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Grade Mental | Os símbolos em MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 22 de maio de 2015 by Lucas Nascimento

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Se você ainda não assistiu a Mad Max: Estrada da Fúria, corra. Você certamente ouviu muitos elogios calorosos por aí, e o retorno de George Miller ao universo do Guerreiro da Estrada é realmente primoroso, concretizando-se como um dos maiores filmes de ação dos últimos tempos. Assistam, sério.

E outra: este post discutirá spoilers do filme.

É um fato que Estrada da Fúria não tem uma trama mega elaborada, com reviravoltas e elementos complexos. No entanto, isso não faz com que o filme seja pobre em conteúdo; muito pelo contrário. A narrativa simples e linear permite que George Miller e sua equipe criem algumas das mais insanas cenas de ação que você verá na vida, ao mesmo tempo em que têm a oportunidade de dedicar imenso esforço ao visual. A direção de arte é disparado o departamento mais detalhado, seja na confecção de figurinos, veículos, armamentos e qualquer outro tipo de objeto. Um deles, no entanto, chamou muito minha atenção – e não só por ser absolutamente irado: a focinheira de Max Rockatansky.

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A focinheira com um icônico tridente

Vamos dar aquela situada básica: No começo do filme, Max é capturado no deserto pelos Garotos de Guerra do tirano Immortan Joe. Ele é amordaçado, marcado como um boi e confinado a uma focinheira que eu deduzo ser muito desconfortável; a fim de controlar suas resistências violentas enquanto serve como “bolsa de sangue” no veículo do mutante Nux (Nicholas Hoult). Mas há algo muito particular nesse objeto repreensivo: sua fronteira bocal, que notavelmente traz uma grade em forma de tridente. Agora, tridente nos trás duas referências muito verossímeis no filme: o tridente de Poseidon, já que a água é um dos elementos mais cobiçados no futuro pós-apocalíptico e, aquele que é o tema deste artigo, o símbolo da Psicologia.

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O Tridente da Psicologia

Bom, não sou nenhum especialista no assunto, mas minha namorada muito mais competente me deu uma aulinha básica sobre alguns dos diferentes significados do tridente:

– As três pulsões: Sexualidade, Auto Conservação e Espiritualidade

– Pode referir-se às Forças Teóricas da Psicologia, o Humanismo, Comportamentalismo e Psicanálise.

– Teoria Freudiana: Ego, Superego e Id

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Immortan Joe: a síntese de Poseidon e Satã

Se seguirmos uma interpretação mais mística, nos deparamos, novamente, com a a presença mitológica de Poseidon e até com a figura cristã de Satanás, que também porta um tridente característico. Nessas duas figuras, a referência lógica é o vilão Immortan Joe: não só é o detentor da água da Cidadela, como também revela-se um ser sórdido, manipulador e reverenciado como um deus – possuindo escravos, mulheres obrigadas a lhe dar leite eternamente e um guitarrista literalmente encapetado. Este é um dos símbolos.

Então, voltamos à focinheira de Max. O louco Max, como o título de todos os filmes da franquia nos revelam. Rockatansky é um homem profundamente perturbado pela perda de sua família, e pelas lembranças daqueles que não conseguiu salvar em sua carreira como policial. Alucinações e vozes dentro de sua cabeça claramente nos indicam que o personagem não é mentalmente equilibrado. Durante sua captura e confinamento na focinheira, podemos interpretar uma espécie de “tratamento de choque” no personagem, dada a presença do tridente nesta e as mudanças que o próprio Max enfrenta. É um solitário e um individualista, cuidando da própria vida num futuro hostil, mas tudo muda quando ele é jogado no mundo de Imperator Furiosa (Charlize Theron), uma rebelde que fugiu da Cidadela de Immortan Joe com suas Esposas.

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Max e a coleira de Nux

Quando Max conhece Furiosa, ele está literalmente em uma coleira, ligada à sua focinheira e o pulso de Nux. O próprio George Miller declarou que vê Max como um cão selvagem que necessita de retenção, então quando Furiosa resolve ajudá-lo a se livrar do bocal, o processo continua em duas linhas: o estudo mental e a animalização. No momento em que Max concorda em ajudar Furiosa em sua missão de escapar com as esposas de Immortan Joe, ele encontra uma forma de “consertar” seus fracassos passados e atingir uma espécie de rendenção (que também é o objetivo principal da Imperatriz), ao mesmo tempo em que doma sua fera interior. Dessa forma, Furiosa também aprende a “domar” a fera que existe em Max, no momento em que lhe entrega um instrumento para abrir a focinheira, culminando na reveladora cena em que o  ex-policial desiste de atirar um rifle sniper e empresta seu ombro para que a rebelde passe a atirar – reconhecendo sua superioridade no quesito, em um dos muitos índices da forte presença feminista no filme.
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Max abraça a solidão em dois momentos distintos

Tendo visto o filme duas vezes, posso afirmar com certeza que as vozes e alucinações que assombram Max no primeiro ato não se manifestam após sua liberação da focinheira, com exceção de dois momentos reveladores: quando Max decide tomar seu próprio caminho após a frustração de Furiosa em descobrir a ruína de sua terra natal – e Miller até nos presenteia com uma rima visual que remete diretamente ao primeiro plano do filme, como se todo o ciclo fosse recomeçar caso Max permanecesse ali – e ao levar uma flechada quase letal, jogando-o em uma espécie de quase-morte, fazendo sentido a aparição fantasmagórica de sua filha (Max quase se junta a ela, afinal). Não estou dizendo que a focinheira era uma espécie de artefato mágico, mas sim uma metáfora para sua transformação que viria a seguir.

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Furiosa: libertadora de escravas, domadora de feras e reparadora de mentes

Na triunfante cena final, Max consegue com sucesso acompanhar Furiosa, as Esposas e as Mães de volta à Cidadela, onde o grupo é recebido com clamor e felicidade em decorrência da morte de Immortan Joe. Furiosa ascende, e Max discretamente se mistura à multidão e segue em seu caminho solitário (afinal, Max sempre foi o andarilho que acaba metido na história de outra pessoa), após trocar olhares de satisfação com sua parceira. Sua missão está cumprida, e não temos sinal das vozes ou alucinações de Max – ou seja, a redenção foi encontrada e, pelo menos nesta narrativa (futuras continuações podem me contrariar, claro), o distúrbio mental do protagonista teria chegado ao fim. A focinheira de tridente foi um mero símbolo, mas pelas mãos de Furiosa e de suas ações para ajudá-la, o Louco Max talvez não seja mais tão louco quanto o título sugere.

Por fim, o que essa análise nos revela? A importância de um trabalho sólido de customização e direção de arte, pois mesmo que Miller não tivesse a menor intenção de provocar a discussão, certamente tinha ciência do tipo de símbolo que colocara ali (aliás, encontramos referências diversas em Estrada da Fúria, de ecologia à mitologia nórdica) e só isso já garante ainda mais mérito à produção.

Muito para um filme que é assumidamente uma longa perseguição de carros.

Ação também é Arte.

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Clique aqui para ler em inglês

Why So Serious? O humor nos filmes da DC

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 28 de agosto de 2014 by Lucas Nascimento

DC

Ontem, saiu um rumor que vem levantando algumas dúvidas e provocando polêmicas. A informação é a de que os executivos da Warner Bros não querem piadas em seus filmes de heróis da DC, diferenciando-se do tom mais cômico adotado pela Marvel Studios da Disney e. também procurando evitar os erros do fracassado Lanterna Verde.

Bom, acho que primeiramente vale frisar que Lanterna Verde não morreu por causa das piadinhas, mas sim porque era um roteiro falho. A Marvel de Kevin Feige esta aí com seu currículo bilionário para provar que o público adora humor, desde que seja bem feito.

O que me leva a uma discussão ainda mais abrangente: o humor nos filmes de super-heróis.

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O humor em Guardiões funciona porque é necessário

Todo mundo adora rir, certo? Quem não gosta? Meu problema com esse elemento em filmes do gênero, é – por falta de termo melhor – a apelação. Muitas piadas nos filmes da Marvel Studios funcionam, e o recente Guardiões da Galáxia é o exemplo que melhor ilustra esse cenário; justamenteporque a aventura espacial já assumia o tom de galhofa desde o princípio, além de trazer personagens coloridos que precisavam de muito humor para funcionar.

Do outro lado, e também recente, Capitão América 2 – O Soldado Invernal ajuda a exemplificar um dos grandes problemas na Marvel. O filme dos irmãos Russo está longe de ser ruim (está mais perto de ser ótimo, isso sim), e seus problemas estão relacionados a outros aspectos, mas ainda há problemas com a pontualidade do humor. Dois exemplos: Depois de ser emboscado na rua por agressores disfarçados de policiais, Nick Fury luta para sobreviver em seu “super-carro”, e quando nenhum de seus acessórios funciona, ele pergunta retoricamente se “alguma coisa está funcionando”. O computador de bordo responde “O ar-condicionado está em perfeito estado”. Uma piada dessas não só é bem besta, como também desvia a atenção do espectador de uma cena que é, sim, tensa. Outro exemplo é quando Steve Rogers e a Viúva Negra estão em uma loja da Apple rastreando a localização de um sinal, e o filme INTERROMPE a trama para investir em uma piadinha com o atendente da loja.

Isso pra citar casos menos graves, não vem nem começar a falar de Homem de Ferro 2, que conseguiu transformar o sério problema de alcoolismo de Tony Stark em uma piada idiota, ou os filmes protagonizados por Thor – ainda que o primeiro seja bem mais apelativo que a continuação.

Pra não ficar preso só à Marvel Studios, vejam como a franquia X-Men lida bem com essa questão. O próprio Dias de um Futuro Esquecido acerta ao selecionar personagens específicos para provocar ou envolver em situações cômicas (no caso, o Mercúrio de Evan Peters), ao invés de simplesmente transformar qualquer personagem em um comediante. O Professor Xavier não faz piadinha, mas até Thor, Deus do Trovão e Príncipe de Asgard, é vítima de algum tipo de galhofa.

O LADO NEGRO DA FORÇA

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Sad Batman

Então agora, a DC não quer piadas em seus filmes. Muito provavelmente querem seguir à risca a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan e abraçar um tom mais dramático e realista, como o próprio Homem de Aço já apresentou no ano passado. Acho uma decisão bem admirável, e que certamente vai servir para diferenciar Marvel e DC, e talvez até jogar um ar fresco no gênero que vai ficando cada vez mais repetitivo.

Mas o que muita gente não entendeu, é que isso não significa que os filmes da DC não terão humor. O pesado e denso Batman – O Cavaleiro das Trevas tinha seus pontuais momentos de humor (e não me refiro ao Coringa só pra deixar claro), e a própria natureza do Batman é uma mais soturna, que exige uma certa maturidade. O Flash certamente permanecerá um piadista, claro e certamente teremos lá algumas piadas, mais contidas. Mas se a intenção é fazer algo mais dark, eu aprovo.

Quando vou ver um filme de super-heróis, não é pensando na comédia que eu compro o ingresso. É muito bem-vinda, desde que seja utilizada apropriadamente.

Batman V Superman: Dawn of Justice estreia em 26 de Março de 2016.

Afogamento em Tons de cinza | A introdução de James Bond em CASSINO ROYALE

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , on 24 de novembro de 2012 by Lucas Nascimento

Obs: Há SPOILERS sobre Cassino Royale aqui, mas acredito que todos já tenham visto o filme a esta altura.


Daniel Craig é James Bond

Tem início a projeção de 007 – Cassino Royale, vigésimo-primeiro longa do agente secreto James Bond, e o espectador fã do personagem percebe uma série de fatores incomuns dentro dos pradrões da franquia. Primeiro, a ausência da tradicional vinheta do “cano da arma” como abertura do longa e segundo, a presença de um visual em preto-e-branco. É assim que o diretor Martin Campbell apresenta ao mundo Daniel Craig no papel do espião mais famoso do Cinema.


Bond Noir: O agente é apresentado em preto-e-branco

Bond ainda não é um “00” quando o encontramos, ele ainda precisa cometer dois assassinatos para ser promovido a tal status e, consequentemente, ganhar sua licença para matar. O uso do preto-e-branco não é apenas um mero artíficio para acentuar a atmosfera sombria que permeia a cena – que traz o espião encurralando um traidor do MI6 em seu escritório – mas também uma sutil maneira de mostrar ao público que James Bond ainda não é “James Bond”. O preto-e-branco e seus tons de cinza imediatamente nos remetem ao antigo, ao passado e aqui não deve ser confundido com um mero flashback, e sim um prólogo. Iluminada com eficiência por Phil Meheux, é conferida à cena um belo visual noir, que casa perfeitamente com a situação que o roteiro de Neal Purvis, Robert Wade e Paul Haggis vai explicitando.


O primeiro assassinato de Bond

Bruscamente, a cena muda e acompanhamos Bond cometendo seu primeiro assassinato. Uma violenta luta em um banheiro toma conta da tela e, assim, conhecemos a capacidade do personagem para a brutalidade. Reparem que, mesmo mantendo o preto-e-branco, a cena apresenta uma granulação forte e suja, contrastando com as elegantes sombras do diálogo anterior. Uma oposição que não se limita apenas à fotografia, mas que contribui imensamente na mise em scène de Campbell: o primeiro assassinato é descontrolado e selvagem, quase mal feito (eis a granulação e a câmera intensa do diretor), ao passo que o segundo é um serviço executado com profissionalismo e limpeza, traços que são manifestados tanto pela paleta mais “suave” de Meheux, quanto pela câmera que se mantém mais estável (não podendo me esquecer também da música de David Arnold, que varia sua intensidade de acordo com a cena específica).

Bond elimina o traidor Dryden com um tiro silenciado, já o contato deste é vítima de uma morte “nada bonita”. Eis que surge em Cassino Royale um elemento interessantíssimo que se extenderá durante boa parte do longa (e também se apresentará em sua sequência, Quantum of Solace): Bond afoga o sujeito em uma pia.


A sexy Solange: primeira vítima do “Bond-Viúva-Negra”

Chega a ser irônico como o  afogamento perseguirá o personagem de James Bond, especialmente no que diz respeito a seus múltiplos interesses amorosos/sexuais. A começar com a bela Solange (Caterina Murino), esposa de um criminoso que Bond persegue nas Bahamas. Após uma noite de carícias, a moça surge morta numa praia e a causa de seu óbito é – mesmo que nunca fique muito claro – o afogamento. Mesmo que não tenha sido dessa forma, ela definitivamente foi encontrada no mar, tendo areia e algas em seu corpo para sustentar essa ideia. Mas tudo bem, porque Solange foi uma mera fonte para Bond, e quem de fato faz a cabeça do protagonista é a analista Vesper Lynd (Eva Green).

James se apaixona perdidamente por Vesper ao longo da missão central do longa, mas como você (que assistiu ao filme, claro) bem sabe, as coisas não dão certo para o casal, e Lynd acaba por traí-lo ao revelar-se associada de uma outra organização. E após uma tensa perseguição por Veneza, Vesper aceita seu destino e morre afogada – apesar das tentativas de Bond de salvá-la.


Vesper e Bond na linda cena do chuveiro

Não deixa de ser curioso também, que o primeiro momento (real) de intimidade entre Bond e Vesper seja na cena do chuveiro, quando a moça está perturbada por presenciar um assassinato pelas mãos de 007, e senta-se no chuveiro em uma tentativa (metafórica) de se limpar daquela situação assustadora. Mesmo já visando o suicídio ao se jogar na água durante o clímax do filme, pode-se dizer que Vesper tentava – mais uma vez – uma limpeza da situação.

Voltemos à primeira cena do filme, quando 007 já cometeu seus dois assassinatos. Apesar de minha teoria acima, há um elemento que poderia destruí-la: o sujeito afogado acorda, e Bond rapidamente se vira e “inaugura” o cano da arma, baleando seu oponente. Então, para manter a teoria de pé (e a Sétima Arte, maravilhosa como é, permite múltiplas interpretações de um fato) vejo a presença da vinheta como algo puramente estilístico (sem menosprezá-la, porque adoro a nova colocação desta), então o capanga desta cena morreu de fato, afogado por Bond.


O sangue vermelho traz, enfim, cores ao filme

E pra finalizar, Bond se torna Bond após esse cano da arma, realizando seus dois assassinatos e conseguindo seu status de 007. O sangue vermelho, que traz cores ao filme pela primeira vez, auxilia na conclusão dessa metamorfose.

Tatuando uma cena | Além da Garota do Dragão Tatuado

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 1 de agosto de 2012 by Lucas Nascimento

Com o blu-ray de Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres em mãos há mais de três meses, bateu a ideia de um artigo explorando alguns detalhes sobre o longa de David Fincher. Aqui, analiso principalmente a mise en scène e algumas escolhas musicais de determinadas cenas que apresentam detalhes impressionantes. Aproveitem:

Observação: o post traz muitos spoilers do filme (e também alguns acerca do SEGUNDO LIVRO da trilogia)

Os créditos de abertura


Come from the land of the ice and snow…

Ao som de “Immigrant Song”, famosa música de Led Zeppelin que ganha um cover por Karen O, Trent Reznor e Atticus Ross, os créditos inicias de Millennium são espetaculares e, quando disse que mereciam uma crítica própria, falava sério. E aqui vai ela:

Inicialmente nos deparamos com um close profundíssimo nos pneus de uma motocicleta, assim como suas partes mecânicas e panéis. Depois, o segundo estágio de Lisbeth Salander: suas habilidades como hacker, representadas pelo teclado (com símbolos suecos, mais uma boa forma de imersão no cenário da trama) que é preenchido pela substância obscura.

Dentre relances do rosto de Salander, misturam-se a sequência do fósforo – que remete diretamente a uma cena do segundo livro – onde Lisbeth incendia seu próprio pai e o que os designers da Blur Studio chamam de “Salander virtual”; um aglomerado de peças de computadores e fios USB que ganham o formato da protagonista.

Ao fim da progressão, o pai de Salander derrete e sua “versão virtual” entra em curto-circuito.

Agora vemos mais o Mikael Blomkvist de Daniel Craig, que começa a ser acariciado e agarrado por mãos que o destruirão ao fim da cena. Paralelamente, vemos as raízes e espinhos de flores que crescem dentro do rosto de Harriet Vanger e uma fênix (que Salander tem tatuada na perna) tomando voo.

E junto com a queda de Blomkvist, o icônico dragão tatuado começa a ganhar vida das costas de Lisbeth.

Logo depois, o momento que define o termo “homens que não amavam as mulheres”, quando vemos o pai de Lisbeth esmurrar sua mãe. É interessante observar que os pedaços melequentos da vítima respingam na jovem Salander, representando que ela cresceu assistindo cenas do tipo (a vespa saindo de seus olhos contribui nesse quesito) e que essa violência de certa forma a definiu, e deu origem a seu ódio contra “homens que não amam mulheres”.


As mãos grotescas que destroem o rosto de Lisbeth

E esses mesmos sujeitos são responsáveis pela destruição da protagonista, que tem seu rosto coberto por inúmeras mãos sujas e grotescas para depois lentamente ser derretido.

Na conclusão da cena, vemos o fim do ciclo das flores de Harriet e o momento em que ele recomeça, marcado pela desintegração das pétalas. Voltando para Blomkvist, seu rosto é violentamente amordaçado por manchetes de jornal – simbolizando muitíssimo bem seu problema legal que é apresentado posteriormente – e este começa a vomitar moedas, uma metáfora brilhante para o agravo forçado de suas economias.


A inssurreição de Salander

Entre agulhas penetrando peles e a colisão das faces de Blomkvist e Salander, uma mão perfura a terra e a forte imagem apresenta dois significados: ou remete diretamente ao clímax do segundo livro (onde a personagem é enterrada viva) ou seria mais uma metáfora, dessa vez para mostrar a resistência de Salander a um mundo cruel e de preconceitos.

Foram só 3 minutos de filme e já tivemos uma carga dramática e visual sem precendentes.

Assista à cena:

Estocolmo, Suécia e seus personagens


A descida de Mikael Blomkvist

A história finalmente começa quando vemos Blomkvist descendo a escada do tribunal após sua condenação (e adoro o fato de ele estar descendo, como se tivesse caído de posição) e sendo abordado por dezenas de repórteres. É divertida a interação entre o jornalista e seus colegas do ramo, e o roteiro de Steven Zaillian sugere que Mikael conhece todo o pessoal da mídia; e que ele possui ótimas rebatidas. “O que é isso? O evento da mídia do ano?”


O jornalista condenado encara uma chuva pesada

Saindo do tribunal, nada mais depreciativo do que uma pesada chuva sob os ombros de nosso herói caído (elemento que marcou presença em Se7en, também de David Fincher) enquanto ouvimos diversos trechos de entrevistas e telejornais, que – de forma intrínseca – explicam bem o caso de Mikael Blomkvist, acusado de difamação contra o poderoso empresário Hans Erik Wennerstrom; e a edição de sonora de Ren Klyce é bem-sucedida ao misturar tais passagens sem torná-las incompreensíveis.


O empresário Hans Erik Wenneström

Em um café, contínuamos ouvindo às reportagens sobre a condenação de Blomkvist. Quando ele entra, compra um café e um sanduíche e volta a analisar o veredicto. E é aí que vemos o tal Wennerstrom pela primeira vez: rodeado por advogados, ele prega que o jornalista teve o que mereceu (“Todos os jornalistas devem entender, assim como o resto de nós, que seus atos têm consequências).

Uma curiosidade divertida: a balconista do café é uma jovem chamada Ellen Nyqvist, filha do ator Michael Nyqvist, intérprete de Mikael Blomkvist na versão sueca da trilogia. Muita coincidência, não?

Blomkvist compra um maço de cigarros e, logo em seguida joga-o no lixo, limitando-se apenas a uma tragada. Uma observação reveladora sobre o personagem é o fato de este comprar também um isqueiro, indicando que o jornalista não carrega consigo o hábito do fumo, dando a entender que este largara o vício anteriormente, mas agora o retoma sob consequência de sua condenação. Um detalhe interessante na cena acima é o televisor no canto esquerdo, que mostra imagens de Blomkvist saindo do tribunal, e elas coincidem precisamente com a apresentação do personagem.

Blomkvist então segue para o escritório de sua revista Millennium, onde ignora toda a equipe de redação e segue para conversar com sua parceira e amante, Erika Berger (Robin Wright). A relação curiosa dos dois é mantida como no livro: os dois são parceiros sexuais, mesmo Berger sendo casada.


A revista Millennium traz: Blomvist – Nas Correntes

Agora conheceremos Lisbeth Salander (Rooney Mara), a garota com o dragão tatuado. A câmera inicialmente foca em uma cópia da revista de Blomkvist no relatório da investigadora (percebam que há uma certa continuidade, visual e estrutural, nos eventos: Blomkvist-Millennium-Relatório) e então conhecemos o adovgado Dirch Frode (Steven Berkoff) e o chefe de Salander, Dragan Armansky (Goran Visnjic).


“É possível que esperemos para sempre”

Na esperta montagem de Kirk Baxter e Angus Wall, vemos Lisbeth chegando ao escritório enquanto, entre cortes, Armansky “apresenta” sua empregada e prepara o terreno para sua marcante aparição. “Ela é uma das minhas melhores investigadoras, como viu pelo relatório. Mas acho que não vai gostar dela. Ela é diferente. Em todo sentido”.

Acompanhamos as costas da personagem, e já é possível reparar em seu nada discreto moicano e nos olhares curiosos que a jovem desperta em sua caminhada até o escritório de Armansky. A trilha de Trent Reznor e Atticus Ross também contribui, capturando a aura bizarra de Salander (a faixa nessa cena é chamada “We Could Wait Forever”, referência à frase de Armansky da mesma cena).

Salander junta-se aos dois no escritório e finalmente temos uma boa visão da personagem. Ela ignora o cumprimento de Dirch Frode e larga suas coisas no chão antes de sentar-se à mesa.

Reparem em como ela se senta distante dos dois e passa grande parte do tempo evitando contato visual.

This is Harriet…

A primeira tomada de Harriet (segurando uma flor), em um flashback.

Após introduzir Blomkvist sobre a história de alguns membros da família Vanger (dando destaque para uma presença nazista), Henrik vai direto ao ponto que o levou a contratar o jornalista: o desaparecimento de sua sobrinha-neta Harriet.

24 de Setembro de 1966: a fotografia de Jeff Croenwenth esquenta e adota belíssimos tons de sépia para apresentar o mistério da jovem de 16 anos. A família Vanger se reúne para um almoço de negócios, enquanto um clube de iate promovia um desfile de Outono no centro da cidade. Harriet e amigas comparecem ao evento.

Harriet retorna por volta das 14h e pede para conversar com Henrik.

Ocupado, ele pede que ela aguarde alguns minutos (reparem como a narração do velho Henrik quase casa perfeitamente com o movimento labial de sua versão rejuvenescida).

Ela corre pelas escadas e sua prima Anita a segue.

É aí que o acidente ocorre. Uma terrível colisão entre um caminhão e um carro isola a cidade, despertando a curiosidade de muitos e também exigindo a ajuda de membros da família Vanger, polícia e bombeiros.

Uma hora após o acidente, Harriet é vista na cozinha pela empregada Anna. O relógio na parede marca 15:20h.

Os feridos são retirados dos destroços do acidente, vemos o Detetive Morell pela primeira vez e todos começam a retornar para seus lares.

Observe também o jovem Martin Vanger, que atravessa os veículos e junta-se aos membros da família.

Durante o jantar, Henrik percebe o desaparecimento de Harriet. Dentre a mesa repleta de convidados, apenas um prato de comida e uma taça de bebida permanecem intocados.

Um vislumbre do jovem Dirch Frode.

De volta ao presente, Mikael já não está tão cético. Seu olhar sugere que a história de Henrik o convenceu.

Já tendo prendido a atenção do jornalista, Vanger agora o leva ao elemento-chave do mistério. Enquanto o acompanha até o sótão, ele comenta que o corpo de Harriet teria aparecido na costa se tivesse caído no mar, referenciando o próprio pai da jovem, que morrera em 1965. Não sabemos ainda, mas o sujeito foi vítima da própria filha.

Henrik e Mikael caminham em uma sala escura, até que o velho acende as luzes e revela o conteúdo de suas paredes: dezenas de flores emolduradas. Vanger explica que o “presente” chega anualmente no dia de seu aniversário, suspeitando vir do assassino de Harriet (já que esta costumava lhe enviar tais recordações).

Com a câmera passeando pelas flores, o espectador faz a conexão com o prólogo do filme e este, enfim, faz sentido. A música ao fundo é “How Brittle the Bones”.

Vemos, logo depois, o trem das 16h30 partindo da estação de Hedestad. E Blomkvist não está nele.

Observação sobre Martin Vanger

Durante o jantar onde conhece Blomkvist, Martin diz que chegou à Hedestad muito depois, no trem das 16h. É mentira, nós o vimos na ponte durante o acidente e o horário na cena era algo por volta das 15h30.

O estupro I

O som de um faxineiro limpando o chão acompanha Lisbeth até o segundo encontro com seu tutor, Nils Bjurman (Yorick Van Wageningen). O uso do efeito sonoro ajuda a mostrar que o escritório está sendo esvaziado, que todos estão indo embora.

Note que há uma porta-retratos na mesa de Bjurman, onde o vemos com sua mulher e filho. Mostrar que o assistente social tem família só o torna mais assustador, mostrando que este é, aparentemente, uma pessoa normal

Bjurman diz que Salander precisa aprender a socializar-se e levanta da cadeira. A câmera de Fincher então foca a barriga do personagem, animalizando-o, tornando-o ainda mais grotesco. Lisbeth já sente que a situação não terminará bem e evita todo tipo de contato visual.

O assistente se aproxima dela e senta na beirada da mesa. A câmera de Fincher agora adota um enquadramento que enfoca a posição maior de Bjurman, deixando Lisbeth minúscula perto do “monstro”;  enquanto o barulho da enceradeira vai mesclando-se com a tensa música de Trent Reznor e Atticus Ross (a faixa aqui é “With the Flies”). Ele joga a mochila da jovem e a faz sentir o tecido de sua calça, para logo depois forçá-la a masturbá-lo.

O problema fica pior quando Bjurman aperta a cabeça de Salander, levando-a à felação em pleno escritório. É possível ver uma aliança de noivado no dedo do estuprador.

A câmera afasta e temos um campo visual maior, exacerbando a gravidade da situação (acho assustador a presença de diplomas e comprovantes de reconhecimento na parede, que sugerem que Bjurman é um profissional nato).

Bjurman tem um orgasmo. A câmera pega seu rosto de cabeça ponta-cabeça.

Um corte grosseiro mostra Lisbeth no banheiro lavando a boca com sabão e até forçando vômito. Fica subentendido que Bjurman ejaculou em sua boca. Ele entrega o cheque a ela e devolve sua mochila.

Ela sai pelo corredor e vemos um faxineiro encerando o chão, responsável pelo zumbido que assombrara a cena anterior.

Fade para uma das melhores tomadas do longa, onde Lisbeth está em seu apartamento ouvindo música. A câmera vai se aproximando e engenhosamente vira de ponta-cabeça para revelar seu rosto, e a fotografia de Cronenweth esquenta fervorosamente seu tom de vermelho, como se a personagem fosse explodir. Mas agora, o que significa essa virada? A agressiva mudança de rumo da história – que se dá pelo inesperado estupro da protagonista – ou até mesmo a diferente percepção de mundo que Salander possui. Acho interessante também que há uma certa rima entra essa tomada e a que mostra Bjurman durante o orgasmo (logo acima). Lembrando também que nesse momento, Salander já planeja sua vingança.

O estupro II

Lisbeth anda pela rua e telefona para Bjurman. Ela já tem a intenção de visitá-lo novamente e executar a primeira parte de sua vingança. A situação é revertida quando o sujeito a obriga a comparecer em sua residência (um território desconhecido) e então passa o endereço. Salander diz não precisar de uma caneta para anotá-lo, sendo um dos primeiros indícios que o roteiro de Zaillian usa para retratar a “memória fotográfica” da personagem.

A música de Reznor-Ross vai intensificando a atmosfera, enquanto a fotografia de Cronenweth acerta ao retratar o apartamento de Bjurman de forma sombria. Salander é recebida pelo sujeito de forma maliciosa, e o terror impregna em sua caminhada até o quarto.

Salander posiciona a mochila em um ângulo que capture uma boa visão do quarto, dando destaque para a cama. Ainda não sabemos, mas ali encontra-se uma câmera escondida.

Fincher segue sua lógica de mostrar Bjurman em planos mais altos, tornando-o uma figura grande e ameaçadora, a passo que Lisbeth é minúscula perto do mesmo.

Bjurman domina Salander e coloca uma algema em seu pulso. Ela corre para a porta, mas é agarrada e a mesma se fecha; como se o espectador não precisasse testemunhar a cena que está por vi, culminando em um fade out que leva o espectador para longe da situaçao.

Mas não é o que Fincher pensa, e ele imediatamente nos leva para o centro da situação.

Fade in: A garota é algemada na cama (que tipo de sujeito mantém algemas em casa?)…

e seu agressor começa a despi-la brutalmente.

A penetração tem início. Fincher posiciona a câmera quase que na testa do estuprador, revelando sua total posição dominante sobre a pobre Lisbeth.

A garota para de gritar. O roteiro de Zaillian afirma que nesse momento, Salander isola-se em sua mente como uma forma de “fugir” da situação.

O botão da mochila de Salander ganha uma atenção especial da câmera, antes de cortar de volta para Blomkvist em Hedestad.

Posteriormente, temos Lisbeth retornando para casa após o estupro. Bjurman lhe entrega seu cheque e esta vai embora.

A caminhada pelas sombrias ruas suecas torna-se ainda mais perturbadora graças à excelente composição batizada de “She Reminds of You”.

Lisbeth chega em casa, larga o cheque (em primeiro plano) em cima da mesa e toma um analgésico.

Primeira vez que vemos os seios da protagonista, assim como a tatuagem em sueco (que seria uma homenagem à sua falecida mãe) que esta possui nas costelas.

Depois, Salander toma um banho na esperança de aliviar seus ferimentos. A primeira tomada nítida de sua tatuagem de dragão…

e também uma sutil referência à Psicose ao trazer o sangue caindo na água.

A vingança

Lisbeth bate na porta de Bjurman, que atende com espanto. Ele deixa-a entrar.

É revelador como vemos um certo arrependimento do estuprador, ao dizer que “sente-se mal pelo modo como o encontro anterior dos dois havia terminado”. Fria e impetuosa ela ataca-o com um taser e o assistente social é derrubado no chão.

Nesse momento, a mise-en-scène que Fincher estabelecera sobre a dominância de Bjurman sobre Salander é radicalmente quebrada. A câmera agora liberta-se e acompanha a situação em um plano plongé (com a câmera acima da cena), revelando que Bjurman é só um homem e toda sua aura monstruosa é deixada de lado. A música de Reznor-Ross aqui é excelente, declarando o início da vingança.

Acompanhamos uma tomada similar à do estupro de Salander, só que dessa vez a câmera de Fincher nos leva para dentro do quarto de Bjurman; observe suas roupas e uma mancha que eu deduzo ser suor. O espectador não quer fugir da situação, ele quer saber o que vai acontecer.

Bjurman acorda nu e com os braços e pernas amarrados, além de ter sua boca tapada com fita adesiva. Lisbeth (com uma maquiagem sensacional sobre os olhos) revela ao estuprador que tinha uma câmera no último encontro dos dois.

Agora as mesas foram viradas: Salander está sob o controle, e a câmera de Fincher enquadra o poder da jovem.

Mais um ângulo que mostra a superioridade de Salander.

Ela então retira um dildo metálico de sua bolsa, para total desespero de Bjurman.

É, vocês sabem o que acontecem depois… (e destaque para o repulsivo efeito sonoro escolhido por Ren Klyce).

Salander então ameaça o assistente social e obriga-o a entregar de volta o controle sobre suas finanças. Caso contrário, ela vazará o vídeo que revela o estupro.

Além disso, ela o proíbe de se encontrar com qualquer garota e promete ficar de olho no apartamento.

Ela chuta o dildo, que penetra mais fundo em Bjurman. Detalhe para a cruel ironia nesse plano-detalhe: o vídeo de Lisbeth sendo estuprada roda ao fundo, ao mesmo tempo em que esta se vinga do assistente social.


“It’s ok, you can nod. Because it’s true… I am insane”

Lisbeth fala diretamente com a câmera ao pronunciar: “Eu sou louca“.

O elemento final da vingança de Salander se aproxima: a tatuagem. Ela coloca uma máscara de proteção (elemento genial, como se a personagem evitasse sujar-se com sangue de sua vítima).

Ela monta Bjurman e começa sua “obra de arte”, com a bizarra “Of Secrets” tomando conta da trilha.


EU SOU UM PORCO ESTUPRADOR”

À medida em que analisava mais e mais detalhes desta impecável obra, a postagem foi ficando longa demais e decidi deixar alguns elementos de fora. No entanto, espero que isto sirva para comprovar a competência e imaginação de David Fincher, que a cada novo filme vem se firmando como um dos melhores diretores da atualidade.

E por falar em Millennium, ainda aguardo novidades sobre a continuação…

Era um Alien ou não? | Discutindo PROMETHEUS

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on 20 de junho de 2012 by Lucas Nascimento

Após assistir a Prometheus, muitas dúvidas foram lançadas no ar e muitas explicações ficaram à mercê da imaginação do espectador. Assim como fiz com A Origem em 2010, escreverei sobre alguns pontos complexos do longa e tentarei encontrar uma explicação detalhada sobre a criação do Alien.

Obviamente, o post está INFESTADO de spoilers. Só leia se já tiver assistido o filme.

O Engenheiro


O Engenheiro da cena de abertura

Primeiramente, vamos falar sobre os Engenheiros. Vistos pela dra. Elizabeth Shaw e seu marido Charlie Holloway  como os criadores da vida na Terra, a cena inicial do filme (que traz uma bela homenagem à 2001 – Uma Odisseia no Espaço) logo confirma essa teoria quando vemos um desses seres se aproximando de uma cachoeira, em um planeta deserto, sobre o qual o diretor Ridley Scott afirma que “não seria necessariamente a Terra”, e que o objetivo da sequência seria mostrar a criação da vida.

Mas os Engenheiros já seriam vida. Dando progressão a cena, o Engenheiro bebe um líquido preto misterioso (que posteriormente descobriremos ser a substância essencial para a criação do Alien) e seu corpo começa a se corroer, tendo seus restos indo parar no fundo da mesma cachoeira. A fita de DNA do humanóide é então combinada com as moléculas de água, em uma reação conhecida como biogênese.


O Engenheiro ancião e o Sacrificador

Aí começam as dúvidas? O que esse Engenheiro fazia lá? Tinha consciência de que estava criando vida? Bem, eu interpreto que sim. A chave para essa questão fica com o androide David, quando afirma que “para se criar vida nova, um sacríficio deve ser feito”. Uma referência direta do roteiro para a cena inicial, a meu ver. Outra informação é uma imagem que caiu na rede recentemente, que mostra um momento cortado do filme, onde é possível observar um Engenheiro envelhecido. Ou seja, ele não foi deixado para trás (ao fundo, uma nave decola abruptamente durante a cena) e o idoso estaria ali por orientação, talvez.


A fita de DNA responsável pela criação da vida humana

Então, o que presenciamos aqui não é meramente a criação da vida, mas sim a criação da vida humana. Isso porque a dra. Shaw examina uma amostra de DNA humana e uma Engenheira, tendo uma equivalência total no código genético. Os Engenheiros criaram os Humanos. Mas como a própria Shaw aponta: quem criou os Engenheiros?

Fico com a resposta de Holloway: “Nunca vamos saber”.

Big things have small beginnings


Seria uma ilustração do Alien em um dos murais?

E vamos ao que todos esperavam: o Alien xenomorfo. O primeiro estágio de sua complexa formação encontra-se dentro da nave dos Engenheiros (que antes pensava-se ser uma caverna), mais precisamente na câmara com o obelisco faraônico. Centenas e até milhares de vasos estão à mostra, em uma espécie de reverência (?) ao cabeção, e é bom prestar atenção também nas ilustrações dos murais, muito parecidas com o Alien.


O líquido preto começa a vazar

A equipe da Prometheus invade o local, catalisando uma mudança na atmosfera e, por fim, o vazamento de uma substância preta (que podemos assumir ser a mesma que o Engenheiro ingere no início do filme, chegaremos a esse ponto em instantes) dos recipientes. Antes da fuga acelerada, David congela e leva consigo um dos vasos.


David analisa o recipiente alienígena

É aí que o androide resolve criar sua própria vida. Dentro do recipiente, encontra-se o líquido preto e ele resolve testá-lo com Holloway ao infectar sua bebida. Acho curioso a moralidade simples de David, que pergunta ao cientista “até onde ele iria para encontrar as respostas”, “eu faria de tudo” responde Holloway. Dessa forma, o robô não sente remorso (e também não poderia, já que é uma máquina) e pode-se até insinuar que ele não viu sua ação como prejudicial. Resumindo, David poderia até achar que estava ajudando o cientista.


Holloway sofre com a infecção

Com a substância em seu organismo, Holloway e Shaw fazem sexo e o embrião alienígena é depositado na fêmea. Ao despertar, Holloway começa a sofrer mutações em seu rosto (similares à do Engenheiro no início do filme), que acabam ocasionando em sua morte pelas mãos de Vickers.


A “cobra espacial”

Vamos falar mais sobre esse contágio. Como Charlie fora incinerado, a infecção não atingiu seu estágio final e não podemos saber o que teria acontecido com a pobre vítima. Mas talvez haja uma resposta, se nos lembrarmos de Fifield e o biólogo, membros da tripulação que se perderam durante a primeira expedição à câmara dos Engenheiros. Os dois haviam encontrado uma misteriosa “cobra” que os atacou e demonstrou uma similiaridade com o Alien: o sangue ácido.


Um infectado (e monstruoso) Fifield

Posterior ao ataque é a contaminação de Fifield pela substância preta, que eu acredito ser a mesma que David usou em Holloway (mas já que o androide usara uma dose menor, o efeito foi enfraquecido). O sujeito ataca a tripulação, mas não traz grande papel (além de mais um elemento sinistro) na trama.


A já famosa cena do parto

Voltamos para Shaw, que descobre estar grávida de um ser alienígena. Quando ela finalmente dá a luz (em uma sequência brilhantemente grotesca), vemos o primeiro facehugger, ainda que não tenha a aparência com que estamos acostumados a vê-lo. Aqui ele se parece mais com uma lula, e seu tamanho ganha proporções monstruosas posteriormente.


O sacrifício da Prometheus

O filme vai se aproximando do fim e o último Engenheiro do qual temos notícia está se preparando para decolar sua nave e atacar a Terra com a substância preta. E aí a frase de David sobre sacríficio estampa na cabeça novamente: a Prometheus então colide com o Engenheiro, destruindo ambas e, assim, salvando nosso planeta da suposta invasão. Mas essa não é a única vida que sairá ganhando com esse sacrifício…


O “filho” de Shaw atinge proporções colossais

Mesmo com a nave destruída, o Engenheiro sobrevive e persegue a dra. Shaw pelos destroços da Prometheus (mais especificamente, o módulo de escape de Vickers) e tem o azar de se encontrar com o “filho” da cientista, que o agarra violentamente e insere tentáculos dentro de sua boca. É uma ação típica do facehugger.


O Proto-Alien

E como vocês bem sabem, a última cena revela o Alien perfurando o peito do Engenheiro. Assim como seu estágio anterior, não é a criatura que estamos habituados, mas sabemos o que virá depois. Nasce o “proto-alien”, ou “Deacon” de acordo com Ridley Scott.


Simples e efetivo infográfico sobre as criaturas de Prometheus

Então agora sabemos o que vem antes do ovo:

Líquido preto + Hospedeiro humano macho + fecundação com fêmea = Nascimento da “Lula” + Hospedeiro Engenheiro (fica a dúvida se, com outra criatura, o resultado seria o mesmo) = nascimento do proto-alien.

Agora, um Prometheus 2 terá que explicar o buraco entre a fisiologia desse novo Alien e o visto em O Oitavo Passageiro, assim como o que aquele outro Engenheiro fazia no planeta do filme de 1979 (sim, Engenheiro = Space Jockey). E, claro, onde a dra. Shaw encontrará novamente nossos criadores?

Gostaram do post? Curtiram o filme? Detestaram?

Discutam!

Crítica do filme

Avatar: O Novo Star Wars

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , on 14 de outubro de 2010 by Lucas Nascimento

 

Aproveitando o relançamento de Avatar, gostaria de discutir nesse post os motivos pelo qual eu acho que a aventura sci-fi de James Cameron tem potencial para se tornar o Star Wars de nossa geração.

Trama

Ao falar da trama de Avatar, é desenterrado aquele velho assunto: o clichê que acompanha o desenvolver da história do filme. A verdade é que trata-se de uma história clássica que foi reciclada com elementos fantásticos, assim como o primeiro Star Wars, que é uma simples história de resgate à princesa.

Se Cameron explorar mais a mitologia da floresta e o poder de Eywa, a história pode ganhar rumos interessantes, mais sombrios e  complexos; basicamente, tudo o que George Lucas fez em O Império Contra-Ataca, onde mostrou mais sobre a Força, por isso podemos esperar um “lado negro de Eywa” no próximo Avatar? Hehe.

Além disso, queria mais destaque para a Terra futurista, seria interessante voltar a este assunto.

Biodiversidade Alienígena

Assim como em Star Wars, Cameron apresenta ao espectador uma variedade gigantesca de alienígenas, criaturas e ambientes. Além disso, contratou especialistas para criar uma língua, ou seja, os atores não ficaram meramente balbuciando qualquer coisa.

Tudo bem que é fácil se perder em meio a tanto animal bizarro, mas Cameron ainda pode inventar criaturas mais icônicas e mortais. Isso sem falar em outros planetas; ver a trama sair de Pandora seria algo empolgante.

Personagens

Tudo bem, os personagens de Avatar não são criativos quanto os da saga de George Lucas, mas são humanos. Cameron gasta o tempo necessário com o desenvolvimento de cada personagem, humano ou alienígena. A trajetória de Jake Sully é crível e muito verdadeira e o personagem pode ter um futuro interessante pela frente.

Os Na’vi também devem ter uma história interessante, mas eu queria ver os humanos retornando para um segundo round, porque é óbvio que eles não iriam sossegar depois da primeira derrota. E francamente, Cameron seria corajoso ao mostrá-los vencendo.

Efeitos Visuais

Não poderia deixar de mencionar os grandiosos efeitos visuais, que marcam uma nova era de tecnologia no cinema. Como Star Wars em sua época, o trabalho de computação gráfica de Avatar é um divisor de águas no ramo.

Bem, esses são apenas alguns motivos; concordando ou não, é indiscutível a qualidade de Avatar e a diferença que fez na tecnologia do cinema.

Remakes: Reconstruindo ou destruindo o cinema?

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 13 de setembro de 2010 by Lucas Nascimento

Em pleno Festival de Toronto, estão sendo exibidos filmes que eu antecipo muito. Um deles, é o remake de Deixa Ela Entrar, Let Me In, dirigido por Matt Reeves. Surpreendentemente, as primeiras críticas sobre o longa são muito boas (alguns chegam a preferir o remake ao original), o que é raro para um remake, principalmente de um filme tão prestigiado.

Remakes aliás, são muito mais comuns agora do que antigamente. Sua existência é mesmo justificada pela oportunidade de apresentar uma nova “visão” sobre o filme? Ou seria a falta de ideias originais? Vale a pena dar uma olhada na qualidade e nos tipos de refilmagens que já tivemos.

A Nova Visão

Alguns remakes até que conseguem entregar o que realmente prometem: uma nova visão sobre o filme original. Muitos não sem bem-sucedidos, mas é possível encontrar produções recentes nessa categoria. Geralmente, não é um “remake oficial”, apenas a premissa é aproveitada, mas ela pode caminhar de modos diferentes e se passar em épocas diferentes. O melhor exemplo? Paranóia, claramente baseado em Janela Indiscreta.

Atualizando o suspense da década de 50 para os dias de hoje e o fotógrafo de perna quebrada para um adolescente cumprindo prisão domiciliar, o longa é bem produzido, cativante e, mais importante, não tenta se igualar ao magnífico filme de Alfred Hitchcock, criando sua própria estrutura e voltando-se especificamente ao público mais jovem; isso é ótimo, o remake pode servir como passagem para o original, uma maneira de descobri-lo.

Nem tudo dá certo, claro. O que me vêm a cabeça agora, é O Dia em que a Terra parou, que ousou refilmar o clássico da década de 50, trocando a discussão sobre a Guerra Fria e o perigo iminente de destruição nuclear por uma trama ecológica (que poderia ter funcionado) com argumentação muito fraca. Únicos pontos positivos residem na boa atuação de Keanu Reeves e no novo visual do GORT.

A Cópia

Quando um filme praticamente refaz quadro-a-quadro o original, não há muito o que discutir: Só existe porque provavelmente a obra é estrangeira e o diretor do remake só quer cortar algumas legendas… O melhor exemplo de um remake cópia que refaz o original exatamente como era, mas não o entende, é o medíocre Quarentena.

A trama segue exatamente o mesmo caminho, o cenário é idêntico ao do original, mas toda a simplicidade que resultava em um filme assustador é banalizada com maquiagens forçadas, cachorros infectados (o quê? Resident Evil?) e uma péssima protagonista. Se for pra fazer remake assim, não faça.

Por outro lado, alguns conseguem manter aqualidade do material original, refazendo-o quadro a quadro pelo mesmo diretor dos dois filmes, como por exemplo, o psicodélico Violência Gratuita de Michael Haneke, que simplesmente trocou o elenco alemão por um americano.

Ambos possuem o mesmo tom, os mesmos enquadramentos de cena e, basicamente, o mesmo roteiro. E devo admitir, se em Quarentena Jennifer Carpenter errou feio ao tentar se igualar à Manuela Velasco de [REC], Michael Pitt não só captou a persona de Frank Giering, mas entrega um trabalho tremendamente inspirado e até melhor, que por algum motivo insano como seu personagem, não recebeu nenhum prêmio.

A Homenagem

Basicamente, é aquele tipo de remake que faz ligeiras mudanças na história, ampliando-a e ganhando o toque pessoal do diretor. É o tipo mais comum de se encontrar e também o mais bem sucedido. Vale destacar dois filmes que, na minha opinião, ficaram melhores que o original.

A Fantástica Fábrica de Chocolate, por exemplo, teve seu remake dirigido por Tim Burton, que aperfeiçonou o original em todo aspecto possível. Têm mais estilo, é mais divertido, mais engraçado e o roteiro acrescenta informações interessantes, como um final mais elaborado e origens de alguns personagens. Claro, a canção dos oompa-loompas não se iguala a do original…

Podem me atacar e criticar a vontade, mas acho o blockbuster de Peter Jackson muito superior ao bem produzido longa de 1933. Além do óbvio avanço tecnológico, o remake é mais bonito, empolgante e tem muito mais coração do que o original.

O diretor recriou cenas clássicas, controlou um  elenco é espetacular (Naomi Watts, perfeita. Jack Black, excelente) e fez uma bela homenagem ao original, que já tinha ganho uma nova versão com Kurt Russel, mas é melhor parar por aqui…

O Reboot

Não confundam, remakes e reboots são coisas diferentes. Semelhantes, mas distintas. Um reboot significa recomeçar uma franquia de maneira diferente, como está sendo feito com Homem-Aranha e Quarteto Fantástico e como foi feito brilhantemente na nova franquia de Batman.

Não sei decidir se os novos filmes de Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo entram nessa categoria ou na anterior, já que recomeçam a franquia, recriam algumas cenas, mas não seguem exatamente a mesma estrutura… Se alguém puder, comente e dê sua opinião.

Let Me In

Voltando ao caso de Let Me In, já comentei minhas expectativas na Primeira Olhada do filme, mas acredito que, além de conter uma nova visão, irá prestar uma bela homenagem ao sueco Deixa ela Entrar. O filme estreia em 8 de Outubro nos EUA e está sendo exibido atualmente no Festival de Toronto.

O filme ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

Caiu ou não? | O final de A ORIGEM

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 25 de agosto de 2010 by Lucas Nascimento

 

ATENÇÃO: Esse post revela detalhes e informações sobre o final de A Origem, portanto se você ainda não assistiu (como não?!), pare de ler agora mesmo.

Com tantos artigos e teorias interessantes pela internet discutindo o final de A Origem, resolvi que seria minha vez; aliás, como poderia deixar de fazê-lo? O filme é um espetáculo de primeira. Pra ninguém se perder, acompanhem com a montagem bacana acima com os níveis de sonho do longa.

Nos momentos finais do longa, a equipe de Dom Cobb parece ter conseguido realizar a Inserção em Fischer; depois de uma série sonhos mirabolantes. Cobb volta para sua casa, onde espera rever seus filhos após anos de distância. Para certificar-se se é ou não realidade, ele gira seu pião (um totem, objeto que ajuda a distinguir o sonho da realidade), mas corre para sua família antes que ele pare de girar.

O filme termina com um close no pião girando, girando e… Ele acaba. Então, a dúvida é: Cobb estava mesmo sonhando? O filme inteiro é um sonho? O pião cai ou não?

Bem, pra começar, de uma coisa eu tenho certeza: o filme inteiro não é um sonho (afinal, seria um desapego total de Christopher Nolan com sua obra). Um detalhe que pode passar despercebido, é a aliança de Cobb. Quando dentro de um sonho, ele a usa; na realidade, o anel não aparece. Além disso, em alguns pontos da trama – como por exemplo quando Arthur explica à Ariadne a função do totem – nós vemos o pião caindo, então, se é que o final da história é um sonho, o protagonista começa a sonhar em algum ponto em que o espectador possa ter despercebido. Que momento seria esse? Tenho duas apostas:

Quando Cobb, Eames e Saito estão em Mombasa, indo encontrar o químico Yusuf, eles encontram uma sessão de sonho compartilhado. Nesse local, encontram-se pessoas que trocaram sua realidade por sessões de sonhos infinitos, “o sonho se tornou sua realidade”, diz um dos personagens. O problemático Cobb experimenta uma dessas sessões, tendo uma lembrança perturbada. Uma das teorias é a de que Cobb nunca acordou dessa sessão; os argumentos que a sustentam são convincentes: a partir desse ponto, não vemos mais o totem girar, as crianças James e Phillipa (filhos do protagonista) começam a aparecer constantemente na missão (mas isso pode ser explicado como a instabilidade de Cobb sobre suas lembranças), entre outros detalhes.

Segundo, por que o filme começa em um ponto da metade da história? Cobb no limbo, tentando resgatar Saito após sua morte no primeiro nível do sonho. Claro, pode ser uma técnica elegante visando uma boa cena de abertura, pode ter sido a primeira cena por ser o momento em que Saito lembra de Cobb (O milionário passou décadas no limbo) ou, também, pode ser o momento em que o sonho final começa.

Antes de aparecer caído na beirada do mar, Cobb já estava no limbo; o que fora construído por ele e sua esposa Mal durante 50 anos. Foi esfaqueado por ela e, como o limbo é o último nível de sonho e o sedativo usado pela equipe era muito forte, ele simplesmente voltou ao ambiente. E se Cobb nunca saiu do limbo? Fica implícito de que de Saito e Cobb atiram um no outro, resultando assim, no despertar dos dois no avião onde a Inserção tomava lugar. No entanto, nunca vemos a ação ocorrer…

Pessoalmente, a teoria de que o fim do filme é de fato um sonho, não me satisfaz tanto quanto a ideia de que Cobb tenha realmente conseguido voltar para sua família. O filme acaba antes de o totem cair, mas não quer dizer que ele não tenha parado de girar. Se prestarem bem atenção no vídeo abaixo, ele balança um pouco antes de a fita acabar. Observem:

Página do Filme

É claro, essa era intenção de Christopher Nolan: gerar discussões inteligentes sobre as múltiplas possibilidades do final da história. Acho que essa é a verdadeira “Inception” do título…

 

Qualidade X Bilheteria

Posted in Artigos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 24 de agosto de 2010 by Lucas Nascimento

Semana passada, Scott Pilgrim contra o Mundo estreou nos cinemas norte-americanos, rendendo um resultado decepcionante nas bilheterias – que neste momento, estão lideradas por Os Mercenários – e, pior, a possibilidade de o longa não ver a luz do dia aqui nos cinemas do Brasil.


Vampiros que se Mordam: Sem comentários

Bons filmes fazem, sim, uma boa arrecadação, mas obviamente não são todos que possuem uma qualidade decente e um bom resultado monetário. Veja por exemplo, uma das estreias da semana nos EUA: a sátira Os Vampiros que se Mordam, que provavelmente é tão ruim e estúpido quanto os filmes anteriores da dupla de diretores (Espartalhões, Deu a Louca em Hollywood e outras “obras de arte”…), mas mesmo assim garantiu segundo lugar nas bilheterias. Talvez seja pelo fato de que Crepúsculo tenha uma legião de inimigos ( e estes tenham comparecido em massa nas exibições) ou, simplesmente,  o mau gosto de certos espectadores.

Sou completamente contra esse tipo de paródias e me deixa frustrado o fato de que essas porcarias até mesmo cheguem nos cinemas; a estreia do filme já está garantida no Brasil e não duvido de que fará um bom resultado por aqui. Aliás, por aqui as bilheterias também são decepcionantes. Caso você não saiba, O último Mestre do Ar lidera essa semana e nem vou comentar a injustiça de que A Origem não tenha ficado no topo sequer uma vez.


Inception: Qualidade e bilheterias caminham juntas

A Origem é o exemplo perfeito do ano de “qualidade e bilheteria”. Não só é o melhor filme de 2010, mas também já arrecadou mais de 500 milhões de dólares pelo mundo; isso sem precisar da potencial ajuda dos óculos 3D e suas conversões baratas, apenas um ótimo roteiro. E mesmo assim, o filme teve sua estreia adiada aqui no Brasil, fazendo com que a expectativa dos brasileiros aumentasse demais. Resultado? Recepção morna pela (maioria) dos críticos daqui.

Outra consequência desagradável do adiamento da estreia é o resultado pobre nas bilheterias. Veja o caso de Kick-Ass: Quebrando Tudo; o longa não se saiu bem nos EUA – em parte, devido a sua censura alta – e demorou quase dois meses para ser lançado no Brasil e foi um fracasso de arrecadação. Isso se deu por diversos motivos; falta de conhecimento no material original, censura alta, pouquíssima divulgação e, é claro, o download que a maioria já tinha feito.


Scott Pilgrim: Futuro apenas nos DVDs?

Voltando ao caso de Scott Pilgrim, parece que seguirá o caminho de Kick-Ass, isso é claro, se chegar a ser exibido por aqui. O filme recebeu boas críticas e a HQ é sensacional. Meu conselho às distribuidoras nacionais: deem uma chance aos filmes menos conhecidos e ignorem as porcarias que lhe são jogadas no colo.

Concorda? Discorda? Comente.