Arquivo para romance

| Dois Lados do Amor | Crítica

Posted in Cinema, Críticas de 2015, Drama, Romance with tags , , , , , , , , , , , on 13 de março de 2015 by Lucas Nascimento

2.5

TheDisappearanceofEleanorRigby
James McAvoy e Jessica Chastain

A ideia para este Dois Lados do Amor é sensacional. O diretor e roteirista estreante Ned Benson já chega mirando alto ao produzir dois longa-metragens sobre um casal, concentrando cada um no ponto de vista de determinado persoagem, e um terceiro que compile ambas as narrativas. Uma pena ver uma iniciativa tão estimulante render uma obra esquecível e ordinária.

A trama acompanha Eleanor Rigby (Jessica Chastain) e seu marido Conor (James McAvoy), que têm uma crise na relação após a morte repentina de seu primeiro filho. Eleanor acaba fugindo para a casa dos pais e tenta recomeçar ao se matricular numa faculdade comunitária, enquanto Conor luta para manter seu bar local funcionando.

Para fazer esta crítica, optei por mergulhar na “experiência” de Eleanor Rigby (incluindo ouvir a música dos Beatles, mas não ajudou muito) e assistir aos três filmes de Benson: “Him”, “Her” e “Them”. Logo percebi que não foi uma decisão tão sábia, já que comecei com a versão em cartaz nos cinemas – que compila as duas histórias – e logo parti para as versões individuais, e foi como assistir a um corte estendido do longa, mas dividido. São as mesmas cenas, os mesmos diálogos, com exceção de um único evento que ocorre de forma bem diferente em cada versão (e o fato de vermos interpretação X no corte “Them” revela qual deles fala a verdade…) e a conclusão geral da história, que se expande em “Her”.

Dito isso, o único atrativo dos cortes individuais é ver como Benson dirige algumas cenas de forma diferente, mudando a perspectiva de acordo com o personagem. O diretor de fotografia Christopher Blauvelt também tem trabalho, já que a temperatura da cor de cada narrativa também muda, com Rigby assumindo uma paleta mais quente e Conor, uma fria; não faz tanto sentido, além do ponto de vista estético, já que ambas as histórias são melancólicas e depressivas à sua maneira, mas pelo menos ajuda a diferenciar uma da outra…

Mas Benson erra naquilo que deveria sustentar todo esse trabalho mirabolante, que é justamente ter uma história forte que justifique a existência de três filmes. Em suma, Dois Lados do Amor é excessivamente melancólico, parado e sem personagens interessantes que nos façam querer passar mais de 3 horas ao seu lado. Rigby e Conor são minimamente interessantes graças às ótimas performances de Jessica Chastain e James McAvoy, que também convencem como um casal em crise. O único momento que se sobressai é o monólogo em que o pai de Rigby (William Hurt, muito bem numa performance contida) revela um episódio sombrio de seu passado.

Dois Lados do Amor tem uma proposta empolgante, mas que infelizmente é destruída por um roteiro mediano e sem graça, carregado apenas pelas ótimas atuações de seu elenco e uma direção esperta. Triste ver a ousada execução prejudicada pelo elemento mais básico.

Conheça THE DISAPPEARANCE OF ELEANOR RIGBY

Posted in Trailers with tags , , , , , , , , , , on 27 de junho de 2014 by Lucas Nascimento

the-disappearance-of-eleanor-rigby-jessica-chastain-james-mcavoy1

Acaba de sair o trailer de um dos lançamentos mais promissores de 2014. The Disappearance of Eleanor Rigby conta uma história de romance entre James McAvoy e Jessica Chastain, mas o diferencial é que a trama do diretor Ned Benson rendeu três filmes: um sob o ponto de vista do homem, outro da mulher e um de ambos.

É certamente um experimento fascinante, e o trailer divulgado (ovacionado por críticas do Festival de Toronto) só aumenta a curiosidade. Confira:

The Disappearance of Eleanor Rigby estreia nos EUA em 26 de Setembro.

| A Culpa é das Estrelas | Crítica

Posted in Cinema, Críticas de 2014, Drama, Romance with tags , , , , , , , , , , , , , , on 4 de junho de 2014 by Lucas Nascimento

3.0

TheFaultinOurStars
Love is the drug: Ansel Egort e Shailene Woodley

Ao escrever sobre a comédia 50% em 2012, me surpreendi pela capacidade deste em oferecer uma abordagem original e bem-humorada para um tema tão delicado: o câncer. Foi inevitável para mim traçar o paralelo entre o filme dirigido por Jonathan Levine e A Culpa é das Estrelas, adaptação cinematográfica do best seller milionário de John Green, que também aposta em uma visão alternativa para a doença terminal mais letal do planeta; mas se rende ao óbvio show de lágrimas exageradas.

A trama é adaptada por Scott Neustadter e Michael H. Weber (responsáveis pelos ótimos (500) Dias com Ela e The Spectacular Now), e se concentra na jovem Hazel Grace (Shailene Woodley), diagnosticada aos 13 anos com um tumor letal em seu pulmão. Em uma das reuniões de um grupo de apoio a doenças terminais, Hazel conhece o galanteador Augustus Waters (Ansel Egort), jovem que teve uma de suas pernas amputadas para vencer o câncer, e logo inicia um arriscado romance com este.

“Gus, eu sou uma granada”, alerta Hazel Grace em determinado momento da história. É um lembrete de que, em meio às fofuras açucaradas experienciadas pelos protagonistas durante boa parte da trama, existe um perigo real em A Culpa é das Estrelas. É certamente o aspecto mais chamativo da história (tanto aqui quanto no livro de Green, que li e gostei), traduzido com habilidade pelo roteiro acertado de Neustadter e Weber: os fãs não têm o que reclamar, todos os eventos centrais são transpostos fielmente, linhas de diálogos foram praticamente duplicadas e o espírito/humor de seus personagens está no lugar.

Todas as metáforas funcionam muitíssimo bem (como o cigarro de Gus e o livro fictício lido por Hazel), sendo um bônus contar com a talentosa Shailene Woodley para dar vida a uma personagem feminina forte e determinada e também com Ansel Egort, que se mostra mais do que um mero rosto bonitinho ao fazer de seu Augustus um jovem otimista e divertido. Vale mencionar também a presença de Willem DaFoe, que consegue fazer do autor fictício Peter Van Houten uma figura complexa e multifacetada, agradando pela surpresa de sua revelação (e a designer de produção Molly Hughes é inteligente ao deixar inúmeras cartas de fãs espalhadas pelo chão da casa do autor).

É ao diretor novato Josh Boone (cujo único projeto anterior fora Ligados pelo Amor) que devo apontar os dedos. Mesmo com bom material em mãos, Boone mostra-se determinado a arrancar lágrimas do público das formas mais brutais possíveis: da mesma forma como um jump scare surge como recurso barato no terror, o uso de trilha sonora forçada (no caso, mais canções teen com gemidos angelicais) e a palhaçada que Boone e seu diretor de fotografia pouco imaginativo fazem com os desfoques das lentes nas cenas mais pesadas (o tempo todo!) são alguns fatores que transformam A Culpa é das Estrelas em uma obra mais melodramática do que o necessário – falta um pouco de sutileza, menos exagero. E entendo que a direção do filme vise se concentrar no elenco (o que justifica a razão de aspecto de 1:85:1, sem as “barrinhas” na tela), mas é visualmente tão pobre que soa mais como uma transcrição do livro do que como cinema em si – ainda que aqui e ali Boone consiga agradar com planos bonitos, como aquele em que sua câmera revela a perna amputada de Augustus em meio às de Hazel.

No fim, A Culpa é das Estrelas agrada por seu senso de humor inteligente e o elenco, mas peca quando seu diretor opta por transformar a experiência em uma orquestra sinfônica de lágrimas e fungadas de nariz, um caminho óbvio e que deixa a desejar diante de seu lado mais humorístico. Bom, mas poderia ser muito mais.

Primeiro pôster de GAROTA EXEMPLAR

Posted in Notícias with tags , , , , , , , , , , , , on 14 de abril de 2014 by Lucas Nascimento

O novo filme de David Fincher, adaptação do romance Garota Exemplar de Gillian Flynn, acaba de ganhar seu primeiro teaser pôster. A arte é provocativa e minimalista, trazendo elementos de matéria jornalística e a frase “Você não sabe o que tem até que…”, brincadeira com o título original (Gone Girl). Confira:

first-gone-girl-poster-gets-moody-160939-a-1397492137-470-75

Fiquem ligados, o primeiro trailer deve sair ainda hoje!

A trama segue o misterioso desaparecimento de Amy Dunne (Rosamund Pike) em seu aniversário de casamento. Tendo passado por um período tenso na relação, as suspeitas logo recaem sobre o marido, Nick (Ben Affleck), que parte para provar sua inocência e descobrir o que realmente aconteceu. Neil Patrick Harris e Tyler Perry completam o elenco. A própria Gyllian assume o roteiro, e a trilha sonora marca o retorno de Trent Reznor e Atticus Ross em colaborações com Fincher.

Garota Exemplar estreia em 2 de Outubro no Brasil.

| A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 | Enfim, o fim

Posted in Aventura, Cinema, Críticas de 2012, Romance with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on 16 de novembro de 2012 by Lucas Nascimento


Como é bom ser vampira: Bella e Edward escondem a filha Renesmee

Depois de quatro filmes medianos (e alguns deles horrorosos), a Saga Crepúsculo enfim chega ao fim, naquele que é seu melhor capítulo. Ainda que não seja um grande filme, Amanhecer – Parte 2 revela um certo amadurecimento em relação a seus anteriores, ainda que continue errando nos mesmos pontos e traga um senso de desapontamento enorme próximo de seu encerramento.

A trama continua logo após os eventos da Parte 1, com Bella Swan (Kristen Stewart) descobrindo suas habilidades de vampira, após ter sido transformada por seu amado Edward (Robert Pattinson). Aliada a essa nova vida, ainda cabe aos Cullen a responsabilidade de proteger a filha do casal, Renesmee, dos maldosos Volturi – que acreditam que a existência da jovem é uma ameaça a ser destruída.

Dirigido por Bill Condon (que assumiu também o longa anterior), Amanhecer – Parte 2 mostra-se diferente já em seus segundos iniciais, quando – ao trazer imagens de flores desabrochando e neve derretendo aceleradamente – aposta em um elemento que dominará toda a narrativa: velocidade. Enquanto os demais filmes da franquia sofriam por uma significativa ausência de trama (apostando esmagadora parte do tempo nas intermináveis e maçantes intrigas do casal principal) este traz uma história que realmente interessa ao espectador e a conta sem perder tempo, indo diretamente ao ponto e isto é fruto da transformação vampiresca da protagonista – que permite, também, que Stewart entregue uma performance mais expressiva.

Não que sua narrativa seja orquestrada com maestria, principalmente porque os diálogos que a roteirista Melissa Rosenberg cria (ou extrai da obra original, corrijam-me se estiver errado) continuem com a habitual precariedade (“Sabe, eu me lembro de como tirar a roupa”). Rosenberg também introduz uma série de novos personagens presentes no livro de Stephenie Meyer, mas que mais parecem ter saído de um gibi da Marvel. Já foi polêmica a decisão da autora em atribuir a seus vampiros um brilho de purpurina (por essa exótica característica, não é de se espantar que muitos internautas os denominem como “fadas”), mas vê-los projetando escudos protetores e controlando elementos da natureza é uma descaracterização monstruosa.

Por outro lado, esses novos personagens trazem algumas adições interessantes ao elenco, como por exemplo o ótimo Lee Pace (cujo Garreth teria potencial para iniciar uma franquia para si próprio). Mas se têm intérpretes carismáticos, o mesmo não pode ser dito sobre as visões estereotipadas de Meyer sobre culturas estrangeiras – como fica bem claro ao vermos duas (sinistras) vampiras membros de uma tribo indígena brasileira ou as deploráveis caricaturas russas. E toda essa reunião de culturas vampirescas serve para que os Cullen enfrentem o clâ Volturi (liderado pelo divertidíssimo Michael Sheen) em uma sangrenta batalha.

E que batalha extraordinária essa. Corajosa em matar personagens importantes e com um nível de violência incomum para a série (raramente vi tantas cabeças e membros sendo arrancados furiosamente), o clímax é ponto alto não apenas do filme, mas provavelmente de toda a saga. E é justamente pela qualidade de tal sequência, que a decisão tomada pelos realizadores a seguir seja tão decepcionante. Não vou entregar spoilers, mas a cena – que certamente todos reconhecerão assim que esta for exibida – é um imenso retrocesso depois da ótima batalha.

Contando também com efeitos visuais terríveis (a face digital da bebê Renesmee que o diga), A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 é uma conclusão decente para uma franquia regular, que certamente só “viverá para sempre” na memória das fãs hardcore do trabalho de Stephenie Meyer.

| Para Roma, com Amor | Woody Allen ataca de pizzaiolo

Posted in Cinema, Comédia, Críticas de 2012, Romance with tags , , , , , , , , , , , , on 29 de junho de 2012 by Lucas Nascimento


Jesse Eisenberg e Ellen Page no melhor segmento do filme

Após uma grande quantidade de filmes abientados em Nova York, Woody Allen continua instalado na Europa. Depois do magnífico Meia-Noite em Paris no ano passado (que, confesso, foi o catalisador do meu interesse no cineasta), Allen ataca a capital italiana em Para Roma, com Amor, uma divertida coleção de histórias bem-humoradas.

Apesar de nunca se cruzarem, o desenrolar acontece de forma intrincada, característica narrativa que mostra-se tanto um pró como um contra do longa. Com apenas 102 minutos de projeção, a verdade é que com tantas reviravoltas e situações, o tempo parece passar mais devagar, ainda que a montagem do filme equilibre os momentos eficientemente e crie um bom ritmo.

A melhor das quatro tramas (ou pelo menos a que mais me chamou atenção) é a que traz o bem-sucedido arquiteto John (Alec Baldwin). Em uma inteligente parábola com o fato de Roma apresentar ruínas, o personagem resolve explorar suas próprias “ruínas” ao revisitar um antigo relacionamento, onde ganha as feições de Jesse Eisenberg e dialoga constantemente com sua versão jovem. Apaixonado pela melhor amiga de sua namorada (a ótima Ellen Page, que exala narcisismo a cada segundo), Eisenberg e Baldwin geram um estudo estimulante e roubam o filme.

Há também o retorno de Woody Allen à atuação, no mais engraçado segmento da trama. Aqui, um casal viaja a Roma para conhecer o noivo de sua filha e o personagem de Allen se surpreende ao descobrir que seu sogro é um impecável cantor de ópera, mas com um detalhe: apenas no chuveiro. Além de proporcionar muitas risadas (vide a solução absurda encontrada no clímax), traz o diretor/roteirista praticamente conversando com a plateia, afirmando que “a aposentadoria é o mesmo que a morte” e como estava “à frente de seu tempo” em diálogos bem construídos e irônicos (acontece que o sujeito que promete trazê-lo de volta ao trabalho é funcionário de uma funerária).

As outras duas não se mostram tão estimulantes como as descritas acima, mas trazem conceitos interessantes. Nesse quesito, a protagonizada por Roberto Benigni é a que se encaixa melhor, ao retratar um homem comum que transforma-se em uma celebridade do dia-pra-noite, sem um motivo aparente (“Você é famoso por ser famoso). Um ótimo cenário para que o roteiro de Allen critique e satirize as ações (e pessoas) estúpidas que vão ganhando fama diariamente. Por último e menos importante, a estonteante Penelope Cruz é o que faz valer o segmento que traz um casal certinho enfrentando testes de fidelidade e impulsos.

Para Roma, com Amor é bem melhor do que eu esperava e oferece uma das atrações mais divertidas do ano. O trocadilho é horrível, mas não resistirei: é uma pizza de variados sabores (comédia, romance, crítica social, o sentimento da nostalgia), que, ao fim, nos faz querer repetir o prato.

| Titanic | O filme que apaixonou o mundo retorna em 3D

Posted in Cinema, Críticas de 2012, Drama, Romance with tags , , , , , , , , , , , , on 14 de abril de 2012 by Lucas Nascimento


Titanic Inception: Leonardo DiCaprio e Kate Winslet de ponta-cabeça

Há precisos cem anos, a humanidade presenciou uma das maiores tragédias da História com o naufrágio do Titanic, em Abril de 1912. Quinze anos atrás, James Cameron conquistou o mundo com sua dramatização épica vencedora de 11 Oscars em 1997. E aqui estamos nós com um relançamento em 3D de Titanic, e como foi bom ver pela primeira vez na tela grande esse belíssimo filme.

A trama todo mundo já conhece: rapaz pobre (Leonardo DiCaprio) e moça rica infeliz com seu casamento forçado (Kate Winslet) se apaixonam durante a estadia no Titanic, batizado como o “Navio dos Sonhos” em sua época de lançamento. Acompanhamos a história do ponto de vista da já envelhecida protagonista (Gloria Stuart), que além de compartilhar seu amor proibido, revela o pânico de seu naufrágio.

Não vou me aprofundar muito na análise do filme (afinal, não há muito o que dizer agora), mas também não serei tão superficial – já que nunca havia escrito sobre o mesmo. Primeiramente, é interessante observar a execução grandiosa de uma premissa simples e clássica (algo que o diretor repetiria alguns anos depois, com um certo Avatar), que usa de forma efetiva o infalível “conflito de classes” como obstáculo para o casal principal. É fato que Cameron não é tão bom roteirista aqui como diretor (alguns diálogos são melodramáticos demais, há diversos estereótipos forçados), mas isso sinceramente não me incomodou, já que a química entre os protagonistas é de encher os olhos, e compensa por qualquer falha do texto.

A estrutura de Titanic também é muito inteligente. Na primeira metade das três horas de duração, temos o Romance onde conhecemos o lado sensível de Cameron – marcada pela radiante fotografia de Russell Carpenter. Já na segunda metade, a Tragédia que é dominada pelo Cameron explosivo e mestre de efeitos visuais (a cena, que mistura efeitos práticos, digitais e miniaturas, é tensa e impressionante de se assistir), assim como o escurecimento das cores de Carpenter e a urgência da trilha sonora de James Horner. Uma composição perfeita.

Quanto ao 3D, basta dizer que é um ofício decente. Ao contrário da maioria dos lançamentos convertidos para o formato, Cameron e sua equipe tiveram bastante tempo para trabalhar na profundidade tridimensional do filme e a ferramenta não prejudica em nada a experiência, mesmo que não a complemente em termos narrativos.

Titanic é um dos filmes mais celebrados de todos os tempos. Tive a oportunidade de revisitar o longa pela primeira vez em uma sala de cinema (no IMAX, ainda por cima) e a aventura foi fantástica e emocionante. Mesmo que seja mais fácil alugar na locadora perto de casa, ou até mesmo retirá-lo de sua estante, o filme merece ser visto novamente no cinema.

| Meia-Noite em Paris | História da Arte por Woody Allen

Posted in Comédia, Críticas de 2011, Indicados ao Oscar, Romance with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27 de junho de 2011 by Lucas Nascimento


Fascinantes Anos 20: Owen Wilson acerta como Gil, apaixonado por Paris

O passado sempre parece mais interessante, enquanto o presente é – na visão de alguns – monótono e deprimente. Essa é uma questão muito bem abordada pelo cineasta e roteirista Woody Allen em seu novo filme, Meia Noite em Paris, que não é só um interessante estudo sobre a nostalgia do ser humano, como também um belíssimo atestado à Arte da Cidade da Luz.

Na trama, Gil é um frustrado roteirista de Hollywood que vai para Paris com sua noiva Inez. Apaixonado pela cidade da década de 20, ele experiencia uma misteriosa jornada pelo passado, onde encontra diversos artistas da época.

Confesso a vocês que não sou familiarizado com o cinema de Woody Allen (assisti apenas a Match Point e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), mas realmente gostei de Meia Noite em Paris. Com uma excelente assinatura também no roteiro (alguns dos melhores diálogos do ano estão aqui), o cineasta trata Paris com imenso carinho e paixão, apresentando belas paisagens na sequência de abertura, em uma bem-vinda forma de apresentar o cenário ao espectador e fazê-lo apaixonar-se pela cidade, da mesma forma como o protagonista Gil.

Vivido por Owen Wilson com um carisma fresco e teor cômico apropriado, Gil acredita que seria mais feliz na Paris dos anos 20, onde escritores e artistas andavam pelas ruas, cafés e festas. De casamento marcado com a irritante Inez (Rachel McAdams, agradável como de costume), a situação se complica quando ela desvia muita atenção para o historiador Paul (Michael Sheen, o impagável “homem de chuveiros”), enquanto ele sente-se inseguro quanto a qualidade do romance que escreve. A partir daí o protagonista embarca em uma surreal viagem ao passado, que além de divertida é um verdadeiro passeio cultural.

É genial como Allen retrata a época. Optando por uma fotografia mais nostálgica e brilhante, acerta na medida em que somos maravilhados com participações antológicas de celebridades da época, como o escritor Ernest Hemingway (Corey Stoll, ótimo), Gertrude Stein (Kathy Bates, na medida certa) e do excêntrico pintor surrealista Salvador Dalí, que ganha uma versão divertidíssima do excelente Adrien Brody, que só pelo diálogo dos rinocerontes merecia uma indicação ao Oscar. E, felizmente, o cineasta jamais preocupa-se em explicar a jornada surreal de Gil, podendo ser resultado de um devaneio do protagonista ou um elemento fantástico. É isso que torna a experiência onírica do personagem tão única.

Mais do que isso, é interessante a mensagem que o diretor consegue transmitir quanto ao desejo de Gil de viver no passado. Maravilhado com a surreal possibilidade de conhecer seus ídolos, ele descobre por meio de uma amante de Picasso chamada Adriana (Marion Cotillard, eficáz e belíssima) que seus habitantes não são tão satisfeitos em relação à época quanto ele. Allen sugere subjetivamente que o passado é sempre mais interessante porque não o vivemos, ao passo que o presente é simplesmente tedioso – levando a uma brilhante reviravolta envolvendo Adriana -, mas que talvez ele seja visto com outros olhos futuramente, sendo atraente para um indivíduo em um incessante efeito dominó…

Divertidíssimo e com roteiro fabuloso, Meia Noite em Paris é um belíssimo atestado à Cidade da Luz e seus artistas, também apresentando um elenco equilibrado e uma bela mensagem sobre a valorização do presente e o poder que o tempo possuí sobre a arte. Algo que certamente Woody Allen compreende bem…

| Não Me Abandone Jamais | Drama pesado e surrealista

Posted in Cinema, Críticas de 2011, Drama, Romance with tags , , , , , , , , , , , , , on 3 de abril de 2011 by Lucas Nascimento


Quem vai pedir lasanha?: Carey Mulligan, Keira Knightley e Andrew Garfield

Não me Abandone Jamais é um filme interessante, que certamente é uma adaptação difícil do complexo livro de Kazuo Ishiguro, tratando de temas complicados e éticos, em diversas. Muita coisa acontece em apenas 95 minutos de projeção, para lado positivo e para negativo.

Em uma trama sugestiva e quase surreal, os amigos Kathy, Tommy e Ruth são internos de um rígido e misterioso internato da Inglaterra, que os rotula como “especiais”. Anos se passam e, adolescentes, devem entender o propósito de suas vidas e como o internato afetou-as.

Vendo trailer e cartazes, pode parecer mais um drama romântico melodramático, mas há muito mais escondido sob essa repentina definição. Uma camada de ficção-científica surrealista – mas, adequadamente sugestiva – é presente em toda a narrativa, oferecendo um tom frio que é mais evidente, e bem-sucedido, na meia-hora inicial do filme; quando acompanhamos as crianças do internato. Bom nos enquadramentos, o diretor Mark Romanek consegue transmitir a atmosfera peculiar da escola com simples detalhes; como a pulseira eletrônica e uso do vento em determinados momentos, culminando na chocante revelação sobre o objetivo do internato.

O roteiro de Alex Garland se destaca nesse primeiro bloco, entitulado “Hailsham”, por descrever com habilidade a rotina das crianças do internato e também o medo e expectativas sobre o que os aguarda do outro lado. A relação entre os jovens protagonistas é natural e espontânea, grande trabalho dos atores mirins – com destaque para Isobel Meikle-Small, que interpreta Kathy.

Do segundo bloco para frente, o filme não apresenta a mesma força de “Hailsham”. Agora crescidos, o trio é vivido por Carey Mulligan (cada vez melhor), Keira Knightley (forçada) e Andrew Garfield (carismático ao extremo), e uma espécie de triângulo amoroso é armado, mas que simplesmente não prende o espectador como as situações sugestivas do internato. Mas o tom de isolamento é excelente: destaque para a cena da lanchonete, onde os personagens apresentam grande medo em relação ao mundo exterior.

Ganhando mais força em seu dramático e pesado clímax, Não Me Abandone Jamais é um filme difícil, com temática interessante e toques surrealistas impressionantes. Quem espera um simples romance pode surpreender-se.