Arquivo para taxi driver

| O Protetor | Crítica

Posted in Ação, Críticas de 2014, DVD with tags , , , , , , , , , , , on 23 de dezembro de 2014 by Lucas Nascimento

3.5

TheEqualizer
Denzel Washington é Robert McCall

Às vezes, não é preciso muito para se fazer o ocasional filme de ação do sábado à noite. Muita porcaria é capaz de aparecer por aí (porque acredite, ação ruim existe, e é muito comum), mas vira e mexe algo realmente único pode surgir. Não que Antoine Fuqua tenha ido até a Lua com seu novo O Protetor, mas ele certamente produziu entretenimento genuíno.

A trama é adaptada da série de TV homônima de 1985, mas sai Edward Woodward e entra Denzel Washington para assumir o papel de Robert McCall, um agente secreto altamente treinado que tenta levar uma vida normal em sua aposentadoria. Quando uma organização russa de tráfico sexual coloca em risco a vida da jovem Teri (Chloë Grace Moretz), McCall resolve ir atrás dos responsáveis para servir justiça.

Se parar pra pensar, O Protetor é quase como Taxi Driver. Uma versão marrenta, cartunesca-trash e centrada em ação de Taxi Driver, sim, mas compartilha com a obra-prima de Martin Scorsese um incidente incitante de trama similar, voltado para algo aparentemente aleatório. McCall e Teri são amigos ocasionais, que compartilham uma conversinha aqui e ali, nada poderoso o suficiente para que o protagonista encarasse uma cruzada violenta e arriscada como tal. E isso é muito eficiente aqui, remanescência do herói de ação dos anos 80. Digo, McCall vai pro confronto final de ônibus… Esse é o herói do povo.

Washington surge excelente aqui, enfrentando uma série de inimigos que parecem ter sido engavetados de uma nada sutil propaganda pró-EUA da Guerra Fria. Temos lá os capangas grandes, com bigodes exóticos e cabeleiras nada realistas, e o grande vilão de Marton Csokas (pra mim, o Kevin Spacey russo) que já se apresenta como o mal em pessoa quando vemos seu corpo repleto de tatuagens com demônios, cabras e outros indicadores de “parada maligna”. Os encontros entre os polos opostos, seja num diálogo tenso num restaurante ou já na pancadaria, são interessantíssimos. Antoine Fuqua é um grande diretor, cuja câmera se move bem durante a ação, e também é criativo na composição de seus enquadramentos. Temos uma luta na chuva dentro de uma loja de departamentos., quer mais badass que isso?

Se peca em algo, é ao transformar McCall em uma espécie de super-humano obcecado com os movimentos alheios, na cópia mais descarada do Sherlock Holmes “moderno” possível. O longa também se estende ao tentar garantir que todas as pontas soltas da cruzada de McCall ficassem devidamente amarradas, mesmo que isso o leve a uma viagem relâmpago para Moscou.

O Protetor é um filme de ação despretensioso e divertidíssimo, agarrando-se a estereótipos e uma performance habitualmente agradável de Denzel Washington. Às vezes, não é preciso esquentar demais.

Chloe Moretz e Keanu Reeves recriam TAXI DRIVER

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , on 12 de outubro de 2011 by Lucas Nascimento


Chloe Moretz no papel que fora de Jodie Foster

O mais recente longa de Martin Scorsese, A Invenção de Hugo Cabret, foi exibido em uma sessão teste no Festival de Cinema de Nova York. O resultado foi bastante positivo e para celebrar a ocasião, a Bazaar organizou um portfolio com diversas cenas dos filmes do diretor recriadas por outros atores.

Muito bacana, mas o que me chamou mais a atenção, é o trabalho de Keanu Reeves e Chloe Moretz na homenagem à obra-prima suprema de Scorsese, Taxi Driver. Confira abaixo:


Chloe Moretz e Keanu Reeves

Para ver todas as fotos da Bazaar, clique aqui.

A Invenção de Hugo Cabret estreia no Brasil em 20 de Janeiro.

| Taxi Driver | O Homem em busca de seu propósito

Posted in Clássicos, Críticas de 2011 with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 19 de junho de 2011 by Lucas Nascimento


Robert DeNiro e o diretor Martin Scorsese, que faz uma ponta no filme

Poucos filmes americanos já realizados têm o mesmo impacto de Taxi Driver. Dirigido por Martin Scorsese, é uma obra prima magnífica movida por um estudo de personagem fascinante, com ênfase no descontrole mental e na vontade/necessidade do ser humano em “sair da coleira” e fazer algo completamente imprevisível.

Partindo do roteiro de Paul Scharder, a trama é sobre Travis Bickle, um veterano da Guerra do Vietnã que agora trabalha como taxista em uma decadente Nova York dos anos 70. A imundice e a podridão da sociedade o fazem iniciar uma luta para “limpar as ruas” e acabar com a prostituição, por meios violentos e sem precedentes.

Em mãos diferentes, Taxi Driver poderia até ser um filme de super-herói; com um sujeito normal saindo de sua zona de conforto em prol do bem maior, no entanto Martin Scorsese conduz a trama com o intuito de atingir algo maior, resultando em um devastador retrato psicológico do ser humano, simbolizado por Travis Bickle. O motorista de taxi não sabe exatamente qual o seu próposito ou seu objetivo específico, mas sua vontade de agir, em meio a uma tremenda solidão, é muito bem caracterizada pela performance magistral de Robert DeNiro.

Interpretando Travis com uma vivacidade extraordinária, o ator entrega uma das melhores performances de sua carreira – marcando sua segunda parceria com Scorsese. Começando como um homem normal, ele passa por uma transformação impressionante iniciada na excelente conversa com seu parceiro Wizard, onde o desejo animal e a ambição indescritível de Travis são perceptíveis apenas pelas expressões e os  gaguejos de DeNiro (“Estou com umas ideias ruins na cabeça”, ele diz); mesmo falando pouco e sem saber exatamente o que procura, é bem evidente para o espectador o que passa pela mente do personagem.

You talkin’ to Me?


Você tá falando comigo? A frase que virou bordão

Scorsese utiliza de diversas ferramentas para retratar essa transformação, como se buscasse um estopim. Um exemplo notável é quando ele encontra-se com colegas taxistas em uma lanchonete, e joga um analgésico em seu copo de água. O remédio começa a dissolver-se e borbulhar na água, enquanto Travis o observa atentamente; de forma como se ele estivesse, igualmente, borbulhando por dentro.

E se ele precisava de um estopim, encontrou-o ao conhecer a bela Betsy (Cybill Shepherd). A jovem trabalha em um escritório do partido do candidato à presidência Charles Palantine (vivido por Leonard Harris) e Travis é instantânemamente atraído por sua beleza radiante, que destaca-se em meio ao “resto” da sociedade (“Eles não podem tocá-la”). No entanto, difícil de se relacionar, o taxista estraga tudo depois de um encontro profundamente constrangedor em um cinema pornô. Scorsese faz algo curioso aqui: em uma conversa de telefone entre Betsy e Travis (do ponto de vista do protagonista), o diretor lentamente afasta a câmera do personagem, como se a tentativa de reconciliação do protagonista fosse tão patética a ponto de que a narrativa não necessitasse desperdiçar tempo naquela cena. Sutil, mas brilhante.

Isso leva o sujeito a desenvolver uma psicótica obssessão em assassinar o tal candidato, certamente em uma tentativa de chamar a atenção de Betsy. Ele compra armas e começa a treinar com elas, especialmente na clássica cena do “You talkin’ to me”, onde o taxista solta ameaças e gritos contra um espelho. Curiosidade: DeNiro improvisou a cena inteira,  a passo que o roteiro apenas dizia “Travis olha-se no espelho”. Incrível como tantas coisas marcantes acontecem fora do planejado.

A Chuva de Travis Bickle


A jovem Jodie Foster rouba a cena ao interpretar a prostituta Iris

Mas quando Travis fica obcecado em ajudar uma prostituta de 13 anos chamada Iris (vivida pela scene-stealer Jodie Foster, indicada ao Oscar por sua carismática performance), a trama fica ainda mais interessante. Isso porque vemos o sujeito criando afeição pela camada da sociedade que ele considera a podridão da cidade, apenas esperando por uma grande chuva que a lave das calçadas. Fica claro para o sujeito que muitos dos membros dessa camada não passam de vítimas. Nesse ponto, o motorista de taxi encontra seu objetivo e abraça sua missão, encarnando uma espécie de vigilante (com direito a um icônico moicano) e obceca-se em salvar Iris da prostituição, culminando em um violento clímax de tiroteio contra cafetões e criminosos.

O que nos leva – alguns spoilers aqui – àquela cena final. Taxi Driver oferece uma conclusão subjetiva para sua trama. Vemos Travis aparentemente normal, estabilizado e de volta ao seu emprego de taxista e levando Betsy, que está maravilhada com sua bem sucedida façanha sobre os criminosos, para sua casa. Uma conclusão assim é perfeitamente aceitável para quem aprecia um final feliz, mas os céticos sempre apontam uma segunda opção; no caso, a de que esse final seria imaginação de Bickle e que este teria morrido no tiroteio para salvar Iris. A partir deste ponto, é o espectador quem tira suas conclusões e teorias (ainda é necessário considerar o misterioso som quando o protagonista ajeita o retrovisor do táxi) e decide o destino de Travis Bickle. É a magia do cinema.

Por cima disso tudo, temos a hipnotizante trilha sonora de Bernard Herrmann. Autor de memoráveis composições (que vão de Cidadão Kane à Psicose) o maestro tem muita influência de jazz na música de Taxi Driver, com predomínio do teclado e do saxofone suave, que vai lentamente agravando seu tom. É uma ótima trilha, e infelizmente seu criador morreu algumas horas depois de terminá-la (em Dezembro de 1975), não tendo visto o impacto da obra ou sua indicação póstuma no Oscar da categoria.

Scorsese conduz a trama com a mesma eficiência com que Travis dirige seu taxi; vemos de tudo, acompanhamos diversos personagens e um retrato único da sociedade setentista, tudo pelos olhos de uma alma psicologicamente perturbada e isolada. Taxi Driver é a obra-prima do cineasta e um dos melhores filmes de todos os tempos.

Primeiro Clipe de Kick-Ass: Quebrando Tudo

Posted in Notícias with tags , , , , , , , on 22 de março de 2010 by Lucas Nascimento

Geralmente não dou muita atenção para clipes, mas Kick-Ass é Kick-Ass, por isso veja abaixo o primeiro clipe do filme (legendado), que mostra Dave Lizewski vestindo o uniforme de Kick-Ass pela primeira vez. Divertidíssimo, destaque para a referência de Taxi Driver. Confira:

E atenção, volte mais tarde pois estou procurando o segundo clipe para legendá-lo. Até lá.

ATUALIZAÇÃO: Como prometido, aqui está o segundo clipe do filme, que mostra Red Mist apresentando seu invejável carro ao herói Kick-Ass. O clipe está legendado por eu mesmo, aproveite: