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| Planeta dos Macacos: O Confronto | Crítica

Posted in Aventura, Cinema, Críticas de 2014, Drama, Ficção Científica with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 18 de julho de 2014 by Lucas Nascimento

4.0

DawnApes
Malcom e Cesar

Se já é difícil fazer um reboot funcionar, imagina então a continuação de um reboot. Eu pessoalmente nem consigo acreditar que a Fox tenha acertado em cheio com Planeta dos Macacos: A Origem em 2011, sendo uma das grandes surpresas daquele ano e uma das mais eficientes retomadas de franquias até o momento. E se o trabalho de Rupert Wyatt já era competente o bastante, Matt Reeeves elegantemente eleva o nível da série com Planeta dos Macacos: O Confronto.

A trama se passa 10 anos após os eventos do anterior, com a humanidade praticamente devastada após a epidemia da Gripe Símia. Nos arredores do que um dia foi São Francisco, encontramos um grupo de humanos liderados por Dreyfus (Gary Oldman) lutando para sobreviver e obter novas fontes de energia. A solução é dada na forma de uma antiga represa hidrelétrica, que pode vir a reabastecer a eletricidade do grupo, mas no caminho está uma imensa colônia de macacos inteligentes liderada por Cesar (Andy Serkis). A fim de manter uma trégua, Malcom (Jason Clarke) e sua família são enviados para negociar.

Para um blockbuster de verão americano, Planeta dos Macacos: O Confronto é muito mais inteligente do que se poderia esperar. Compará-lo com uma obra como Transformers: A Era da Extinção, por exemplo, é um caso revelador: o filme de Michael Bay preocupa-se puramente em fazer rios de dinheiros com seu espetáculo de merchandising e emburrecer o espectador com sua ação retardada, enquanto o de Matt Reeves surpreende por oferecer um cuidado maior a seu roteiro e seus personagens. O texto de Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver é simples em estrutura e temática, aprofundando-se sobre os frágeis laços que humanos e macacos tentam formar a fim de coexistir, mas a História nos ensina que é uma situação quase impossível de se manter de forma estável. O trio engenhosamente equilibra os pontos de vistas de humanos e símios, e até cria belos paralelos entre as posturas de César e Malcom (ambos evitam conflito, lidam com companheiros radicais que o provocam e são pais).

E o roteiro ganha ainda mais força graças à direção precisa de Matt Reeves. Já percebi que o cara era talentoso em Deixe-me Entrar (mas por ser remake, as pessoas tendem a esquecer), e aqui ele tem a chance de brilhar em um filme que provavelmente será visto por muitos. Com uma razão de aspecto maior (1:85:1) a fotografia de Michael Seresin é certeira ao criar um mundo pós-apocalíptico crível, sempre apostando em tons frios e azulados – e  também as luzes alaranjadas que Reeves adora – garantindo um clima incômodo à produção, que também se beneficia de uma belíssima direção de arte. E mesmo que Reeves seja capaz de criar alguns dos mais lindos momentos do ano (que incluem pequenos gestos e ações entre humanos e macacos), ele logo nos lembra do real status da situação: uma cena silenciosa e contemplativa do filho de Malcom (Kodi Smith-McPhee, como cresceu o moleque) lendo com um orangotango é brutalmente cortada por uma onde dois humanos praticam artilharia com metralhadoras, em um exemplo da tensão existente entre os dois lados.

É um trabalho tão consistente e profundo, que confesso ter ficado um tanto desinteressado quando a ação enfim chega. Digo, os efeitos visuais de motion capture são absolutamente perfeitos, conferindo expressão e emoções a seus personagens símios (e Reeves é corajoso ao apostar em diversos momentos em que estes comunicam-se apenas por sinais), além de oferecer mais uma chance de Andy Serkis mostrar seu incomparável carisma. O que reclamo, é que as batalhas não me comoveram tanto quanto os eventos que culminam nestas, ainda que Reeves consiga tornar a invasão símia à base humana uma cena tensa, bem montada e temperada com a ótima trilha sonora de Michael Giacchino – que aqui se inspira claramente no trabalho de Jerry Goldsmith, responsável pela música do filme de 1968.

Planeta dos Macacos: O Confronto é um dos melhores filmes da franquia, corajosamente apostando em momentos intimistas e em uma longa construção atmosférica. Os efeitos estão melhores do que nunca, e é revelador notar que estes chegam a empalidecer diante daquele que é o grande triunfo do longa: o coração.

Certamente é uma evolução do blockbuster americano.

Obs: O 3D, mesmo que “nativo” é decente, mas não acrescenta muita coisa.

| Wolverine – Imortal | Hei, Wolverine luta contra samurais!

Posted in Ação, Adaptações de Quadrinhos, Cinema, Críticas de 2013 with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on 26 de julho de 2013 by Lucas Nascimento

3.0

TheWolverine
Wolverine e sua “yojimbo”: pontos altos do filme

“Go fuck yourself, preety boy!”, solta o mutante Wolverine em certo ponto de sua nova aventura-solo. A f-word sai novamente pelos lábios do personagem, o que é algo muito incomum de se ocorrer em um filme adaptado de quadrinhos (ainda mais um da Marvel) e também já define o tom de Wolverine – Imortal: a selvageria. Mesmo que seja um longa muito problemático, é algo muito mais digno para o Carcaju do que o nojento X-Men Origens: Wolverine.

A trama do filme é situada alguns anos após os eventos de X-Men – O Confronto Final, trazendo um Logan (Hugh Jackman, pela sétima vez!) andarilho e assombrado pela morte de sua amada Jean Grey (Famke Janssen). A situação muda quando ele conhece a misteriosa Yukio (Rila Fukushima), que o convida para ir ao Japão e aceitar o agradecimento de um veterano de guerra que Logan havia salvado há muito. Em Tóquio, o mutante é surpreendido com a repentina perda de seu fator de cura e os esquemas criminosos que envolvem uma poderosa família japonesa.

o Wolverine é sem dúvidas o personagem mais popular da franquia mutante nos cinemas. Já tendo entregado um retorno financeiro decente à Fox com o filme de 2009 (apesar das críticas negativas), mais uma aventura com Hugh Jackman foi encomendada e, dessa vez, por que não colocá-lo quebrando tudo no Japão? O eclético diretor James Mangold (de Johnny & June, Os Indomáveis e Garota, Interrompida) acerta na condução das mais variadas cenas de ação em solo asiático: luta insana em um veloz trem-bala, garras admantium chocando-se contra o metal de espadas samurais e até um exército ninja está no pacote, aliás nunca havia visto tanto sangue em um filme da Marvel. Jackman também faz valer a visita, já que o australiano continua trazendo as mesmas características do personagem – aqui, com muito mais brutalidade – com seu habitual carisma, que se destaca em um elenco (predominantemente japonês) que carece de boas atuações; com exceção talvez da exótica Rila Fukushima, cujas feições estranhamente belas – aliado à força de sua personagem – lhe garantem forte presença em cena.

O roteiro assinado por Mark Bomback e Scott Frank é até eficaz ao criar uma história coesa e que prenda a atenção, mas não que valha pelos 137 minutos que parecem muito mais longos do que realmente são. Mesmo que seja interessante apresentar uma nova história de amor (?) para o herói, a narrativa é repleta de personagens com motivações confusas e uns um tanto… cartunescos demais para ver a luz do dia (isso mesmo, ver a russa Svetlana Khodchenkova cuspindo ácido, ou seja lá o que for aquilo, é vergonhoso), sendo desnecessário comentar a estúpida reviravolta envolvendo um dos antagonistas e um certo Samurai de Prata. E lembra que o Wolverine tinha o fator de cura enfraquecido? Isso não o impede de tomar tiros à queima-roupa e sair voando no teto de um trem e correndo pela rua minutos depois. Imortal, de fato.

Mesmo que a produção impressione, Wolverine – Imortal não passa de uma mera curiosidade. Não acrescenta e nem prejudica a franquia X-Men, tornando-se uma história isolada que não necessariamente precisa ser vista para acompanhar a história dos mutantes no cinema. Basta a matadora cena extra que é revelada durante os créditos finais…