ainda melhor: drama humano, do tipo que raramente vemos nesse tipo de filme. É tão eficiente na arte de provocar medo, quanto na de emocionar.

6. Star Trek: Sem Fronteiras

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Quando J.J. Abrams saiu da cadeira de direção para tocar Star Wars, este novo Star Trek parecia fadado ao fracasso. Porém, graças a um roteiro excepcional de Simon Pegg e Doug Jung, temos uma aventura deliciosa e que se sobressai justamente por colocar seus personagens e as diferentes interações entre eles em primeiro plano. É um filme menor, redondo e que conta com uma direção segura de Justin Lin, comprovando que a Enterprise ainda tem fôlego para muito mais histórias.

5. Animais Noturnos

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Eu já havia me impressionado com a primeira incursão de Tom Ford no cinema há uns anos, com o delicado e memorável Direito de Amar. Agora, armado de uma história mais complexa e desafiadora, Ford reúne um elenco de peso para uma narrativa extremamente envolvente e perturbadora, fazendo-o da forma mais elegante e estilística possível. Que Ford não demore tanto para voltar atrás das câmeras.

4. Dois Caras Legais

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Em um ano dominado por continuações, remakes e reboots, é um alívio ter um roteiro original tão divertido e refrescante quanto o neo noir de Shane Black. É o filme buddy cop que abraça o gênero e oferece boas reviravoltas, soando como um misto entre Chinatown e Boogie Nights, sendo encabeçado por excelentes performances de Ryan Gosling, Russell Crowe e a revelação Angourie Rice. Se existe um filme dessa lista da qual quero ver mais histórias, é a dupla de Dois Caras Legais.

3. Creed: Nascido para Lutar

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Isso é uma aula de como se rebootar uma franquia. Ninguém pediu por um novo Rocky, e até o próprio Sylvester Stallone já havia aposentado o personagem há 10 anos atrás. Porém, o diretor Ryan Coogler e o ator Michael B. Jordan oferecem um surpreendente novo fôlego à série, em um equilíbrio perfeito entre respeitar o passado e abrir as portas corajosamente para o futuro.

2. A Chegada

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Poucas carreiras são tão interessantes e rapidamente crescem como a de Denis Villeneuve. Antes de ressuscitar o universo de Blade Runner nas telas, vemos sua imersão em uma ficção científica desafiadora e intimista, com tanto simbolismo visual e uma importância temática que surge mais relevante do que nunca. A fantástica Amy Adams lidera uma jornada envolvente e impactante, provando-se como o melhor filme de Villeneuve até então.

1. La La Land: Cantando Estações

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Não perca esse filme quando sair em 2017 de forma alguma. O musical de Damien Chazelle é uma deliciosa homenagem à Hollywood da Era de Ouro e um tributo a todos os sonhadores por aí, rendendo números musicais maravilhosos e performances impressionantes de Emma Stone e Ryan Gosling. La La Land deixa bem claro que Chazelle é um dos grandes nomes do cinema americano contemporâneo.

E claro, vamos falar um pouco dos 10 piores:

10. Brooklin

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Esse talvez seja o pior filme indicado a um Oscar que já vi. É tão clichê, antiquado da maneira errada e sem muito de novo a oferecer. Saiorse Ronan está excelente, e a produção do filme se sai muito bem para um orçamento limitado, mas é uma história batida contada de forma novelesca e sem sutilezas.

9. Esquadrão Suicida

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A grande decepção do ano, dado seu incrível potencial. Depois do fiasco de Batman vs Superman, a DC leva outro chute no meio das pernas com um filme completamente sem nexo, mal montado e com péssimo roteiro, que não sabe o que fazer com seus ótimos personagens, jogando-os numa trama sem graça e previsível. O elenco todo funciona, mas que desperdício.

8. Caçadores de Emoção: Além do Limite

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Podemos acrescentar mais um à infinita lista de remakes desnecessários que tomam um bela surra se comparados ao original. Não há nada neste filme que lembre a aventura vibrante e piegas do filme de Kathryn Bigelow, apostando em manobras radicas que moderadamente impressionam e personagens sem um pingo de charme ou carisma. Genérico, pra dizer o mínimo.

7. Joy: O Nome do Sucesso

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Espero que essa seja a prova definitiva de que David O. Russell é um dos maiores picaretas de Hollywood, visto que nem Jennifer Lawrence consegue salvar esse biopic horroroso. Seja pelo exagero na linguagem das telenovelas, os personagens caricatos ao extremo ou a história que simplesmente não engata, Joy é um porre.

6. Mate-me Por Favor

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Isso é o que acontece quando um realizador confunde arte com chatice. Ao tentar criar um filme atmosférico e incômodo, Mate-me Por Favor acaba rendendo uma das experiências mais tediosas e sem nexo do ano. Nunca chegamos a lugar algum, jamais temos algo satisfatório… Além da fotografia realmente impactante.

5. Independence Day: O Ressurgimento

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Nunca fui um grande fã do primeiro Independence Day, então não tinha nenhuma expectativa para essa sequência que, surpreendentemente, muita gente queria. No fim, é um dos blockbusters mais chatos e monótonos que já vi, que carece de bons personagens, cenas de ação empolgantes e do carisma para nos fazer suportar o enorme número de clichês. Will Smith certamente fez falta.

4. Deuses do Egito

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Veja bem, esse filme é ruim. Muito, muito ruim… Mas é uma ruindade que o torna divertido a níveis de Batman & Robin, onde é tudo tão abismal e embaraçoso que pode provocar diversas risadas não intencionais. Dito isso, é um festival de personagens ocos, história ridícula e diversos clichês batidos. Mas olha, valeu a pena ver Chadwick Boseman conversando com um alface.

3. A Lenda de Tarzan

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É díficil de acreditar que David Yates tenha dirigido Animais Fantásticos e Onde Habitam e A Lenda de Tarzan no mesmo ano. Não que o retorno ao mundo de J.K. Rowling fosse o melhor filme do mundo, mas este novo Tarzan é simplesmente tedioso. Com um visual sem vida, uma história previsível e desinteressante, pouco se salva aqui.

2. Warcraft: O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos

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Mesmo não sendo um grande fã do gênero medieval, eu esperava que Duncan Jones pudesse dar uma moral para adaptações cinematográficas de vidoegames. Mas, ainda que tenha uma produção caprichada e bons efeitos visuais, Warcraft é um festival de chatice, história sem sentido e personagens que não tem o menor carisma. Difícil manter os olhos na tela.

1. É Fada

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Não sei mais o que dizer sobre esta bomba gigante. Tudo o de ruim que um filme se pode ter está aqui, desde roteiro capenga até direção amadora, marcado ainda pela atuação tenebrosa de Kéfera. Pra lista de piores filmes que eu já vi na vida, na verdade.

| Spotlight: Segredos Revelados | Crítica

Posted in Cinema, Críticas de 2016, Drama with tags , , , , , , , , , , , on 8 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

 

4.5

Spotlight
Esquadrão Suicida: a ousada equipe Spotlight do Boston Globe

A união de jornalismo com cinema costuma render resultados memoráveis. De Cidadão Kane à Montanha dos Sete Abutres, e então longas mais modernos como Intrigas de Estado e Zodíaco, a primeira gaveta simbólica que se abre na mente das pessoas ao pensar nessa união de estilos é o clássico Todos os Homens do Presidente, filme de Alan J. Pakula sobre o escândalo de Watergate. É também o primeiro filme que me vem à mente após o término da sessão de Spotlight: Segredos Revelados, que pode ser considerado o equivalente desta geração ao suspense de Dustin Hoffman e Robert Redford.

Baseado nos eventos reais de Setembro de 2001, a trama gira em torno da equipe de redação “Spotlight” do jornal Boston Globe, especializado em matérias investigativas. O caso da vez centra-se na exposição dos diversos abusos sexuais cometidos por cardeais da Igreja Católica e o acobertamento destes pela instituição e até mesmo grupos de advogados.

Sendo uma história verídica, a necessidade de retratar os eventos com veracidade torna-se uma preocupação real para os realizadores. É exatamente o que vemos no filme de Tom McCarthy (o mesmo diretor de… Trocando os Pés. Juro. Sério.), adotando uma direção discreta e escrava de seu roteiro factual e pautado no realismo, seja no desenrolar da história repleto de detalhes e informações até os diálogos que tentam resumi-los. A prosa de Josh Singer e do próprio McCarthy aposta pouco em dramatizações ou frases de efeito, conseguindo prender a atenção do espectador com a força de sua história e o clima de mistério/insatisfação que permeia a cada nova pista encontrada pela equipe.

E que equipe, convenhamos. Em uma perfeita distribuição de personagens, fica muito evidente que não temos um protagonista central no longa. Toda a equipe funciona como um organismo vivo e pensante, o que faz sentido a decisão da Sony em inscrever todo o elenco como coadjuvante. De cara, pessoalmente achei que Mark Ruffalo se sobressaiu, tendo a difícil tarefa de elaborar um sotaque português que não soasse caricatural para seu Mike Rezendes, além de ter os maiores surtos emocionais diante da injustiça do caso, rendendo ótimos momentos para o ator.

Michael Keaton empresta sua postura de veterano para Robby Robinson, o chefe da redação de Spotlight. Com muita eficiência na performance de Keaton, percebemos como a determinação de Robby vai pensa muito à frente da de Mike, por exemplo. O colega mais novo grita para que as novas evidências sejam publicadas imediatamente, mas Robby insiste para que coletem evidências ainda mais fortes que sejam capazes de denunciar todo o sistema, ao invés de casos isolados. Não só uma atitude de um grande líder, mas fica ainda mais interessante ao descobrirmos uma camada mais complexa que o personagem vinha ocultando desde o início.

Ainda temos Rachel McAdams entregando mais uma atuação decente como Sacha Pfeiffer, mesmo que a atriz continue presa a uma performance de uma nota só que se estende por seus trabalhos mais recentes. Stanley Tucci aparece pouco, mas é tempo o suficiente para que seu Mitchell Garabedian seja visto como uma figura de início repreensível, mas que revela-se mais importante e útil do que esperado. Liev Schreiber tem ainda menos tempo de tela como Marty Baron, o jornalista que entrega a tarefa para a Spotlight, mas impressiona por seu misto de autoridade, profissionalismo e respeito pelos companheiros (“Vocês merecem uma pausa, mesmo. Mas segunda feira de manhã, precisarei de todos aqui”, é uma de suas melhores entregas).

Novamente, não é um longa que se deixa levar por inovações visuais ou artifícios que poderíamos chamar de “cinematográficos”. A fotografia de Masanobu Takayanagi aposta em uma paleta fria e sem muitos invencionismo, com raras exceções. Há um plano longo muito bem executado e posicionado para a cena em que Matt Carroll (o ótimo Brian d’Arcy James) descobre que um dos padres acusados reside a apenas alguns metros de sua própria casa, ou a sequência de passagem de tempo que aposta em um coral natalino de crianças de igreja; uma escolha brilhante que revela não só o período no qual a trama vai avançado, mas a ironia cruel de sua melodia dócil. Aliás, a trilha sonora discreta de Howard Shore confere o clima perfeito para a projeção, apostando fortemente numa composição simples e eficaz de piano.

Spotlight: Segredos Revelados é um filme que valoriza e respeita o papel do jornalismo investigativo, devendo servir como inspiração para estudantes da área. Mesmo não ousando em questões audiovisuais, é uma narrativa forte e que mantém o espectador vidrado, saindo da sessão com a mesma sensação de injustiçado de seus protagonistas.

Por mais que a tinta e o papel tenham sido armas poderosas, a situação horrenda é uma batalha longe de ser vencida.

WRITERS GUILD AWARDS 2016: Os indicados

Posted in Uncategorized with tags , , , , , , , , , , , on 6 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

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Os indicados ao prêmio do Sindicato dos Roteiristas, o WGA!

ROTEIRO ORIGINAL

Descompensada | Amy Schumer

Ponte dos Espiões | Matt Charman, Joel Coen & Ethan Coen

Sicario: Terra de Ninguém | Tyler Sheridan

Spotlight: Segredos Revelados | Tom McCarthy e Josh Singer

Straight Outta Compton – A História do N.W.A. | Jonathan Herman e AndreaBerloff

ROTEIRO ADAPTADO

Carol | Phylis Nygal

A Grande Aposta | Adam McKay e Charles Randolph

Perdido em Marte | Drew Goddard

Steve Jobs | Aaron Sorkin

Trumbo – Lista Negra | John McNamara

Os vencedores serão anunciados em 13 de Fevereiro.

AMERICAN SOCIETY OF CINEMATOGRAPHERS 2016: Os indicados

Posted in Prêmios with tags , , , , , , , on 6 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

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Os cinco melhores trabalhos de direção de fotografia escolhidos pela ASC!

Carol | Ed Lachman

Mad Max: Estrada da Fúria | John Seale

Ponte dos Espiões | Janusz Kaminski

O Regresso | Emmanuel Lubezki

Sicario: Terra de Ninguém | Roger Deakins

O vencedor será anunciado em 14 de Fevereiro.

PRODUCERS GUILD AWARDS 2016: Os indicados

Posted in Prêmios with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 5 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

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E saiu a lista do PGA 2016! Confira:

FILME

Brooklyn

Ex Machina: Instinto Artificial

A Grande Aposta

Mad Max: Estrada da Fúria

Perdido em Marte

Ponte dos Espiões

O Regresso

Sicario: Terra de Ninguém

Spotlight: Segredos Revelados

Straight Outta Compton – A História do N.W.A.

ANIMAÇÃO

Anomalisa 

O Bom Dinossauro 

Divertida Mente

Minions

Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o Filme

Os vencedores serão anunciados em 23 de Janeiro.

ART DIRECTORS GUILD 2016: Os indicados

Posted in Prêmios with tags , , , , , , , , , , , on 5 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

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FILME DE ÉPOCA

A Colina Escarlate | Thomas E. Sanders

A Garota Dinamarquesa | Eve Stewart

Ponte dos Espiões | Adam Stockhausen

O Regresso | Jack Fisk

Trumbo – Lista Negra | Mark Ricker

FILME DE FANTASIA

Cinderela | Dante Ferretti

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros | Ed Verreaux

Mad Max: Estrada da Fúria | Colin Gibson

Star Wars: O Despertar da Força | Rick Carter e Darren Gilford

Tomorrowland: Um Lugar onde nada é Impossível | Scott Chambliss

FILME CONTEMPORÂNEO

007 Contra Spectre | Dennis Gassner

Ex Machina: Instinto Artificial | Mark Digby

Joy: O Nome do Sucesso | Judy Becker

Perdido em Marte | Arthur Max

Sicario: Terra de Ninguém | Patrice Vermette

Os vencedores serão anunciados em 31 de Janeiro.

ACE EDDIE AWARDS 2016: Os indicados

Posted in Prêmios with tags , , , , , , , , , , , , , , on 4 de janeiro de 2016 by Lucas Nascimento

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Saíram os indicados ao American Cinema Editors!

MELHOR MONTAGEM – FILME DE DRAMA

Mad Max: Estrada da Fúria | Margaret Sixel

Perdido em Marte | Pietro Scalia

O Regresso | Stephen Mirrione

Sicario: Terra de Ninguém | Joe Walker

Star Wars: O Despertar da Força | Maryann Brandon & Mary Jo Markey

MELHOR MONTAGEM – FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL

Descompensada | William Kerr, Peck Prior e Paul Zucker

Eu, Você e a Garota que vai Morrer | David Trachtenberg

A Grande Aposta | Hank Corwin

Homem-Formiga | Dan Lebental & Colby Parker  Jr

Joy: O Nome do Sucesso | Alan Baumgarten, Jay Cassidy, Tom Cross e Christopher Tellefsen

MELHOR MONTAGEM EM ANIMAÇÃO

Anomalisa | Garret Elkins

O Bom Dinossauro | Stephen Schaffer

Divertida Mente | Kevin Nolting

MELHOR MONTAGEM EM DOCUMENTÁRIO

Amy | Chris King

Cobain: Montage of Heck | Joe Beshenkovsky & Brett Morgen

Going Clear: Scientology and the Prison of Belief | Andy Grieve

Malala | Greg Finton, Brian Johnson & Brad Fuller

The Wrecking Crew | Claire Scanlon