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| Hitchcock | Os cartunescos bastidores do maior suspense do cinema

Posted in Cinema, Críticas de 2013, Drama, Indicados ao Oscar with tags , , , , , , , , , , , on 2 de março de 2013 by Lucas Nascimento

3.0

Hitchcock
Anthony Hitchcock, ou Alfred Hopkins

É inegável o impacto que Psicose de Alfred Hitchcock teve na indústria cinematográfica, e que mantém-se até hoje. Não só impecável como narrativa e técnica, o longa de 1960 ajudou a abrir portas em diversos quesitos de censura e na elaboração de campanhas de divulgação que prezavam o sigilo em torno da trama. Com tamanha importância do filme, é frustrante que Hitchcock prefira se concentrar em dramas e caricaturas de seu criador ao invés do legado de seu produto.

Adaptada do ótimo livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de ‘Psicose’ de Stephen Rebello, a trama acompanha o cineasta (Anthony Hopkins) em sua busca pelo projeto que seguiria Intriga Internacional. Na tentativa de se inovar, ele opta pelo livro de Robert Bloch e, aliado a isso, os desafios de uma produção independente e controversa.

É difícil transformar os bastidores de Psicose em um longa-metragem consistente, já que a produção não foi realmente tão conturbada. Claro, houveram inúmeras desavências entre o diretor e a Paramount e as filmagens chegaram a atingir um atraso de 5 dias, mas nada sensacionalista como o diretor Sacha Gervasi sugere; a cena do chuveiro, por exemplo, é retratada aqui como um incidente estressante e movido pela raiva de Hitchcock, mesmo que todos os envolvidos naquela produção tenham afirmado que as gravações de tal momento foram rotineiras e “normais”.

Mas isso não chega a ser uma surpresa, já que o longa já se assume como ficção ao iniciar sua narrativa com uma típica abertura do outrora popular programa Alfred Hitchcock Presents. É uma técnica muito divertida, mas incapaz de sustenstar os curtos 98 minutos de duração. É aí que os roteiristas John J. McLaughlin e Stephen Rebello erram ao introduzir uma trama secundária absolutamente descartável que traz a esposa do diretor, Alma Reville (a ótima Helen Mirren), trabalhando com o roteirista Whitfield Cook (Danny Houston), provocando reações ciumentas por parte do protagonista. Elementos clichês e formulaicos que só são suportáveis graças à dinâmica entre Mirren e Hopkins, cuja maquiagem e atuação levemente caricata se unem para dar vida a “Alfred Hopkins”.

E no quesito de explorar os sentimentos e pensamentos de Hitchcock, o longa é criativo ao apostar em delírios decorrentes onde o diretor tem conversas com o assassino Ed Gain (que foi a principal fonte de inspiração para o romance de Robert Bloch), que mostram não apenas sua obsessão pelo projeto, mas também suas principais fraquezas: “às vezes só queria que alguém dissesse que sou bom”, desabafa Hitch em certo devaneio. Diante dessa constatação, é admirável ver sua alegria sádica ao acompanhar a reação da plateia diante da estreia do filme – e também ver sua esposa ter o devido reconhecimento por suas fundamentais contribuições.

Deixando de lado eventos que poderiam ser interessantes (como o envolvimento do artista Saul Bass) e abraçando a fantasia, Hitchcock é uma experiência divertida e que ajuda a entender um pouco mais sobre o Mestre do Suspense e a ajuda fornecida por sua esposa. Mas no assunto do impacto e legado de Psicose, um documentário seria muito mais envolvente.

Obs: Tendo em mente todas as referências que traz a “Os Pássaros”, o filme daria uma eficiente sessão dupla com o telefilme “A Garota” da HBO, que é ambientado logo após o período de “Psicose”.

Hitchcock Five

Posted in Diretores, Especiais with tags , , , , , , , on 27 de fevereiro de 2013 by Lucas Nascimento

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Good Evening.

Com a pegada de Anthony Hopkins para Alfred Hitchcock chegando aos solos nacionais na próxima sexta, compartilho aqui com vocês meus 5 filmes preferidos do mestre do suspense. Lembrando apenas que ainda falta-me uma considerável quantia de longas para assistir, mas aí vai:

Festim Diabólico (1948)

4.5

rope

Visando um longa de ações quase interruptas, Hitchcock promove uma narrativa quase que inteira em planos-sequência e longas tomadas (claro que há alguns cortes perceptíveis escondidos), levando a experiência de Festim Diabólico a algo próximo de uma peça teatral. A trama centra-se no jogo sádico de dois assassinos misturados juntos a uma grande festa que – logo após enforcarem o convidado principal – testam a inteligência e capacidade de seus participantes.

Janela Indiscreta (1954)

5.0

window

Dentre todos os que já vi, provavelmente é meu preferido. Honrando o título de “Mestre do Suspense”, Hitchcock cria tensão a partir de uma única locação e um protagonista fisicamente debilitado, abraçando o voyerismo e sustentando a dúvida se o vizinho de James Stewart seria ou não um assassino. Com excelente ritmo até os minutos finais, Janela Indiscreta ainda conta com muito humor negro e a presença sempre irradiante da musa Grace Kelly.

Um Corpo que Cai (1958)

5.0

vertigo

Um dos mais desafiadores e curiosos filmes de Hitchcock, traz um impressionante jogo de reviravoltas e impecável uso de diferentes cores. Um Corpo que Cai traz o fetiche do diretor com louras adicionadas ao medo de altura do personagem de James Stewart (em sua colaboração final com o cineasta). Tendo a implacável obsessão por uma mulher de um vertiginoso detetive como foco principal, o longa é instigante e traz uma conclusão surpreendente.

Intriga Internacional (1959)

4.5

north

Sempre admirador da premissa do sujeito comum que embarca em uma situação fantástica, o diretor faz de Intriga Internacional um dos mais divertidos filmes de sua carreira. Na aventura de espionagem, o protagonista Cary Grant é confundido com um agente secreto e acaba por enfrentar diversos impasses para sair vivo e comprovar sua real identidade. Hitch troca o suspense pela ação e, como de costume, cria imagens antológicas que vão da perseguição do aeroplano até o confronto no monte Rushmore.

Psicose (1960)

5.0

psycho

O filme que mudou para sempre a História do cinema, e principal tema de Hitchcock. Adaptação de um já controverso livro de Robert Bloch, Psicose é um suspense surpreendente que engana magistralmente o espectador e esconde seu perverso segredo sem deixar indícios óbvios. Famoso pela agora icônica cena do chuveiro – que corajosamente mata a protagonista em 30 minutos de projeção – o longa é uma pérola do cinema e merece ser estudado e reassistido diversas vezes. E sem confundir com aquele remake nojento de Gus Van Sant de 1998.

E aí, quais são os preferidos de vocês?

Veja o primeiro trailer de HITCHCOCK

Posted in Trailers with tags , , , , , on 10 de outubro de 2012 by Lucas Nascimento

O filme sobre os bastidores de Psicose, clássico do mestre Alfred Hitchcock, acaba de ganhar seu primeiro trailer. Minha desconfiança quanto à maquiagem e o filme em si foram embora: parece ótimo. Confira abaixo:

Hitchcock estreia nos EUA em Novembro

Anthony Hopkins transformado em HITCHCOCK

Posted in Notícias with tags , , , , on 18 de abril de 2012 by Lucas Nascimento

Saiu hoje a primeira imagem de Anthony Hopkins (sim, é ele mesmo) caracterizado como o lendário diretor Alfred Hitchcock, na biografia a ser dirigida por Sacha Gervasi. A trama é ambientada durante as conturbadas filmagens de Psicose.

Será que Hopkins vai sair do pilot0-automático e seguir para seu segundo Oscar?

Especial para o Halloween III

Posted in Especiais with tags , , , , , , on 30 de outubro de 2011 by Lucas Nascimento

Ao contrário dos anos passados, onde recomendei bons filmes de terror, vou fazer algo diferente este ano. Com o Halloween rolando hoje, selecionei algumas composições musicais assustadoras. Confira:

O Exorcista

Psicose

Tubarão

O Iluminado

A Hora do Pesadelo

Bem, é só isso por este ano. Prometo coisas melhores (e mais assustadoras) para 2012… Feliz Halloween!

| Psicose | E o Cinema nunca mais foi o mesmo

Posted in Clássicos, Críticas de 2011 with tags , , , , , , , , on 20 de fevereiro de 2011 by Lucas Nascimento

ATENÇÃO: A crítica possui spoilers sobre a trama. Recomenda-se apenas para quem já assistiu o filme.

Alfred Hitchcock contribuiu para o cinema de muitas formas, seja em técnicas visuais ou elaboração de suspense (o cineasta praticamente inaugurou o gênero) no desenrolar narrativo. O grande ápice de sua carreira, e também seu projeto mais famoso, é Psicose, uma inesquecível e surpreendente história de assassino, que mudou para sempre o gênero terror/suspense.

O longa acompanha a jovem, que pretende fugir com seu amante após roubar da agência em que trabalha, um envelope cheio de dinheiro. Com medo, ela deixa a cidade onde mora e pega a estrada, hospedando-se no deserto Motel Bates, onde as coisas fugirão do plano.

Desde seus minutos inciais, o diretor consegue prender a atenção do espectador ao apresentar a jovem Marion Crane que, mais do que tudo, quer passar dias felizes com seu amante. O que a leva a roubar o dinheiro de um cliente e fugir; mesmo errada, aceitamos sua justificativa e acompanhamos a personagem até sua estadia no Bates Motel, onde conhece o simpático proprietário Norman Bates, atormentado por sua mãe.

E todo bom cinéfilo sabe do desfecho: Marion é assassinada enquanto tomava banho – uma das mais bem elaboradas sequências de todos os tempos -, por quem parece ser, a mãe de Norman. É ousado e requer maestria para continuar a narrativa após a morte de sua protagonista, mas Hitchcock segura as pontas e torna o suspense ainda maior, pregando uma grande peça na mente do espectador sobre a identidade do assassino; notável, considerando que ele é o próprio Bates.

Após o assassinato de Crane, Norman praticamente assumi o manto de protagonista e o cineasta consegue passar a ele uma imagem de bom moço, mas com um leve nível de perturbação. Na verdade uma loucura, porque Bates tenta manter sua falecida mãe viva ao vestir suas roupas e usar uma peruca; o plano final com o rosto dos dois se dissolvendo é inesquecível.

Filmado com maestria e repleto de enquadramentos memoráveis, Psicose é uma deliciosa aula de cinema, com suspense intrigante e ótimas atuações. O melhor filme do mestre Hitchcock.