Arquivo para narrativa

| O Pequeno Príncipe | Crítica

Posted in Animação, Aventura, Cinema, Críticas de 2015 with tags , , , , , , , , , , , , , on 24 de agosto de 2015 by Lucas Nascimento

3.5

Prince
O Pequeno Príncipe da Árábia

Certamente sou um caso à parte, mas eu nunca tinha lido ou pesquisado a respeito de O Pequeno Príncipe, clássico infantil do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Só quando sentei para assistir a esta adaptação em forma de animação que de fato entrei em contato com as inúmeras lições e mensagens que a história transmite em seus complexos 108 minutos. Ainda

A trama é esperta por se ambientar num mundo no qual O Pequeno Príncipe existe, sendo o elo de ligação de uma Jovem Menina (Clara Poincaré, no original em francês) com um velho Aviador (André Dussolier) que teria encontrado o Príncipe do título em uma de suas viagens. Uma improvável amizade nasce entre os dois, enquanto o mais velho tenta ensinar as lições de sua história enquanto procuram uma forma de reencontrar o enigmático Príncipe.

Até onde histórias infantis vão, O Pequeno Príncipe é incrivelmente maduro. Em seu núcleo, temos uma história repleta de importantes mensagens de vida, que vão desde o amadurecimento humano até a responsabilidade por atos individuais e valorização de um por certo momento, todas envoltas numa prosa requintada e rodeada de simbolismos. Quando o filme de Mark Osborne (responsável também por Kung Fu Panda) mergulha na historia de Saint-Laurent, a animação assume um lindíssima técnica stop motion ultrarrealista, conferindo no processo uma áurea quase mística para o Príncipe, que quase hipnotiza o espectador com seu olhar escuro e, ao mesmo tempo, curioso.

Na narrativa principal, a (inferior) animação 3D assume uma estética quase simétrica e com paletas cinzentas a fim de representar um mundo burocrático e obcecado com organização. A exceção fica com a casa do Aviador, marcada por cores mais vivas e um colorido quintal, que logo enfeitiçam a Jovem Menina para se libertar do mundo quase autoritário no qual habita. Quando esta parte para encontrar o Príncipe, é transportada para um mundo sombrio e que exacerba todas as características de seu próprio cotidiano, além de misturar-se elegantemente com as ideias de Saint-Laurent: mostrar as consequências da história do livro é uma decisão ousada, e que funciona bem dentro da diegética de Osborne. A imagem da Jovem Menina sendo acorrentada por grandes empresários engravatados em uma carteira escolar é provavelmente a mais icônica do longa, sendo poderosa o bastante para lembrar o clássico The Wall, do Pink Floyd.

O Pequeno Príncipe é uma delicada e inteligente adaptação do clássico de Saint-Exupéry contando com lindíssimas técnicas de animação stop motion e um roteiro forte que certamente deve agradar aos fãs.

| Vício Inerente | Crítica

Posted in Cinema, Comédia, Críticas de 2015 with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on 26 de março de 2015 by Lucas Nascimento

4.0

InherentVice
Joaquin Phoenix é Doc Sportello

Não acontece com tanta frequência, mas vira e mexe e aparece um filme como Vício Inerente. Sétimo filme do cineasta único Paul Thomas Anderson, oferece uma narrativa torta, confusa e que indubitavelmente vai deixar uma grande parcela do público perdida em sua viagem chapada e desconexa de 2h30. Não é uma experiência das mais confortáveis – e também não diria satisfatória – mas certamente provoca fascínio.

Adaptada pelo próprio PTA da obra homônima de Thomas Pynchon, a trama… Vamos tentar organizar isso de forma coesa… A trama começa quando o detetive Larry “Doc” Sportello (Joaquin Phoenix) é surpreendido por sua ex-namorada Shasta (Katherine Waterston), que pede sua ajuda quando descobre o complô da esposa de seu amante, Mickey Wolfmann (Eric Roberts), para trancafiá-lo num hospício. Paralelamente, Doc analisa dois casos que se relacionam com Wolfmann de alguma forma: o sumiço de um saxofonista (Owen Wilson) e a fuga de um guarda-costas que estaria envolvido com neonazistas.

Estruturalmente, Vício Inerente é uma bagunça, mas curiosamente isso não precisa ser um defeito – dependendo do ponto de vista. Suas tramas misturam-se através de diálogos malucos e repletos de gírias, o que compremente o fluir da narrativa e a compreensão da trama geral (eu, por exemplo, tive que ler um resumo do filme para compreender todos os seus pontos de virada e conexões entre histórias). Podemos dizer que a narrativa acelerada, com um zilhão de personagens e acontecimentos, é um reflexo da própria mente de Doc, dominado pela paranóia e lentidão de seu constante uso de maconha – e a fotografia de Robert Elswitt sabiamente aposta em sequências em que o personagem encontra-se cercado por neblina, prestando também a devida homenagem ao visual icônico do cinema noir.

Colocar a platéia sob os olhos de um entorpecido é um experimento interessante, e PTA mantém sua técnica invejável ao apostar em longos planos e enquadramentos fechados, muitas vezes centrado apenas em diálogos que vão ramificando-se de maneira curiosa (uma provocante cena em particular que envolve Doc e Shasta é desde já um dos pontos altos da carreira do cineasta). As consequências e surpresas são muitas, e o humor caricato do filme é acertadíssimo; ainda mais pela performance noiada de Joaquin Phoenix, completamente imerso no papel do detetive. O elenco estelar ainda conta com ótimas presenças de Josh Brolin, Owen Wilson, Martin Short e a já citada Katherine Waterston, cuja mera presença sensual em cena já é absolutamente hipnotizante.

O filme acerta também na escolha de sua trilha sonora (tanto a original de Jonny Greenwood quanto a vasta seleção de músicas da década de 70) e no design de produção, que explora com criatividade uma Los Angeles povoada por criaturas bizarras e coloridas à sua própria forma. Seja na surtada reunião hippie que simula a Santa Ceia de Michelangelo com pizzas ou o excêntrico culto descoberto por Doc ao longo da investigação, PTA acerta em sua representação.

Mesmo com inúmeras qualidades, Vício Inerente não funcionará completamente para todos, como filme e experiência. Tem momentos de verdadeira maestria cinematográfica, mas é um filme difícil de se acompanhar e fácil de se perder, e que certamente necessita de uma segunda visita.

Leia esta crítica em inglês.

| Dentro da Casa | Como olhar pelo buraco da fechadura

Posted in Cinema, Críticas de 2013, Drama with tags , , , , , , , , on 30 de março de 2013 by Lucas Nascimento

4.0

dans-la-maison
O jovem Claude oferece uma reviravolta à sua narrativa, enquanto é observado por seu professor

Não é algo que a maioria encontra facilidade em admitir, mas todo ser humano é um pouco voyeurista. Não necessariamente no sentido de obter prazer sexual, mas no próprio ato de observar outras pessoas, outras vidas. O próprio ato de se assistir um filme pode encaixar-se nessa categoria, já que por aproximadamente 2 horas, o espectador embarca no universo de outros personagens, fictícios ou não. Comandado pelo francês François Ozon, Dentro da Casa explora com inteligência tal conceito e suas variadas consequências, bem como os diferentes estágios na construção de uma história.

Adaptada da peça El chico de la última fila de Juan Mayorga, a trama acompanha Claude Garcia (o ótimo Ernst Umhauer), um estudante do ensino médio que passa a relatar suas visitas à casa de um amigo em textos narrativos, para depois apresentar a seu professor de literatura, Germani (Fabrice Luchini). Encantado com a habilidade do jovem em prender a atenção do leitor ao descrever fatos cotidianos, ele o acolhe e passa a lhe oferecer conselhos sobre como terminar a narrativa; ao mesmo tempo em que torna-se obcecado pelos personagens do texto.

A primeira impressão que se pode ter de Dentro da Casa é a de que trata-se de mais uma clássica variação da história “camaradagem entre mestre e aprendiz”; e pra ser sincero, não vai muito além disso, já que o roteiro de Ozon adota a típica fórmula de ajuda mútua e crescimento da intimidade entre os dois. O que torna a experiência diferenciada é a presença do voyeurismo, tanto nos protagonistas (o prazer de Claude em observar a família, e o de Germani em acompanhar as vidas alheias presentes na história de seu aluno) como naquele que é provocado no espectador. Mesmo que os eventos descritos nos textos de Claude venham repletos de clichês e estereótipos, a narrativa de Ozon nos prende durante os 105 minutos de duração; justamente porque queremos saber o que acontece com aquelas pessoas comuns.

Mas em certo ponto, o diretor começa a abandonar o voyeurismo e passa a se concentrar no processo de criação de uma história. É aí que o longa mostra sua inteligência ao brincar com a metalinguagem – como na divertida cena em que vemos Germain “invadindo” a narrativa de Claude e quebrando a 4a parede (ou seja, comunicar-se diretamente com o espectador) ao comentar os rumos da desta com seu aluno – e por oferecer um jogo de ficção vs. realidade. Entra em cena a questão da importância da invenção e manipulação de fatos dentro de uma narrativa, característica que engana o espectador ao – propositalmente – inserir a falsa morte de um dos personagens.

Com um bom ritmo que oferece uma diversificada combinação de suspense e humor, Dentro da Casa é um eficiente estudo sobre a elaboração de uma história, e a importância da ficção para torná-la surpreendente. Ao flertar tematicamente com o voyeurismo, François Ozon ainda oferece uma linda homenagem visual ao clássico Janela Indiscreta em seu plano final e deixa evidente que em todo lugar há uma história que merece ser contada.

| A Viagem | Tom Tykwer e os Wachowski navegam pelas nuvens

Posted in Aventura, Cinema, Críticas de 2013, Drama, Ficção Científica with tags , , , , , , , , , , , , , , on 12 de janeiro de 2013 by Lucas Nascimento

4.0


Jim Sturgess e Tom Hanks no primeiro segmento do filme

Quando as pessoas me perguntam sobre o que é A Viagem, eu me contenho em dizer simplesmente: “um filme que se passa em seis épocas diferentes”. Convenhamos, a curta sentença desperta grande interesse pelo longa e quando eu próprio descobri sobre o projeto, me perguntei como seria possível fazer uma obra de tal maneira. O que vemos na colaboração entre os irmãos Wachowski e Tom Tykwer é um filme diferente de tudo o que já vimos.

Partindo do intrincado livro de David Mitchell, Cloud Atlas é difícil de se sumarizar (afinal, são seis narrativas), mas vai aí um breve resumo, em ordem cronólogica dos eventos: um advogado navega pelo Pacífico no século XVII enquanto trata de uma doença; um jovem músico ajuda um compositor aposentado a escrever uma música revolucionária nos anos 30; uma jornalista investiga uma misteriosa usina nuclear nos anos 70; um idoso é enganado e preso em uma casa de repouso autoritária, planejando assim uma fuga nos dias atuais; um futuro distante mostra uma sociedade distópica; por fim, uma sociedade tribal pós-apocalíptica tenta sobreviver ao passo em que ajudam uma estrangeira a enviar uma mensagem de socorro.

Analisando assim, pode-se dizer que o filme tem de tudo. Abrange diversos gêneros distintos em uma projeção que enconsta nas 3 horas. Mas o que realmente surpreende não é a ousadia dos cineastas, mas sim como essas narrativas foram combinadas e como tantos elementos opostos conseguem fazer sentido. Não é uma relação óbvia, ainda que seja possível entender os pontos em comum entre as seis histórias com um pouco de atenção, e é nesse quesito que a direção do trio faz a diferença.


Doona Bae é Sonmi 451 no segmento de ficção científica

Os Wachowski e Tykwer conseguem traçar muitos paralelos visuais nas diferentes narrativas, o que torna possível uma identificação entre elas. Em determinado momento, é realmente emocionante ver o personagem de Jim Sturgess lutando para salvar duas vidas diferentes ao mesmo tempo e em épocas distintas (em situações igualmente distintas, uma cena em um navio mercantil e outra numa ponte futurista), e aí fica evidente qual é seu papel definitivo em todas as suas “6 vidas”. De maneira similar, todos os personagens que Hugo Weaving interpreta são malignos ou, no mínimo, desprezíveis; com destaque para sua monstruosa caracterização como um demônio que atormenta uma das vidas de Tom Hanks. E o ator talvez seja a grande alma da narrativa, já que seu personagem é um dos únicos que parece realmente evoluir. Não entrarei em detalhes muito profundos, mas basta dizer que Hanks começa de uma forma e chega ao final completamente diferente – aliás, todo o elenco passa por transformações físicas notáveis, graças a um magistral trabalho de maquiagem.

Sobre os valores de produção, não há do que reclamar. As filmagens aconteceram de forma separada (com Tykwer dirigindo o segundo, terceiro e quarto segmento e os Wachowski comandando o primeiro e os dois últimos) e, ainda que cada diretor ofereça seu próprio estilo, acertam em manter a mesma lógica visual. Experientes após a trilogia Matrix, Lana e Andy entendem mais de efeitos visuais do que o cineasta alemão – que hora ou outra, utiliza de green screens perceptíveis demais – mas este consegue “homenagear” seu excelente Corra, Lola, Corra em uma breve sequência de perseguição. E é claro, não esqueçamos do trabalho de Tykwer, Reinhold Heil e Johnny Klimek na espetacular trilha sonora; outro elemento fundamental para a conexão entre as seis tramas.

É difícil descrever Cloud Atlas. É uma experiência incrível que merece ser vivenciada nas telas de cinema e, ainda que imperfeita (eu particularmente não gosto do segmento final) é para se emocionar e discutir todos os seus significados. Um trabalho visionário, sem dúvidas.

Obs: Fiquem durante os créditos para conferir o excpecional trabalho de maquiagem.

Obs II: A VIAGEM? Que tradução escrota para o lindo CLOUD ATLAS.

| Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres | O intenso casamento entre David Fincher e a obra de Stieg Larsson

Posted in Cinema, Críticas de 2012, Indicados ao Oscar, Suspense with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 17 de janeiro de 2012 by Lucas Nascimento


Para se admirar e chocar-se: Rooney Mara perdida na pele de Lisbeth Salander

O diretor David Fincher ganhou prestígio e reconhecimento quando embarcou no gênero dos serial killers em 1995, com SE7EN – Os Sete Crimes Capitais. Cerca de dez anos depois, a trilogia Millennium – publicada postumamente pelo sueco Stieg Larsson – conquista milhões de leitores pelo mundo. Mesmo já tendo sido adaptada em uma minissérie europeia para a televisão, a união de Fincher com Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres mostra que os dois foram feitos um para o outro, rendendo um dos melhores filmes da carreira do diretor.

A pesada trama comporta em seu núcleo o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) que, após ser processado por difamação e ser afastado de seu cargo na revista “Millennium”, é contratado por um industrialista aposentado (Christopher Plummer) que lhe encarrega de investigar o misterioso desaparecimento de sua sobrinha, Harriet. Isolado em um chalé castigado por um inverno congelante, ele recebe auxílio da hacker Lisbeth Salander (Rooney Mara).

Como fã da obra de Larsson – e também de Fincher – minha expectativa em torno do longa era imensa e, felizmente, o resultado é nada menos do que satisfatório. As quase 500 páginas do primeiro livro da trilogia são comprensadas em um excelente roteiro assinado por Steven Zaillian (que este ano também co-assina O Homem que Mudou o Jogo, com Aaron Sorkin), que equilibra com maestria as duas linhas narrativas (de forma intrincada, acompanhamos a missão de Blomkvist e a vida abusiva de Salander) e apresenta diálogos verdadeiramente memoráveis, tal como aquele em que um dos personagens divaga sobre como conseguiu, com grande facilidade, induzir um outro a sua residência (“O medo de ofender é maior do que o da dor”). Zaillian respeita o livro e, apesar de algumas mudanças em sua conclusão, demonstra fidelidade ao material.

Isso porque, entenda, esse novo Millennium não é um remake do longa de 2009. Fincher e Zaillian entregam a sua versão, a sua própria narrativa, que difere selvagemente do filme de Niels Arden Oplen. Por esse motivo, dispenso comparações com o mediano filme sueco e me concentro apenas no magistral trabalho que Fincher designa. Detalhista como sempre, ele aposta no raciocínio do público e impressiona com sua execução nas cenas de investigação; dispensando diálogos, recorre a pequenas observações em manchetes de jornais e fotos antigas que ganham animações (esta última, sensacional), em um exercício de estilo.

E que estilo. Fincher nunca usou tantos recursos visuais (principalmente a mise en scène) para retratar um acontecimento em cena. Por exemplo, Blomkvist é apresentado em sua primeira cena descendo uma escada, simbolizando de forma sutil sua queda da alta da posição no jornalismo de sua revista; enquanto em um outro momento crucial da trama, observamos Salander e – em uma ação que raramente é usada – a câmera vira de cabeça para baixo, retratando não só a diferente perspectiva do mundo da hacker tatuada, como também uma mudança brusca no rumo na historia; onde ela literalmente vira de ponta-cabeça.


Meeting of minds: Daniel Craig e Rooney Mara em sua primeira cena juntos

Todavia, mais do que uma direção magistral e minuciosa, o elenco aqui é excelente. Claro que precisamos dar atenção especial à garota com a tatuagem de dragão, interpretada excepcionalmente por Rooney Mara, em uma das performances mais desafiadoras dos ultimos tempos. Magricela, cheia de pierciengs e protagonista de perturbadoras cenas de abuso sexual, a atriz pouco conhecida encarna todas as complexidades de Lisbeth, com intensa concentração e imersão total na personagem. Visualmente hipnotizante (merecem destaque os reponsáveis por seus distintos penteados ao longo da projeção), Mara está perfeita  e rouba cada segundo de cena em que aparece.

Além da protagonista, o sempre ótimo Daniel Craig oferece um Blomkvist expressivo e inteligente, sendo fascinante observar – já que este é mundialmente conhecido como James Bond – seu pânico ao enfrentar situações perigosas, como uma bala perdida em uma floresta ou uma tenebrosa cena de tortura (prestem atenção na escolha musical em tal momento). Christopher Plummer e Robin Wright brilham como, respectivamente, o industrialista Henrik Vanger e a co-editora Erika, enquanto Stellan Skarsgard oferece um retrato assustadoramente genial de Martin Vanger, irmão da jovem desaparecida.

Eficaz nas categorias técnicas, a pasteurizante fotografia de Jeff Cronenweth auxilia na composição de um ambiente sombrio e a engenhosa montagem de Kirk Baxter e Angus Wall fornece velocidade nas cenas mais complexas e à passagem de tempo (vide a ótima transição dada a partir de um cigarro sendo acendido), dando pulso à trama quando necessário. De forma similar, a obscura trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross (vencedores do Oscar por A Rede Social), guarnece acordes arrepiantes e que fogem completamente da música “padrão” dos longas contemporâneos, pontuando friamente a atmosfera, já sombria por natureza, da Suécia de Larsson.

Apresentando também com uma extasiante cena de créditos de abertura (que merecia até uma crítica a parte) Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres oferece tudo que a franquia literária merece, provindo um longa adulto e envolvente, catapultando a talentosa Rooney Mara ao estrelato e oferecendo, em uma rara ocasião, uma franquia blockbuster adulta.

E que David Fincher não recuse presença na direção de Millennium: A Menina que Brincava com Fogo.

Obs: Essa crítica foi publicada durante minha viagem em Nova York, em 16 de Janeiro.

Leia esta crítica em inglês.

| Taxi Driver | O Homem em busca de seu propósito

Posted in Clássicos, Críticas de 2011 with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 19 de junho de 2011 by Lucas Nascimento


Robert DeNiro e o diretor Martin Scorsese, que faz uma ponta no filme

Poucos filmes americanos já realizados têm o mesmo impacto de Taxi Driver. Dirigido por Martin Scorsese, é uma obra prima magnífica movida por um estudo de personagem fascinante, com ênfase no descontrole mental e na vontade/necessidade do ser humano em “sair da coleira” e fazer algo completamente imprevisível.

Partindo do roteiro de Paul Scharder, a trama é sobre Travis Bickle, um veterano da Guerra do Vietnã que agora trabalha como taxista em uma decadente Nova York dos anos 70. A imundice e a podridão da sociedade o fazem iniciar uma luta para “limpar as ruas” e acabar com a prostituição, por meios violentos e sem precedentes.

Em mãos diferentes, Taxi Driver poderia até ser um filme de super-herói; com um sujeito normal saindo de sua zona de conforto em prol do bem maior, no entanto Martin Scorsese conduz a trama com o intuito de atingir algo maior, resultando em um devastador retrato psicológico do ser humano, simbolizado por Travis Bickle. O motorista de taxi não sabe exatamente qual o seu próposito ou seu objetivo específico, mas sua vontade de agir, em meio a uma tremenda solidão, é muito bem caracterizada pela performance magistral de Robert DeNiro.

Interpretando Travis com uma vivacidade extraordinária, o ator entrega uma das melhores performances de sua carreira – marcando sua segunda parceria com Scorsese. Começando como um homem normal, ele passa por uma transformação impressionante iniciada na excelente conversa com seu parceiro Wizard, onde o desejo animal e a ambição indescritível de Travis são perceptíveis apenas pelas expressões e os  gaguejos de DeNiro (“Estou com umas ideias ruins na cabeça”, ele diz); mesmo falando pouco e sem saber exatamente o que procura, é bem evidente para o espectador o que passa pela mente do personagem.

You talkin’ to Me?


Você tá falando comigo? A frase que virou bordão

Scorsese utiliza de diversas ferramentas para retratar essa transformação, como se buscasse um estopim. Um exemplo notável é quando ele encontra-se com colegas taxistas em uma lanchonete, e joga um analgésico em seu copo de água. O remédio começa a dissolver-se e borbulhar na água, enquanto Travis o observa atentamente; de forma como se ele estivesse, igualmente, borbulhando por dentro.

E se ele precisava de um estopim, encontrou-o ao conhecer a bela Betsy (Cybill Shepherd). A jovem trabalha em um escritório do partido do candidato à presidência Charles Palantine (vivido por Leonard Harris) e Travis é instantânemamente atraído por sua beleza radiante, que destaca-se em meio ao “resto” da sociedade (“Eles não podem tocá-la”). No entanto, difícil de se relacionar, o taxista estraga tudo depois de um encontro profundamente constrangedor em um cinema pornô. Scorsese faz algo curioso aqui: em uma conversa de telefone entre Betsy e Travis (do ponto de vista do protagonista), o diretor lentamente afasta a câmera do personagem, como se a tentativa de reconciliação do protagonista fosse tão patética a ponto de que a narrativa não necessitasse desperdiçar tempo naquela cena. Sutil, mas brilhante.

Isso leva o sujeito a desenvolver uma psicótica obssessão em assassinar o tal candidato, certamente em uma tentativa de chamar a atenção de Betsy. Ele compra armas e começa a treinar com elas, especialmente na clássica cena do “You talkin’ to me”, onde o taxista solta ameaças e gritos contra um espelho. Curiosidade: DeNiro improvisou a cena inteira,  a passo que o roteiro apenas dizia “Travis olha-se no espelho”. Incrível como tantas coisas marcantes acontecem fora do planejado.

A Chuva de Travis Bickle


A jovem Jodie Foster rouba a cena ao interpretar a prostituta Iris

Mas quando Travis fica obcecado em ajudar uma prostituta de 13 anos chamada Iris (vivida pela scene-stealer Jodie Foster, indicada ao Oscar por sua carismática performance), a trama fica ainda mais interessante. Isso porque vemos o sujeito criando afeição pela camada da sociedade que ele considera a podridão da cidade, apenas esperando por uma grande chuva que a lave das calçadas. Fica claro para o sujeito que muitos dos membros dessa camada não passam de vítimas. Nesse ponto, o motorista de taxi encontra seu objetivo e abraça sua missão, encarnando uma espécie de vigilante (com direito a um icônico moicano) e obceca-se em salvar Iris da prostituição, culminando em um violento clímax de tiroteio contra cafetões e criminosos.

O que nos leva – alguns spoilers aqui – àquela cena final. Taxi Driver oferece uma conclusão subjetiva para sua trama. Vemos Travis aparentemente normal, estabilizado e de volta ao seu emprego de taxista e levando Betsy, que está maravilhada com sua bem sucedida façanha sobre os criminosos, para sua casa. Uma conclusão assim é perfeitamente aceitável para quem aprecia um final feliz, mas os céticos sempre apontam uma segunda opção; no caso, a de que esse final seria imaginação de Bickle e que este teria morrido no tiroteio para salvar Iris. A partir deste ponto, é o espectador quem tira suas conclusões e teorias (ainda é necessário considerar o misterioso som quando o protagonista ajeita o retrovisor do táxi) e decide o destino de Travis Bickle. É a magia do cinema.

Por cima disso tudo, temos a hipnotizante trilha sonora de Bernard Herrmann. Autor de memoráveis composições (que vão de Cidadão Kane à Psicose) o maestro tem muita influência de jazz na música de Taxi Driver, com predomínio do teclado e do saxofone suave, que vai lentamente agravando seu tom. É uma ótima trilha, e infelizmente seu criador morreu algumas horas depois de terminá-la (em Dezembro de 1975), não tendo visto o impacto da obra ou sua indicação póstuma no Oscar da categoria.

Scorsese conduz a trama com a mesma eficiência com que Travis dirige seu taxi; vemos de tudo, acompanhamos diversos personagens e um retrato único da sociedade setentista, tudo pelos olhos de uma alma psicologicamente perturbada e isolada. Taxi Driver é a obra-prima do cineasta e um dos melhores filmes de todos os tempos.

| Namorados para Sempre | Um depressivo olhar sobre o relacionamento

Posted in Cinema, Críticas de 2011, Drama, Indicados ao Oscar, Romance with tags , , , , , , , , on 12 de junho de 2011 by Lucas Nascimento


(500 Dias com Ela) versão hardcore

Buscando capturar um aprofundamento resiliente e poderoso em seus personagens, o diretor e co-roteirista Derek Cianfrance exigiu que seus atores principais – Michelle Williams e Ryan Gosling – morassem juntos por algumas semanas e convivessem como um casal de verdade. Realmente, a decisão deu frutos, já que a relação entre os dois é mostrada de forma realista e convincente.

Na trama que vai e volta no tempo, vemos como a relação entre Dean e Cindy começou e como ela anda alguns anos no futuro, quando são casados e tem uma filha pequena.

É realmente o jeito como Cianfrance conta a história. De forma linear teria sido normal e passível, mas ao proporcionar uma narrativa não linear, ele consegue tornar a experiência mais interessante (meio como David Fincher fez em A Rede Social) e esclarecedora para o futuro deprimente do casal. O espectador entende a situação e enxerga a forma como ela foi se desmantelando – bem parecido com (500) Dias com Ela, só que muito mais deprimente.

Claro que a narrativa não seria nada sem o esforço colossal de seus dois atores principais, que entram na pele de seus personagens e entregam performances arrasadoras. Michelle Williams foi indicada ao Oscar por seu trabalho e está muito boa, transmite a melancolia e a depressão de sua personagem de maneira eficiente e impressiona em uma inesquecível cena de sapateado (pelo que eu li, foi improviso). Mas é o carismático Ryan Gosling que chama mais atenção, isso porque o roteiro parece focar-se mais em Dean do que em Cindy, já que suas intenções e sentimentos são bem mais evidentes do que o de sua parceira. Indicar Williams e não indicá-lo também, foi injusto.

Outra grande força da narrativa vem da fotografia de Andrij Parekh, que contrasta de forma apropriada os tons entre as duas linhas temporais. A vida de casados é deprimente e monocromática (muito bem simbolizada pelo “quarto futurístico” de um mote), a passo que o ínicio do namoro é mais alegre e com cores mais fortes e vivas, como a vitrine de uma loja onde Cindy e Dean discutem música e sapateado.

Namorados para Sempre é um olhar original e deprimente sobre o início e a decadência de um relacionamento, colocando em discussão os fatores que a sustentam e o trabalho do casal em mantê-la viva. Certamente é uma grande ironia da Imagem Filmes lançar o filme em pleno fim de semana dos namorados…

| Pânico 4 | Um eficiente e sangrento retorno

Posted in Cinema, Críticas de 2011, Suspense, Terror with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 16 de abril de 2011 by Lucas Nascimento


Courtney Cox em mais um encontro com o assassino Ghostface

Onze anos  separam Pânico 4 de seu capítulo anterior e, de lá pra cá, muita coisa mudou no gênero de terror: a violência é muito mais explícita, franquias rendem inúmeras continuações desnecessárias e remakes surgem praticamente todo ano. Nesses tempos obscuros, Ghostface retorna para sua sátira ao gênero, saindo-se melhor do que o esperado.

Ambientada 15 anos após o primeiro filme, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna à fictícia Woodsboro onde reencontra velhos amigos e uma nova ameaça do assassino Ghostface, que agora possui novas regras.

A grande inovação proposta – e adequadamente executada – pela franquia Pânico é sua metalinguagem, que leva em consideração que seus personagens já viram outros filmes de terror e, portanto, sabem como sobreviver usando os clichês do gênero slasher como guia. Nesse novo mistério é apropriado como o roteiro de Kevin Williamson lida com o tema remake; seguindo exatamente a mesma estrutura do primeiro filme, deixando claro o desejo do assassino em refazer o filme original, mas com elementos atuais – sangue, exposição dos crimes, entre outros.

Uma ótima ideia que gera uma narrativa ao estilo do primeiro filme, mas que infelizmente traz uma quantidade excessiva de personagens, não encontrando tempo o suficiente para desenvolvê-los de forma complexa. Mas ainda assim, conseguimos atuações eficientes: Neve Campbell apresenta uma Sidney mais forte e madura, David Arquette continua divertido como o bobalhão Dewey e Courtney Cox é agradável como sempre.


Here’s Johnny! Emma Roberts prepara-se para conhecer Ghostface

No lado novo, temos personagens interessantes, mas que rementem ligeiramente aos do primeiro filme: Emma Roberts se sai bem como a emburrada Jill, enquanto Rory Culkin e Erik Nudsen divertem como os cinéfilos Charlie e Robbie, mas quem realmente se sobressai é Hayden Panettiere (da extinta série Heroes) como Kirby; fanática por filmes de terror, brilha na cena em que recita todos os remakes de terror já feitos na atualidade.

Wes Craven continua caprichando na direção, escolhendo bons ângulos e recursos visuais interessantes (a sequência de abertura é genial), criando um clima de suspense apropriado em certos momentos. Mas agora, ele tem outros recursos pelos quais Ghostface pode atacar: celulares, redes sociais e outras ferramentas, conseguindo retratar uma visão um tanto doentia da geração adolescente, mas que possui um certo fundo de verdade, mesmo que levada ao extremo em seu clímax.

Mais estiloso, mas com alguns problemas de roteiro e personagens, Pânico 4 é um belo retorno do assassino Ghostface, que captura bem a forma do gênero atual e oferece um entretenimento genuíno aos fãs. Quanto à identidade do vilão, é a maior surpresa da franquia.

| Não Me Abandone Jamais | Drama pesado e surrealista

Posted in Cinema, Críticas de 2011, Drama, Romance with tags , , , , , , , , , , , , , on 3 de abril de 2011 by Lucas Nascimento


Quem vai pedir lasanha?: Carey Mulligan, Keira Knightley e Andrew Garfield

Não me Abandone Jamais é um filme interessante, que certamente é uma adaptação difícil do complexo livro de Kazuo Ishiguro, tratando de temas complicados e éticos, em diversas. Muita coisa acontece em apenas 95 minutos de projeção, para lado positivo e para negativo.

Em uma trama sugestiva e quase surreal, os amigos Kathy, Tommy e Ruth são internos de um rígido e misterioso internato da Inglaterra, que os rotula como “especiais”. Anos se passam e, adolescentes, devem entender o propósito de suas vidas e como o internato afetou-as.

Vendo trailer e cartazes, pode parecer mais um drama romântico melodramático, mas há muito mais escondido sob essa repentina definição. Uma camada de ficção-científica surrealista – mas, adequadamente sugestiva – é presente em toda a narrativa, oferecendo um tom frio que é mais evidente, e bem-sucedido, na meia-hora inicial do filme; quando acompanhamos as crianças do internato. Bom nos enquadramentos, o diretor Mark Romanek consegue transmitir a atmosfera peculiar da escola com simples detalhes; como a pulseira eletrônica e uso do vento em determinados momentos, culminando na chocante revelação sobre o objetivo do internato.

O roteiro de Alex Garland se destaca nesse primeiro bloco, entitulado “Hailsham”, por descrever com habilidade a rotina das crianças do internato e também o medo e expectativas sobre o que os aguarda do outro lado. A relação entre os jovens protagonistas é natural e espontânea, grande trabalho dos atores mirins – com destaque para Isobel Meikle-Small, que interpreta Kathy.

Do segundo bloco para frente, o filme não apresenta a mesma força de “Hailsham”. Agora crescidos, o trio é vivido por Carey Mulligan (cada vez melhor), Keira Knightley (forçada) e Andrew Garfield (carismático ao extremo), e uma espécie de triângulo amoroso é armado, mas que simplesmente não prende o espectador como as situações sugestivas do internato. Mas o tom de isolamento é excelente: destaque para a cena da lanchonete, onde os personagens apresentam grande medo em relação ao mundo exterior.

Ganhando mais força em seu dramático e pesado clímax, Não Me Abandone Jamais é um filme difícil, com temática interessante e toques surrealistas impressionantes. Quem espera um simples romance pode surpreender-se.

Sexy Beast | Especial SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL

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O novo filme de Zack Snyder chegou aos cinemas brasileiros! Prometendo muita ação e visuais sublimes, Sucker Punch – Mundo Surreal também é o tema deste especial. Aproveite:


Zack Snyder na Comic-Con do ano passado

Depois de comandar duas grandes adaptações de HQs – 300 e Watchmen – o cineasta Zack Snyder prepara-se para lançar seu novo filme; primeiro trabalho que parte de um argumento original, a questão é: vale a pena ou será apenas um longa visualmente bonito?

Snyder começou a idealizar o projeto em 2007, mas deixou-o de lado para filmar Watchmen. Terminada a adaptação, ele fez a animação A Lenda dos Guardiões e, finalmente, o épico de metralhadoras, mulheres e dragões . O que o cineasta queria era “um filme com cenas de ação que desafiem as limitações reais, mas que não perdesse a história”. A Warner deu sinal verde após o sucesso comercial de Watchmen, e Sucker Punch ganhava vida.

Em Março de 2009, começou a escalação de elenco, composto predominantemente por mulheres. Após selecionadas, as atrizes treinaram, por cerca de 12 semanas, diferentes tipos de coreografias de luta; todas suficiente para encarar as diferentes cenas de ação em cenários distintos que o longa promete.


Snyder dirigindo Emily Browing no set

Dando vida a esses cenários, está Rick Carter (na direção de arte) e as empresas de efeitos visuais Animal Logic e Moving Picture Company, que criaran a maioria dos ambientes pela tela verde – Snyder já é especialista no assunto após gravar 300 e Watchmen com essa técnica -, através da computação gráfica. Isso ficaria bacana em 3D não é? Não é o que o diretor, felizmente, acha; descrevendo a conversão para o formato como “problemática”.

Sucker Punch é sobre uma viagem cheia de ação ao interior da mente humana, onde não há regras ou limites físicos, podendo materializar armas e itens necessários (só eu lembrei da Origem?), para fugir de um hospício. É também o segundo filme de Snyder que não pega a censura R (que equivale a 16 ou 18 anos no Brasil), classificando-se como PG-13.

Se o filme funcionar ou não, o grande trabalho de Snyder ainda está por vir: o novo Superman está nas mãos dele.

As belas e perigosas protagonistas do filme (Perdoem a falta de informações, realmente há pouco disponível sobre elas):

Babydoll | Emily Browning

Após a morte de seus entes queridos, Babydoll é aprisionada em um hospício por seu cruel padrasto – após uma tentativa frustrada de estupro. Lá, conhece as outras internas e descobre o mundo imaginário onde ela deverá lutar para sobreviver e libertar-se da prisão.

Blondie | Vanessa Hudgens

A mais experiente em combates.

Sweet Pea | Abbie Cornish

Provavelmente a mais estressada e pé-n0-chão do filme, contradiz às ideias e o plano de Babydoll, não confiando no seu sucesso, mas embarca na aventura como proteção às suas amigas.

Amber | Jamie Chung

Uma leal companheira, é o braço direito de Babydoll

Rocket | Jena Malone

Sincera e sem rodeios, diz tudo o que pensa e é muito determinada, ficando do lado de Babydoll o tempo todo. É também grande amiga de Sweet Pea.

Não é difícil encontrar filmes com lindo visual, por isso recordo aqui 4 excepcionais cenários criados por computador:

Grécia – 300

O primeiro grande sucesso de Snyder, 300 apresenta tons pastéis que parecem dar vida a uma pintura. Alto contraste e com grande uso da luz solar, é um filme belíssimo.

Pandora – Avatar

Abocanhando ambos os Oscars de Fotografia e Direção de Arte, Avatar é o primeiro filme com cenários totalmente digitais a ganhar na primeira categoria. Os efeitos visuais são espetaculares, cenas diurnas apresentam uma variedade impressionante de cores, enquanto nas noturnas, é uma estupefata bioluminescência de tons azuis. Lindo.

Londres – Sweeney Todd

A Londres vitoriana já foi recriada digitalmente muitas vezes (destaque para Sherlock Holmes), mas ganha um peculiar toque sinistro no suspense musical de Tim Burton. O céu, sempre nublado e cinzento apresenta-se como grande responsável pelo tom sombrio da narrativa.

Marte – Watchmen – O Filme

Mais um vindo de Snyder (falo sem medo, ele é o melhor quando se trata de visual), a adaptação dos quadrinhos de Alan Moore ganha cenários autênticos e fieis à história, mas destaca-se o vermelho do planeta Marte. A mistura com o azul luminoso do Dr. Manhattan causa um ótimo efeito.

Como Sucker Punch é um filme onde são as garotas quem chutam traseiros, recordemos aqui outras mulheres que deram trabalho aos vilões:

A Noiva

Na pele de Uma Thurman, a Noiva foi traída por seu grupo criminoso, atacando-a no dia de seu ensaio de casamento. Recuperada, ela vai atrás de cada um deles, enfrentando gangues yakuza, cobras, assassinos, venenos e até uma sepultura. E sempre com estilo…

Trinity

Sempre com apertadíssimo couro preto, Trinity arrebenta programas e agentes com suas invejáveis habilidades marciais, que incluem Kung Fu e Jiu-Jitsu. Também usa muitas armas de fogo e pilota desde motos até helicópteros.

Hit-Girl

Com apenas 12 anos de idade, a letal Hit-Girl é perita em combates corpo-a-corpo, armas de fogo e até espadas. Retalha uma gangue de traficantes e encara sozinha um corredor repleto de mafiosos armados e vê isso como grande diversão. Orgulho de Big Daddy.

Tenente Ripley

Começando como vítima em perigo em grande parte do primeiro filme, a Tenente Ripley transformou-se no desafio supremo dos aliens nos vindouros filmes da franquia. Sigourney Weaver traça a persona correta e adequada – tendo sido indicada ao Oscar pelo segundo filme.

Como parte da divulgação do filme, foram lançados alguns curtas animados, inspirados em elementos e personagens do filme. A animação foi feita por Ben Hibon e é uma boa curiosidade e material de universo expandido. Confira:

As Trincheiras

Dragão

Planeta Distante

Guerreiros Feudais

 

Um pouco sobre o som de Sucker Punch:

Compositor habitual de Zack Snyder, Tyler Bates retorna para trabalhar na trilha original do filme. A lista de faixas ainda não foi divulgada, mas sim uma com canções interessantes, que prometem novas versões de músicas existentes, veja-a:

  1. Sweet Dreams (Are Made Of This) – Emily Browning
  2. Army of Me (Sucker Punch Remix) – Björk featuring Skunk Anansie
  3. White Rabbit” – Emiliana Torrini

  4. I Want It All”/We Will Rock You – Queen with Armageddon Aka Geddy
  5. Search And Destroy – Skunk Anansie
  6. Tomorrow Never Knows – Alison Mosshart and Carla Azar
  7. Where Is My Mind? – Yoav featuring Emily Browning

  8. Asleep – Emily Browning

  9. Love Is The Drug – Carla Gugino and Oscar Isaac

Por enquanto, apenas 30 segundos de cada faixa estão disponíveis, elas podem ser ouvidas aqui:

Sweet Dreams com a voz sexy de Emily Browing é disparado minha preferida.

Bem, o especial acaba por aqui – realmente não sei mais sobre o que falar -, mas aguardemos a crítica do filme, pra ver se todo o esforço visual valerá a pena.

Ficha técnica