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| Êxodo: Deuses e Reis | Crítica

Posted in Aventura, Cinema, Críticas de 2014, Drama with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on 29 de dezembro de 2014 by Lucas Nascimento

3.5

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Christian Bale é Batman. E Moisés. Deal with it.

Com Noé oferecendo um excelente estudo de personagem em meio a uma trama religiosa que provoca questionamentos, confesso que não esperava muito de Êxodo: Deuses e Reis. Parecia mais espetáculo do que o de Darren Aronofsky, e anda difícil confiar em Ridley Scott ultimamente, mesmo que tenha um afinco especial pelos épicos. Mas olhar, além do espetáculo , o filme consegue surpreender em questões mais profundas.

O roteiro, que traz as assinaturas de Bill Collage, Adam Cooper e Steven Zaillian, se dedica a adaptar boa parte do livro do Êxodo, concentrando-se na vida de Moisés (Christian Bale). Primo adotivo do faraó Ramsés (Joel Edgerton), quando sua origem hebraica é exposta, ele é banido do reino e enviado junto a seu povo. Com ordens nebulosas daquele que ele crê ser Deus, ele desafia o poder de Ramsés e luta para libertar os hebreus de uma escravidão de 400 anos.

Dá até medo de entrar num filme destes, já que a garantia de exaustão é um perigo real. E de fato, em suas exaustas 2h30 de duração, Êxodo ganha e perde ritmo com frequência, e sua enorme quantidade de eventos, fases e passagens dos anos contribuem para isso; posso apenas imaginar como deve ter sido difícil para o montador Billy Rich organizar uma narrativa com tantos acontecimentos. Por outro lado, isso também garante que Êxodo possa se diversificar e garantir soluções elegantes para eventos que teriam sido maiores (e menos interessantes). A relação de Moisés com sua esposa Zipporah (María Valverde), por exemplo, é muitíssimo bem resolvida em duas cenas-chave que trazem o mesmo diálogo, só que colocadas em dois momentos diferentes da narrativa.

Especialista em capturar a grandiosidade que um épico necessita, Scott não deixa a desejar. O design de produção reconstrói (com computação gráfica e cenários reais) a imponência e magnitude dos palácios egípcios, assim como as decadentes habitações hebraicas. Os cenários e locações na Espanha (como as Ilhas Canárias) servem de palco para cenas de ação espetaculares, especialmente – como devem imaginar – o clímax que envolve um certo Mar Vermelho. A evocadora trilha sonora de Alberto Iglesias ajuda bastante.

Sempre intenso e entregue de corpo e alma a seus personagens, Christian Bale está ótimo, e constrói um Moisés forte e também complexo. Aliás, a complexidade e o questionamento é algo que sinceramente não esperava ver com tanta força aqui. Como Êxodo é um livro do Antigo Testamento, Deus aqui é um cruel assassino em massa em que garante pragas terríveis para os egípcios, e Scott é eficiente ao mostrar graficamente o efeito de ataques de crocodilos, pragas de gafanhotos e infecções de pele grotescas. Chega a causar um incômodo no espectador, e o tal êxodo do título nem é tão catártico, ou melhor, maniqueísta quanto poderia ter sido – o povo egípcio era merecedor de algo tão monstruoso? Muitos inocentes certamente foram trucidados, e os próprios hebreus sofriam como consequência (“Está atacando a quem?”, questiona o protagonista). Aliás, a ideia de representar Deus na Terra na forma de uma criança raivosa e vingativa é bem reveladora.

Êxodo: Deuses e Reis é um filme eficiente e que surpreende em sua abordagem, ainda que seja uma experiência maçante e cansativa em alguns momentos. Um épico que faz jus à promessa, e ainda oferece algo a mais.

Obs: O 3D do filme é bem decente.

Obs II: Entendo que é um filme sobre Moisés, mas Sigourney Weaver é imensamente desperdiçada aqui… Quero dizer, é a reunião “Alien” entre ela e Scott!

Christian Bale desiste do filme de Steve Jobs

Posted in Notícias with tags , , , , , , , on 3 de novembro de 2014 by Lucas Nascimento

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A cinebiografia de Steve Jobs que Aaron Sorkin escreve para a Sony está se tornando um projeto difícil. Após a recusa de David Fincher para dirgir e a de Leonardo DiCaprio para atuar, agora é Christian Bale quem desiste do longa. Não há um motivo revelado à imprensa, apenas de que as negociações entre Bale e o diretor Danny Boyle não foram concluídas.

Agora, o estúdio recomeça a busca por um novo ator. De qualquer forma, sempre teremos Ashton Kutcher…

Brincadeira.

Christian Bale como Steve Jobs? (De novo)

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , on 15 de outubro de 2014 by Lucas Nascimento

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Há alguns meses atrás, David Fincher anunciou que escolheria Christian Bale para estrelar sua biopic de Steve Jobs, com roteiro de Aaron Sorkin. Com a saída do diretor, a Sony recorreu à Danny Boyle para tocar o projeto, cuja estrutura teatral se concentra em pontos específicos da vida do criador da Apple.

A escolha inicial de Boyle para Jobs era Leonardo DiCaprio, mas a recusa do ator levou o diretor de volta para Christian Bale, que já estaria negociando sua participação com o estúdio. Vamos aguardar uma confirmação.

Sem previsão de estreia para o filme.

ATUALIZAÇÃO: É oficial, Bale será Jobs no filme.

Primeiro trailer de EXODUS: GODS AND KINGS

Posted in Trailers with tags , , , , , , , , , , , on 8 de julho de 2014 by Lucas Nascimento

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Depois dos cartazes, a Fox liberou o primeiro trailer de Exodus: Gods and Kings. Estou espantado com a beleza visual da produção, que tudo indica ser a maior da carreira de Ridley Scott. Confira:

O elenco traz Christian Bale na pele de Moisés, e ainda conta com Sigourney Weaver, Joel Edgerton, Aaron Paul, Ben Kingsley e John Torturro. Bill Collage e Adam Cooper assinam o roteiro, que foi reescrito pelo experiente Steven Zaillian (A Lista de Schindler, Hannibal e O Homem que Mudou o Jogo).

Exodus: Gods and Kings estreia nos EUA em 12 de Dezembro.

 

 

Primeiros pôsteres de EXODUS: GODS AND KINGS

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 8 de julho de 2014 by Lucas Nascimento

Ridley Scott está de volta aos épicos monumentais, gênero no qual não se aventurava desde Robin Hood, em 2010. O projeto da vez é Exodus: Gods and Kings, que reconta a história bíblica do êxodo Moisés, que será interpretado por Christian Bale.

E é ele mesmo, ao lado de Joel Edgerton, quem estampa os primeiros pôsteres da produção. Confira:

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O elenco ainda conta com Sigourney Weaver, Aaron Paul, Ben Kingsley e John Torturro. Bill Collage e Adam Cooper assinam o roteiro, que foi reescrito pelo experiente Steven Zaillian (A Lista de Schindler, Hannibal e O Homem que Mudou o Jogo)

Exodus: Gods and Kings estreia nos EUA em 12 de Dezembro.

| Uma Aventura LEGO | Crítica

Posted in Animação, Aventura, Comédia, Críticas de 2014, DVD with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27 de junho de 2014 by Lucas Nascimento

4.0

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E você achando que só em 2016 veríamos um novo filme com Batman…

Quando criança, brincar com as famosas peças de LEGO era como uma experiência religiosa. Aliada à paixão de cinema, o “ritual” muitas vezes dava a origem a pequenas (e tolas, exageradas) narrativas se desenrolando sobre meus dedos, e a brincadeira já até rendeu alguns curtas em stop motion, mas enfim… Só parei agora para assistir a Uma Aventura LEGO, e me surpreendi com um dos filmes mais leves, honestos e divertidos de 2014.

A trama é ambientada em um mundo formado de peças de LEGO, onde diversas linhas do produto convivem em harmonia (linhas de corrida, faroeste, astronautas, tudo o que você via nas prateleiras), na verdade uma mera fachada para o regime ditatorial do Lord Business (voz de Will Ferrell). A situação muda quando o pacato e ordinário funcionário público Emmet (voz de Chris Pratt) encontra uma peça mítica que o transforma em uma espécie de messias e o coloca de frente com diversas figuras populares em uma missão para derrubar a tirania de Business.

LEGO é um filme muito curioso. Ao mesmo tempo é inevitável que o filme pareça uma peça publicitária para a vendedora de brinquedos: desde imagens das próprias caixas dos blocos de montar até a suposição de que as vendas do produto devem ter aumentado estratosfericamente após o lançamento do filme. Mas aí, nos deparamos com uma trama em que o antagonista é justamente um sujeito que, não por coincidência, atende pelo nome de “Negócio” e representa basicamente a ideologia megalomaníaca de poderosas empresas capitalistas. Ah, sim e eu estou falando sobre um filme onde bonequinhos de montar andam e falam…

Metalinguagem é um dos grandes pontos da produção, o que é curioso já que o filme anterior dos diretores Phil Lord e Chris Miller era justamente sobre isso – no caso, a brilhante comédia policial Anjos da Lei. Responsável também pelo roteiro, a dupla nitidamente se diverte ao bolar as piadas e referências mais inusitadas possíveis, desde a narração clichê do personagem de Morgan Freeman até as sensacionais participações especiais. Colocar Batman (dublado no original por Will Arnett em sua melhor imitação de Christian Bale) como um sidekick do protagonista é uma sábia decisão, dada a força de presença do personagem e a oportunidade de ver situações que raramente encontraríamos em um filme de franquia, por exemplo. Não vou entrar em detalhes para preservar o fator surpresa de alguns “convidados”, mas é demais a sutil piada que Lord e Miller fazem com o Lanterna Verde (dublado por Jonah Hill), em um claro puxão de orelha ao fiasco produzido pela Warner em 2011.

Nesse turbilhão de referências pop, é como se os personagens tivessem a consciência de que fazem parte de um mundo de brinquedo. A animação que remete diretamente à técnica de stop-motion quase faz parecer que estamos diante de algum ser humano brincando com suas pecinhas, e ganha ainda mais força quando o roteiro nos revela o que é esse universo. É uma das revelações mais interessantes e surpreendentemente belas da produção, que consegue encontrar uma interessante mensagem em meio ao caos e anarquia de suas cenas de ação e múltiplas locações.

Seja lá adulto ou criança, Uma Aventura LEGO é incrível.

EVERYTHING IS AWESOME!!!!!!!!!!!!!!

Leonardo DiCaprio pode viver Steve Jobs no cinema

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , , on 21 de abril de 2014 by Lucas Nascimento

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Depois da saída de David Fincher do projeto de Steve Jobs bancado pela Sony Pictures (detentora dos direitos autorais da biografia não autorizada de Jobs), o estúdio já vai à procura de novos grandes nomes. Se Fincher apostava em Christian Bale para o papel principal, o novo candidato Danny Boyle (de 127 Horas, Quem quer ser um Milionário? e Trainspotting) traz uma opção ainda mais radical: Leonardo DiCaprio – com quem trabalhou em A Praia.

Percebe-se que a Sony aposta grande no projeto, que traz roteiro de Aaron Sorkin (oscarizado por A Rede Social e também responsável por O Homem que Mudou o Jogo e a série The Newsroom). O filme será composto por três atos de 30 minutos cada, e em tempo real – o que difere bastante da estrutura tradicional do filme estrelado por Ashton Kutcher.

Mais um biopic para DiCaprio? Oscar? Veremos.

Christian Bale pode interpretar Steve Jobs em filme de David Fincher

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 20 de março de 2014 by Lucas Nascimento

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A cinebiografia de Steve Jobs que a Sony Pictures prepara com o roteirista Aaron Sorkin tem novos rumores. O diretor David Fincher (que entregou A Rede Social e Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres para o estúdio) teria conversado com a chefe do estúdio, Amy Pascal, e exigindo que Christian Bale interpretasse o fundador da Apple.

Quem soltou a informação foi o The Wrap, mas nada oficial foi divulgado por parte da Sony ainda. Bale seria o terceiro ator a interpretar Jobs, juntando-se a Noah Wyle, do telefilme Piratas do Vale do Silício, e Ashton Kutcher, do indie Jobs. Impossível vencer Kutcher no quesito de semelhança física, mas Bale certamente entregaria uma baita atuação – e mais transformações físicas memoráveis.

A ideia é muito interessante, torço para que Fincher embarque no projeto.

Fincher lança Garota Exemplar em Outubro e Bale termina Êxodo, de Ridley Scott, para um lançamento em 30 de Dezembro.

Os Mestres do Oscar 2014 | Volume I: Atuações

Posted in Especiais with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 24 de fevereiro de 2014 by Lucas Nascimento

Oscar

Foi no ano passado que batizei o respectivo especial do Oscar de “incógnito”, mas estava errado. Ainda que a edição de 2013 contasse com suas surpresas, a deste ano é verdadeiramente incógnita: tivemos empates inéditos em prêmios da temporada, divergências em círculos de críticos e candidatos tão bons (ou será que não?) que diversas obras excepcionais acabaram ficando de fora. É um Oscar para grandes nomes, mestres. Vamos começar, como sempre, pelo bloco de atuações:

OBSERVAÇÕES:

  • Clique nos nomes de cada profissional para conferir seu histórico de indicações ao Oscar
  • Abaixo de cada perfil estão os prêmios que cada ator/atriz já garantiu na respectiva categoria

ator

Christian Bale | Trapaça

bale

Papel: Irving Rosenfeld

Famoso por sua pesada imersão física em seus papéis, Christian Bale engordou quase 20 quilos para entrar na pele do golpista Irving Rosenfeld, o personagem central de Trapaça. O personagem tem grande presença em cena graças à sua caracterização visual marcante (cabelo, óculos e ternos setentistas), e Bale acerta ao manter Irving sempre com um tom de voz baixo e cansado – provavelmente resultado de anos de serviços sujos e seus problemas do coração. Uma ótima performance, mas nada que justifique a indicação ao Oscar do ator; que só aconteceu para que Trapaça repetisse o feito de O Lado Bom da Vida em abocanhar indicações nas 4 categorias de atuação.

Bruce Dern | Nebraska

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Papel: Woody Grant

O veterano Bruce Dern conquista aqui só sua segunda indicação ao Oscar, e a primeira como protagonista, na pele do tragicômico protagonista de Nebraska. Woody Grant está à beira da senilidade e carrega nas costas uma vida infeliz, problemas com bebida e relações não muito harmoniosas com sua família. Diversas características pesadas que Dern absorve com naturalidade, dando vida a um sujeito palpável e real, especialmente quando aposta em um andar manco para demonstrar a velhice de Woody ou expressões confusas e ingênuas na maior parte do tempo. Incrível como Bruce Dern chega e dá uma performance dessa, depois de muito tempo sem estampar nos holofotes.

  • Festival de Cannes – Melhor Ator

Leonardo DiCaprio | O Lobo de Wall Street

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Papel: Jordan Belfort

Com forte resistência da Academia há um bom tempo, Leonardo DiCaprio (enfim) retorna à premiação; 7 anos após sua indicação por Diamante de Sangue. Em sua 5ª (e melhor) colaboração com Martin Scorsese, o ator entrega uma performance insanamente carismática e expressiva na pele do magnata corrupto de Wall Street, Jordan Belfort. Seja nas cenas em que dialoga simpaticamente com a câmera, ou quando retrata o vício em drogas de Belfort (rendendo uma sequência incrível que revela um até então desconhecido talento para “comédia” física) intensamente, DiCaprio jamais sai do personagem – absorvendo cada uma de suas camadas inteiramente. Está entre um dos melhores trabalhos de sua carreira.

  • Globo de Ouro – Musical ou Comédia
  • Critics Choice Awards (Comédia)

Chiwetel Ejiofor | 12 Anos de Escravidão

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Papel: Solomon Northup

Já tendo aparecido aqui e ali em pequenas e grandes produções (como Filhos da Esperança e 2012), Chiwetel Ejifor explode em cena na pele do protagonista de 12 Anos de Escravidão. Sendo um homem livre injustamente sequestrado e escravizado, Solomon Northup é uma figura ímpar nesse sombrio cenário: é determinado, forte e não hesita em questionar as ordens irracionais de seus ferozes capatazes. Ejifor passa todas essas características em cena, chamando a atenção por sua eloquência vocal correta (diferenciando-o dos outros escravos) e sua expressiva luta contra o desespero.

  • BAFTA

Matthew McConaughey | Clube de Compras Dallas

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Papel: Ron Woodroof

Com uma impressionante virada em sua carreira marcada por comédias românticas fracas e aventuras de gosto duvidoso, Matthew McConaughey traçou uma série de boas performances em filmes eficientes, culminando em seu notável desempenho – agora favorito ao prêmio da categoria – em Clube de Compras Dallas. Na pele do texano com AIDS que passa a transportar medicamentos ilegais para os EUA na década de 80, o ator segura o filme todo e impressiona com sua dedicação, carisma e assombrosa perda de peso. É interessante observar as relações com outros personagens, especialmente com o transexual de Jared Leto: Woodroof é homofóbico e machista, sendo divertido ver como o sujeito tem seus conceitos transformados – mas não suas atitudes. Agora é oficial: Matthew McConaughey é um nome pra se levar a sério.

  • SAG
  • Globo de Ouro – Drama
  • Critics Choice Awards

APOSTA: Matthew McConaughey

QUEM PODE VIRAR O JOGO: Leonardo DiCaprio

MEU VOTO: Leonardo DiCaprio

FICOU DE FORA: Tom Hanks | Capitão Phillips

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Papel: Capitão Richard Phillips

A ausência de Tom Hanks surge como uma das grande surpresas deste Oscar. Presente em praticamente TODOS os prêmios pré-Oscar, o excepcional trabalho do ator foi deixado de lado aqui. O que impressiona em sua performance na pele do capitão Richard Phillips é o controle e calma que o ator tenta manter em meio às situações mais extremas; dialogando com seus captores, tentando até criar humor. Mas é mesmo quando Phillips é tomado pelo desespero (e o consequente choque, especialmente na cena final) que toda a construção de Hanks é destruída, fazendo com que seu trabalho cause mais impacto. Um dos grandes atores em atividade, bom saber que ainda está por aí.

atriz

Amy Adams | Trapaça

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Papel: Sydney Prosser

Sempre reconhecida como coadjuvante em ótimos papéis, Amy Adams consegue sua primeira indicação como protagonista na pele da golpista Sydney Prosser, amante do personagem de Christian Bale. E assim como seu companheiro de cena, não acho que o trabalho de Adams seja digno de premiações ainda que consiga maior destaque do que Bale. A atriz surge divertida e absolutamente sedutora em cena, agradando por seu sotaque britânico falso e a ambiguidade que sua personagem carrega ao longo da produção. Mas, convenhamos: uma atuação nível Oscar? Eu pelo menos não vi nada demais, Adams funciona melhor como parte de um todo do que individualmente (assim como todo o elenco de Trapaça).

  • Globo de Ouro – Musical ou Comédia

Cate Blanchett | Blue Jasmine

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Papel: Jasmine

Cate Blanchett é uma excelente atriz, certamente uma das mais talentosas da safra atual. E foi só pegar um papel bom e multifacetado em uma produção igualmente eficiente, que o resultado já desponta como uma das grandes certezas da cerimônia: a vitória da atriz por Blue Jasmine. Na pele da irremediável Jasmine de Woody Allen, Blanchett constrói uma performance centrada na autodestruição de sua personagem – com direito a crises nervosas, ataques de nervos e até um triste (não cômico, felizmente) distúrbio no qual fala consigo mesma. A vitória de Blanchett aqui é uma das certezas da noite, e muito merecida: talvez seja a melhor performance de sua excepcional carreira.

  • SAG
  • BAFTA
  • Critics Choice Awards
  • Globo de Ouro – Drama

Sandra Bullock | Gravidade

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Papel: Dra. Ryan Stone

Depois do inesperado primeiro Oscar (que muitos ainda apontam como uma vitória duvidosa), Sandra Bullock entrega um trabalho que mostra que Um Sonho Possível não foi acidente. Nas mãos do cineasta Alfonso Cuarón, a atriz precisou usar bastante sua imaginação e mente para lidar com todos os green screens e câmaras escuras com os quais contracenou em Gravidade. O resultado é uma esforçada e dedicada performance, que é responsável por segurar toda a projeção, e Bullock jamais decepciona. Destaque para a sensível cena em que a personagem tem um depressivo momento de reflexão.

Judi Dench | Philomena

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Papel: Philomena Lee

Completando 80 anos de idade em 2014, a inglesa Judi Dench entrega uma performance absolutamente adorável como a protagonista de Philomena, uma mãe que busca seu filho perdido há 50 anos. Como a personagem-título é irlandesa, Dench fornece um sotaque acertado e que jamais soa estereotipado, abraçando também sua personalidade carinhosa e ingênua; seja ao iniciar conversas com praticamente todos os funcionários de um hotel ou surgir alegremente espantada ao descobrir as mordomias de um avião. A atriz também balanceia esse lado divertido com a áurea dramática de Philomena, e a mistura funciona maravilhosamente bem em cena – Dench certamente fará cada um lembrar de uma avó, tia ou parente.

Meryl Streep | Álbum de Família

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Papel: Violet Weston

Já virou chavão elogiar Meryl Streep e dizer que ela é uma das melhores (ou melhor?) atriz em atividade. Mas cara***o, é de se impressionar com a performance ácida, irreverente e complicada de Streep em Álbum de Família. Violet Weston é a mãe da disfuncional família que povoa a narrativa, e é responsável por entregar os comentários mais irônicos, ofensivos e até divertidos quando provoca discussões com suas filhas. Streep é eficiente ao transformar Violet em uma megera, mas é igualmente bem-sucedida ao apresentar o lado trágico de sua personagem; assim como a doença – e o vício – que a prejudicam. Um de seus melhores trabalhos, facilmente.

APOSTA: Cate Blanchett

QUEM PODE VIRAR O JOGO: Amy Adams, go figure.

MEU VOTO: Cate Blanchett

FICOU DE FORA: Adele Exarchopoulos | Azul é a Cor Mais Quente

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Papel: Adèle

Estreando como atriz aos 19 anos no francês Azul é a Cor Mais Quente, Adèle Exarchopoulos fornece uma performance arrebatadora no filme de Abdellatif Kechiche (que ficou de fora da premiação graças ao ministério da cultura francês). Não só merece créditos pelas desafiadoras cenas de sexo, mas por representar a protagonista sempre de forma espontânea, natural e convicente – como se não víssemos uma atriz interpretando um papel ali, mas sim um ser humano real e palpável.

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Barkhad Abdi | Capitão Phillips

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Papel: Muse

Revelação que chamou atenção universal na pele do antagonista principal de Capitão Phillips, o ator somálio Barkhad Abdi estreia como ator e já garante sua primeira indicação ao Oscar. Nada mal, e Abdi justifica sua presença aqui, já que consegue criar com seu Muse uma figura de presença ameaçadora (seu porte físico influencia bastante nesse quesito), mas também nada que se aproxime de uma caricatura maniqueísta. Ainda que surja forte e assustador enquanto ameaça Tom Hanks, o ator aqui e ali dá indícios de uma simpatia forjada (ao apelidar Phillips de “Irlandês” de forma quase amigável) e também de sua humanidade à medida em que o cerco vai se fechando a sua volta.

  • BAFTA

Bradley Cooper | Trapaça

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Papel: Richie DiMasio

Dentre todos os indicados ao Oscar de Trapaça, Bradley Cooper foi o que me levantou mais suspeitas quanto à competência de sua performance. Talvez justamente por isso ele tenha sido o melhor intérprete da produção a meu ver, incorporando um esquentado agente do FBI que mora com a mãe e usa bobes no cabelo. Cooper diverte ao constantemente retratar seu personagem bufando de raiva e um certo prazer em conhecer o outro lado da lei, conforme sua relação com Sydney se intensifica. Em um momento menor, mas inspirado, o ator tem a oportunidade de exibir sua melhor característica: mudanças bruscas de humor, aqui, quando imita as reações de um colega de trabalho (triste, rindo, triste, rindo, em rápidas mudanças). Surpreendeu.

Michael Fassbender | 12 Anos de Escravidão

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Papel: Edwin Epps

Finalmente Michael Fassbender recebe o devido reconhecimento! Em sua terceira parceria com o diretor Steve McQueen, o ator encarna um cruel e inescrupuloso fazendeiro, responsável por algumas das maiores dores de cabeça do protagonista. Não é apenas a fúria quase que possessa de Epps que assombra, mas sim os momentos em que Fassbender leva seu tempo para apresentar alguma reação (o que por si só o torna mais ameaçador), prendendo outros personagens com um olhar frio e direto. É de se cativar também a estranha obsessão que Epps cultiva pela escrava Patsey, que se mistura com uma forma de paixão e dominância.

Jonah Hill | O Lobo de Wall Street

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Papel: Donnie Azoff

Uma das grandes surpresas (positivas) entre os indicados, Jonah Hill fatura sua segunda indicação ao Oscar com o perturbado Donnie Azoff, braço direito de Jordan Belfort em O Lobo de Wall Street. Ao contrário de sua indicação anterior em O Homem que Mudou o Jogo, – onde dava vida a um personagem tímido e inseguro – Hill abraça o obsceno e o exagerado, acertando na dose do sotaque de Long Island e nos trajetos do sujeito – especialmente em seus muitos atos repreendíveis. Vale apontar também sua química com Leonardo DiCaprio, que surge no 220 na já mencionada sequência da infame droga de paralisia. Jonah Hill, também saído das comédias pesadas, promete um futuro brilhante pela frente.

Jared Leto | Clube de Compras Dallas

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Papel: Rayon

Favorito absoluto da categoria, o vocalista do 30 Seconds from Mars, Jared Leto, dá um tempo com a música e volta para mais uma transformação física na atuação. Tendo engordado aproximadamente 30quilos para Chapter 27, Leto agora perde 14 para se transformar em Rayon, transexual que é uma das figuras mais energéticas e fortes de Clube de Compras Dallas. O filme é todo de McConaughey, mas Leto implacavelmente incendia a tela como o carismático parceiro de negócios do protagonista. Leto surge como um bem-vindo alívio cômico, mas à medida em que conhecemos sua história, transforma-se em uma das figuras mais trágicas da produção – algo que o ator realiza muitíssimo bem.

  • SAG
  • Globo de Ouro
  • Critics Choice Awards

APOSTA: Jared Leto

QUEM PODE VIRAR O JOGO: Ninguém segura Leto

MEU VOTO: Michael Fassbender

FICOU DE FORA: Daniel Bruhl | Rush: No Limite da Emoção

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Papel: Niki Lauda

Ah, Rush. Confesso que não esperava muita presença do filme de Ron Howard na premiação (o que é uma pena, já que o filme merecia), mas a ausência de Daniel Brühl assusta, já que o ator alemão esteve presente em praticamente todos os prêmios de críticos. O trabalho de Brühl já merece aplausos pelo simples fato de não se limitar a uma caricatura de Niki Lauda, e sim um personagem forte, crível e que consegue capturar (sem soar uma imitação forçada) a presença do real corredor da Fórmula 1. O ator domina o sotaque pesado, as próteses no rosto e toda a racionalidade (que flerta com a arrogância) que o papel requer.

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Sally Hawkins | Blue Jasmine

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Papel: Ginger

Na pele da irmã adotiva da Jasmine de Cate Blanchett, a sorridente Sally Hawkins é o oposto da protagonista. De origens mais humildes e menos bem-sucedidas do que a irmã, Ginger revela-se muito mais otimista e resistente do que a problemática Jasmine, traço que Hawkins exibe com eficiência durante toda a projeção. E mesmo diante suas esperançoso comportamento, a atriz acerta também ao trazer a personagem com diversas preocupações e medos a respeito de sua família, assumindo aquela que – certamente – é a personagem cuja bússola moral aponta para o norte.

Jennifer Lawrence | Trapaça

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Papel: Rosalyn Rosenfeld

Aos 23 anos de idade, a queridinha Jennifer Lawrence se torna a pessoa mais jovem da História a colecionar 3 indicações ao Oscar. E é irônico que Lawrence obtenha tal feito ao interpretar uma mulher mais velha, incorporando com sucesso o estereótipo da “dona-de-casa” mas adicionando seu habitual carisma no processo. Lawrence incendia a cena quando aparece (algo que não é tão frequente, infelizmente) e é responsável por alguns dos momentos mais divertidos (sua performance em “Live and Let Die” já justifica sua indicação, além de mostrar como a atriz se diverte em cena) e também impressiona pela humanidade de sua trambiqueira Rosalyn. Nem de longe se equipara à sua vitória anterior (Lado Bom da Vida), mas é uma eficiente adição a seu currículo.

  • Globo de Ouro
  • BAFTA

Lupita Nyong’o | 12 Anos de Escravidão

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Papel: Patsey

De origem quênia, a atriz Lupita Nyong’o faz sua estreia no cinema com 12 Anos de Escravidão e já é favorita para levar a estatueta. Sorte de principiante? Não, já que mesmo que sua participação no longa seja curta, ela garante alguns dos momentos mais intensos com sua esforçadíssima performance na pele da escrava Patsey. A personagem de Nyong’o representa tudo aquilo que o protagonista Solomon Northup luta para evitar: a submissão, o desejo da morte como única escapatória de sua condição, característica que a atriz absorve em uma performance frágil e poderosa. Mesmo que por tão pouco tempo.

  • SAG
  • Critics Choice Awards

Julia Roberts | Álbum de Família

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Papel: Barbara Weston

Sem receber uma indicação desde 2001 (quando levou a estatueta por Erin Brokovich – Uma Mulher de Talento), Julia Roberts se sai muitíssimo bem na tarefa nada fácil de dividir cena com o monstro de talento que atende pelo nome de Meryl Streep. A atriz incorpora uma predominante postura irritada, fazendo a mais forte das irmãs Weston – sendo a única que realmente confronta as ofensas de sua mãe e batalha contra o vício em drogas da mesma. Roberts tem boa presença em cena, e mantém sua firme (e um tanto grosseira) postura até mesmo quando suas intenções são nobres.

June Squibb | Nebraska

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Papel: Kate Grant

Pode parecer heresia o que vou falar, mas June Squibb rouba Nebraska de Bruce Dern. Não me entendam mal, o veterano ator está fantástico em cena, mas a atriz responsável por interpretar sua esposa é simplesmente um arraso: o alívio cômico mais sincero da produção, Kate Grant luta sem sucesso para manter o marido e o filho na linha. É incrível como sua postura e fisionomia de “vovó simpática” em nada se assemelha à personagem, que fala o que pensa sem hesitar, é escandalosa e a única que manda todo mundo se foder na hora H. Divertidíssima.

APOSTA: Lupita Nyong’o

QUEM PODE VIRAR O JOGO: Jennifer Lawrence

MEU VOTO: June Squibb

FICOU DE FORA: Margot Robbie | O Lobo de Wall Street

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Papel: Naomi Lapaglia

Assistindo a O Lobo de Wall Street, não foi só a beleza estonteante (mesmo) da atriz Margot Robbie que me chamou atenção, mas também sua eficiente performance como a esposa de Jordan Belfort. Naomi, vulgo “A Duquesa de Bay Ridge”, se destaca entre as figuras femininas do filme (que, em suma maioria, são meros objetos de desejo do protagonista) ao exibir certa influência e até manipulação em seu marido – seja através de intensos bate-bocas ou seu irresistível poder de sedução. Sem falar no sotaque de Brooklyn que a atriz australiana dominou muito bem.

E foi isso. Gostou? Detestou? Quer minha cabeça numa lança? Comente!

E o Volume II sobre Categorias Técnicas sai amanhã mesmo! =]

| Trapaça | Dream team de David O. Russell salva a brincadeira

Posted in Cinema, Comédia, Críticas de 2014, Drama, Indicados ao Oscar with tags , , , , , , , , , , , , , on 19 de janeiro de 2014 by Lucas Nascimento

3.5

AmericanHustle
Amy Adams, Bradley Cooper, Jeremy Renner (o esquecido), Christian Bale e Jennifer Lawrence

O cinema do diretor David O. Russell vem se tornando muito popular nos últimos anos, especialmente com a aclamada trinca formada por O Vencedor, O Lado Bom da Vida e com o novo Trapaça. Reunindo o melhor dos dois mundos, Russell mesclou os elencos de seus dois últimos trabalhos a fim de conseguir um invejável dream team de atores estelares e, no fim, tudo se resume a isso: as boas performances que carregam o filme todo.

Assinado por Russell e Eric Singer (em seu segundo trabalho no cinema, após Trama Internacional), o roteiro de Trapaça alerta em seus segundos iniciais que “até que alguns dos eventos aconteceram mesmo”, nos apresentando então aos golpistas Irvin Rosenfeld (Christian Bale) e sua amante Sydney Prosser (Amy Adams). O casal segue aplicando golpes internacionais bem-sucedidos até serem interceptados pelo agente do FBI Richie DiMasio (Bradley Cooper), que os obriga a colaborar em um grande esquema envolvendo a exposição de políticos corruptos em troca de sua liberdade.

Uma premissa muito apetitosa, mas que rende um resultado um tanto quanto bipolar. Algo que, curiosamente, se justifica pela aliança dos dois roteiristas: Singer, saído do labiríntico Trama Internacional, certamente foi o responsável por preencher a trama com os conflitos internos e toda a porção envolvendo as operações/golpes exercidos pelos personagens, enquanto Russell inubitavelmente deve ter dado maiores contribuições nos confrontos pessoais (o ponto alto da narrativa) entre os mesmos. O problema é que a dupla insiste em dar voltas e voltas dentro dos esquemas planejados, apostando em narrações em voice over absolutamente descartáveis e que afastam o espectador da trama – quando deveriam fazer justamente o oposto.

Não pude deixar de perceber também a influência da escola de cinema de Martin Scorsese aqui, mas que nem de longe alcançam o feito do diretor de Os Bons Companheiros e do recente O Lobo de Wall Street (agora entendi porque classificaram Russell como “Scorsese Light” nos EUA, um título muito apropriado), falhando ao trazer pequenas digressões temporais que explicitam certos eventos de forma cômica (mas sem timing, como fica explícito na sequência que envolve o personagem de Cooper agredindo um superior) ou nas já mencionadas narrações em off.

As 2 horas de projeção se arrastam, e devemos agradecer à excelente trilha sonora incidental e o entrosamento do elenco pelo resultado decente.

Até Russell saliva com o talento reunido, já que seus planos surgem predominantemente fechados a fim de se concentrar nos atores (sem muitas tomadas abertas, de cenários, etc) e com movimentos de câmera que circulem entre estes à vontade. A surpresa aqui fica por conta de Bradley Cooper (especialmente após sua indicação-surpresa ao Oscar deste ano), que surge muito carismático como o explosivo agente do FBI, provavelmente meu preferido do elenco. Amy Adams está completamente deslumbrante com o decote mais hipnótico da década e um acertado sotaque britânico, enquanto Christian Bale oferece uma caracterização forte e relaxada (reparem em seu tom de voz baixo). Já a queridinha Jennifer Lawrence toma para si todas as (poucas) cenas em que aparece, divertindo na pele de uma dona-de-casa carregada de sotaque de Nova Jersey. E não me esqueço de Jeremy Renner, que agrada como o político bem apessoado Carmine Polito. Todos dignos de reconhecimento.

No fundo, Trapaça surge mais como uma boa oportunidade de reunir um grande elenco do que uma experiência narrativa concreta, falhando na agridoce elaboração de seu roteiro. Aqui e ali David O. Russell tenta brincar de Scorsese, mas seu grande mérito reside na liberdade que fornece a seu espetacular dream team.

Obs: Um ator MUITO famoso tem uma participação divertida (e digna de sua carreira) em meados da projeção.

Obs II: Esta crítica foi escrita após a pré-estreia do filme em São Paulo, em 18 de Janeiro.